Dolce & Gabbana lança seu mais novo perfume – só que este é para pets

Certificado para uso animal, frasco de 100 ml custa € 99 (cerca de R$ 600)

Créditos: Dolce & Gabbana/ Designbolts/ Freepik

Silvia Stellaci 2 minutos de leitura

A casa de moda Dolce & Gabbana lançou um novo perfume sem álcool para cães chamado Fefé, em homenagem ao poodle de Domenico Dolce. Mas nem todos os veterinários e donos de pet consideram o produto seguro ou apropriado.

O frasco de 100 ml do perfume custa € 99 (cerca de R$ 600) e foi certificado como seguro para uso em animais. Segundo a marca, o produto segue o protocolo Safe Pet Cosmetics, que garante um nível de segurança nos cosméticos para animais comparável ao exigido para humanos.

“Com o reconhecimento de conformidade a este protocolo, concedido pelo Bureau Veritas Italia, as empresas demonstram seu compromisso em criar produtos que garantam a segurança e o bem-estar dos animais, em conformidade com os padrões estabelecidos”, declarou a empresa em comunicado oficial de lançamento.

A Bureau Veritas Italia é uma empresa de capital aberto que oferece serviços de inspeção, verificação laboratorial e certificação.

De acordo com a página oficial do perfume, que cita avaliações de profissionais e clientes, todos os donos de cães consultados afirmam que a fragrância é “suave e bem aceita pelos seus pets” e os veterinários também aprovam o produto.

Contudo, nem todos concordam com o uso de perfumes em cães, pois eles podem interferir no olfato do animal e mascarar odores que poderiam indicar problemas de saúde.

“Os cães se reconhecem pelo cheiro, identificam as pessoas pelo odor”, explica Federico Coccía, veterinário com doutorado pela Universidade de Teramo, na Itália.

“Quando o cão chega, ele te vê, abana o rabo, mas primeiro te cheira e só então te reconhece, porque o seu cheiro está guardado em uma de suas ‘gavetas de memórias olfativas’. Portanto, esse mundo de cheiros não deve ser alterado”, explica.

Crédito: Dolce & Gabbana

Coccia também alerta que mascarar os odores naturais dos cães pode dificultar a identificação de doenças dermatológicas. “No caso de dermatite sebácea, por exemplo, o cheiro é fundamental para o diagnóstico.”

“O odor do hálito, da cera de ouvido, tudo isso pode ser mascarado pelo perfume, o que pode ser um problema até mesmo para nós, veterinários”, completa.

Os cães se reconhecem pelo cheiro, identificam as pessoas pelo odor.

Entre os que defendem o uso de fragrâncias para pets estão os tosadores, que cuidam dos pelos e da estética dos cães. Aliof Rilova Tano, tosador no salão La Boutique delle Birbe, em Roma, afirma que, de modo geral, é a favor do uso de perfumes em pets.

“Nossos cães vivem conosco, então é sempre agradável ter um cachorrinho perfumado ao nosso lado no sofá”, diz ele. Muitos clientes compartilham dessa opinião, como Mariarita Ricciardi, que apoia “qualquer produto que ofereça uma fragrância natural e que também melhore a qualidade do pelo”.

    Por outro lado, há donos de pets que jamais usariam perfumes em seus animais. “Especialmente perfumes de marca. Parece ser uma forma de humanização bastante exagerada”, comentou Francesca Castelli, enquanto passeava com seu cão na Villa Borghese, em Roma.


    SOBRE A AUTORA

    Silvia Stellaci é repórter da Associated Press. saiba mais