Um antigo hospital que economizou US$ 250 milhões em sua reforma

Em vez de construir tudo de novo, o Hospital Infantil de Nova Orleans economizou ao reformar e expandir enquanto permanece aberto

Crédito: EYP/ Divulgação

Nate Berg 4 minutos de leitura

O Hospital Infantil de Nova Orleans (Children's Hospital New Orleans - CHNOLA) se encontrava diante de um problema: o prédio estava ficando velho demais, o que dificultava a adoção de práticas e tecnologias mais recentes em saúde. A maior unidade de serviços de saúde pediátrica do estado norte-americano de Louisiana funcionava em um prédio que havia sido construído em 1955.

Para se recuperar dessa defasagem, o hospital começou uma reformulação em 2015.  O que veio depois disso foi uma notável e complexa reforma e expansão que custou US$ 300 milhões – valor que, segundo seus engenheiros, é cerca de US$ 250 milhões mais barato do que poderia ter custado.

David Deis é o diretor de projetos do escritório de arquitetura EYP, que começou a trabalhar com o hospital em 2015. Naquela época, havia três opções sendo debatidas: construir um prédio totalmente novo, manter o existente e adicionar uma nova torre ou reformar.

A primeira opção se mostrou muito cara. A segunda, embora custasse apenas metade do preço para reconstruir tudo do zero, ainda ficava cara. Além disso, essa opção poderia despertar a desaprovação dos vizinhos e não resolveria a questão da desatualização das instalações já existentes.

Assim, o hospital decidiu por uma terceira proposta: atualizar as partes mais antigas, mas construindo algumas novas instalações para trazê-lo aos padrões modernos. Esta era a opção mais acessível, mas estava longe de ser a mais fácil de conseguir.

“Inicialmente, imaginamos que seriam 34 etapas de construção, mas acabou sendo muito mais que isso”, diz Deis.

Para economizar US$ 250 milhões, as reformas ocorreram com o hospital em funcionamento. Ou seja, a construção acontecia em cima das partes existentes do edifício e os departamentos eram estrategicamente realocados à medida que as novas instalações eram concluídas.

Crédito: EYP/ Divulgação

A obra começou em 2017, com a renovação do lobby. Isso foi em parte um movimento de construção lógica; afinal, o lobby fica no térreo. Mas também foi uma tentativa de dar aos funcionários e pacientes um vislumbre do que acabaria tomando o lugar da instalação antiga.

“Construímos o lobby como se ele fosse o coração do projeto: para animar as pessoas e para lembrá-las do real significado daquele lugar.”, diz Deis. “Elas poderiam começar a enxergar como seria a transformação. Para os pacientes e as famílias dos médicos, isso os levou a bordo para a longa jornada e a dor de viver esse processo passo a passo.”

As mais de 34 etapas de construção aconteceriam enquanto grande parte das operações diárias do CHNOLA seguiria seu fluxo regular. Novos escritórios terminariam de ser construídos em uma parte do terreno, enquanto as clínicas do outro lado seriam realocadas do antigo espaço.

Crédito: EYP/ Divulgação

Jennifer Wilkinson, a arquiteta sênior do projeto, conta que às vezes havia reuniões diárias entre os empreiteiros e a liderança do hospital sobre o que estava acontecendo e como as pessoas deveriam se orientar durante a transformação do espaço. Isso envolvia até decidir quais elevadores seriam usados ​​pela equipe de construção e quais seriam reservados para médicos e pacientes.

"Determinar como manter caminhos utilizáveis ​​​​pelo hospital e entre seus andares tornou-se realmente fundamental nessa fase", diz Wilkinson, “e essa etapa, por sua vez, acabou criando mais etapas." 

Havia o desafio adicional da localização, próximo a um dique de controle de enchentes ao longo do rio Mississippi. Aumentos sazonais no fluxo do rio às vezes ameaçavam ultrapassar o dique. Se isso acontecesse, o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA precisaria interromper a construção.

“Nesse caso, os empreiteiros não têm autorização para simplesmente cavar uma vala e colocar um tubo”, diz Deis. Os furacões também eram uma preocupação regular e são o tipo de fenômeno que chega sem sobreaviso.

Crédito: EYP/ Divulgação

A pandemia só aumentou a complexidade do projeto e o número de etapas. Quando o departamento de emergência viveu um pico de casos, a construção teve que ser reprogramada e ajustada rapidamente. O fechamento planejado de um corredor para dutos, por exemplo, teria impedido muito a resposta à pandemia do hospital.

Após cinco anos de constante construção, mudança e adaptação, a modernização foi finalmente concluída no início do ano passado. Deis diz que a turbulência e a complexidade podem ter sido um desafio para a maioria dos clientes, mas o hospital foi extraordinariamente adaptável aos desafios, especialmente durante a pandemia.

“Acho que, como eles lidam frequentemente com furacões, a preparação para emergências se tornou a especialidade do hospital. Para eles, a pandemia foi apenas mais uma emergência”, diz Wilkinson. “Trata-se de um cliente muito resiliente.”


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais