Designers se inspiram em peças vintage para coleção de aniversário da Ikea

Há quatro meses, a Ikea deu uma prévia de uma nova coleção para comemorar seu 80º aniversário. A Nytillverkad, que agora foi oficialmente lançada, chamou a atenção no mundo do design. Mas nos deixou com uma dúvida: como uma marca tão prolífica há 80 anos – com mais de 10 mil produtos em sua linha atual – escolheu quais itens mereceriam voltar ao centro das atenções? Decidimos perguntar à Ikea e ela respondeu.

É importante ressaltar que a empresa leva seus arquivos muito a sério. Em 2016, transformou sua primeira loja em Älmhult, na Suécia, no Museu Ikea, exibindo fotografias históricas, histórias de produtos, vídeos e muito mais.

Em 2020, o museu lançou um arquivo digital com 69 catálogos que datam de 1951 (quando lançou seu primeiro catálogo) até 2020 (quando foi descontinuado para priorizar o site da Ikea). Além disso, é possível escolher um ano, folhear os catálogos e acompanhar a evolução da estética da marca.

Foi exatamente aí que Karin Gustavsson entrou em ação. Como diretora da equipe global de design de produtos e líder criativa da coleção Nytillverkad, ela ficou encarregada de vasculhar os arquivos e selecionar os produtos que acreditava que se conectariam com os consumidores de hoje.

Gustavsson estava em busca de poltronas e produtos pequenos e simples, que as pessoas pudessem levar para casa e usar imediatamente. Procurava por designs que refletissem a identidade da Ikea, que se estabeleceu como uma grande marca nas décadas de 1970 e 1980, quando começou a colaborar com designers.

Além disso, queria destacar designers femininas, como Karin Mobring, que projetou o banco Domsten (agora disponível em verde claro, lilás e laranja) e Charlotte Rude, que projetou a poltrona Gogo, cuja versão será lançada em abril do ano que vem.

O maior desafio foi o fato de que algumas de suas escolhas não foram encontradas nos arquivos físicos da Ikea. “Não temos tudo em nosso arquivo, então precisamos fazer um pouco de investigação”, explica Gustavsson.

Por exemplo, ela estava determinada a relançar o abajur Havsfjäder, projetado pelo designer dinamarquês Bent Gantzel-Boysen na década de 1970. Mas não conseguia encontrá-lo em lugar nenhum, até que, por acaso, sua equipe achou uma versão amarelada em um brechó. “Nós o desmontamos; não sabíamos se era feito de vidro por dentro.”

Não era. A cúpula era de plástico levemente translúcido e vinha com um mecanismo de encaixe que permitia montá-la em cerca de 10 minutos. A equipe digitalizou em 3D o original e fez um molde personalizado que lhes permitiu fabricar o abajur. A versão reimaginada será lançada em outubro e feita parcialmente de plástico reciclado.

A coleção Nytillverkad tem uma paleta de cores ousada – tons vibrantes de laranja e verde, além de alguns tons pastéis –, que é a mudança mais óbvia em relação aos originais. Mas cada produto também passou por ajustes invisíveis.

Os braços giratórios do cabideiro em forma de cacto, projetado por Rutger Andersson em 1978, agora são fixos, proporcionando equilíbrio à peça e evitando que ela tombe. A mesa em forma de folha, originalmente projetada com folha de nogueira, agora vem com um tampo cinza sobreposto em várias cores.

A coleção completa inclui cerca de 80 produtos e é dividida em quatro partes. A primeira foi lançada no dia 1º de julho; a segunda foi anunciada na semana passada e estará disponível nas lojas e online a partir de outubro. As duas restantes estão programadas para janeiro e abril de 2024.

Segundo a Ikea, todos os produtos da coleção de aniversário estarão disponíveis por pelo menos dois anos. Se ao menos houvesse um catálogo para imortalizá-los...