É assim um escritório desenhado pensando no trabalho remoto

O novo design de escritório da Fivetran traz uma vibe mais descontraída para sua sede

Crédito: Gensler

Nate Berg 4 minutos de leitura

Antes da pandemia, a Fivetran, uma startup de integração de dados, fazia a mesma coisa que muitas outras startups da área da baía de São Francisco (Bay Area), na Califórina, costumavam fazer para manter a competitividade no mercado de talentos da tecnologia.

Ela realizava aquilo que a empresa chama de Camp Fivetran, uma reunião anual em que os funcionários se reúnem por uma semana em destinos como Cancún ou Wyoming para integrar as equipes em momentos de lazer. Mas, na pandemia, esse tipo de evento foi um dos muitos aspectos da cultura presencial que entraram em compasso de espera.

Nesse meio-tempo, a força de trabalho da empresa aumentou sete vezes em relação ao seu tamanho pré-pandemia, chegando a mais de mil pessoas. Quase todo mundo estava trabalhando remotamente, e muitos estavam longe da sede da Fivetran na Califórnia.

No final de 2020, quando a liderança começou a pensar em um eventual retorno ao modo presencial, ficou claro que precisariam de um espaço maior. Mas ninguém ainda tinha certeza de como esse novo espaço seria. Por isso, fizeram exatamente aquilo que uma empresa focada em dados faria: entrevistaram os trabalhadores e analisaram os dados.

Crédito: Gensler/ Divulgação

“Foi o momento de reavaliar tudo, desde as premissas mais básicas: ter ou não uma sede? Se sim, como ela deveria ser?”, lembra o CEO da Fivetran, George Fraser. “Estava bem claro que não iríamos voltar a frequentar o escritório todos os dias.” Para a maioria dos funcionários, o local de trabalho físico seria raramente visitado, quase como aquela reunião anual em um destino paradisíaco. 

Trabalhando em conjunto com a empresa global de arquitetura e design Gensler, a Fivetran usou justamente essa ideia para planejar o interior da nova sede de quase oito mil metros quadrados que seria aberta no centro de Oakland, na Califórnia.

Inaugurado em junho, o espaço foi projetado para abrigar aquilo que o líder global de tecnologia/ design da Gensler, Brian Stromquist, chama de “escritório aberto” – reuniões colaborativas, eventos comunitários e visitas periódicas para trabalhadores dispersos.

Crédito: Gensler/ Divulgação

Em vez de projetar o local em função de um número cada vez menor de funcionários que fazem uso diário dele, o novo espaço está mais orientado para eventos sazonais ou outras circunstâncias que reúnam as pessoas que desejam ou precisam estar lá.

Fraser vê o investimento de US$ 8,1 milhões como uma reinvenção da maneira como a empresa trabalha. Embora a pandemia tenha sido um momento para algumas empresas cortarem a gordura, companhias bem financiadas como a Fivetran conseguiram reimaginar e investir em novas formas de trabalhar.

O LinkedIn, por exemplo, projetou sua nova sede usando uma matriz para todas as diferentes posturas que os funcionários adotariam em um primeiro escritório híbrido. Já o fundo de capital de risco Inspired Capital usou o design residencial como base para seu redesenho. A Fivetran aposta que um design flexível, adaptável a diferentes tipos de reuniões, fará mais sentido na era do trabalho híbrido.

Crédito: Gensler/ Divulgação

Essa abordagem de design colocou grande ênfase na criação de uma variedade de espaços de reunião, desde salas de conferência grandes e com muita tecnologia até áreas informais para brainstormings na frente de um quadro branco, além de áreas parecidas com lounges.

Há também escritórios e estações de trabalho individuais, bem como espaços mais tranquilos de ocupação individual semelhantes a estandes, onde a pessoa pode se isolar para ter mais foco.

Fraser diz que o design incentivou diferentes formas de trabalhar para a equipe internacional. “Eles meio que usam quase como um minicentro de conferências. É um lugar para ir quando estão cansados ​​de ficar em casa e para coisas mais voltadas a projetos, quando uma equipe inteira escolhe se reunir por alguns dias. Já vimos muito disso, mesmo com equipes internacionais.”

Stromquist diz que o time de design colocou a maior parte de sua energia nos espaços de lazer do escritório, com cantinhos com uma bela vista para a Bay Area, áreas de trabalho e de reuniões inspiradas em bibliotecas e espaços versáteis semelhantes a lounges, que podem hospedar e eventos comunitários.

Crédito: Gensler/ Divulgação

“Houve uma intencionalidade quanto ao destino do investimento em design”, diz ele. “Não apenas maximizamos o tamanho dos espaços, mas também os tornamos pop, por meio de cores e materiais. São alguns dos espaços mais vibrantes do escritório.”

E como o design se concentra tanto nas partes não cotidianas mais envolventes do trabalho, o local tende a ser um pouco mais animado do que as típicas fileiras de baias do passado.

“O lado bom disso é que garante um burburinho consistente no escritório”, diz Stromquist. Portanto, embora a maioria só vá até lá de vez em quando, ainda há atividade suficiente para provar que o escritório ainda faz parte dos negócios.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais