Estes maiôs e biquínis são feitos com redes de pesca abandonadas no mar

Nova coleção da Vitamin A ajuda a lançar luz sobre o problema da poluição plástica nos oceanos

Crédito: Vitamin A

Elizabeth Segran 3 minutos de leitura

Quando pescadores se aventuram no mar, muitas vezes retornam sem suas redes de pesca. Em alguns casos, pedaços delas se perdem. Em outros, eles decidem abandoná-las porque estão muito danificadas para qualquer tipo de reparo.

Seja qual for o caso, essas redes feitas de plástico representam uma ameaça à vida marinha – frequentemente tartarugas, focas, golfinhos e até aves ficam presas nelas. O Fundo Mundial para a Natureza observa que centenas de animais podem ser capturados em uma única rede, ameaçando até os recifes de coral ao bloquear a luz do Sol.

Pesquisadores afirmam que quase metade da Grande Mancha de Lixo do Pacífico é composta por redes de pesca. E, como o plástico não se decompõe, com o tempo ele se fragmenta em pequenas partículas que acabam na cadeia alimentar, envenenando animais e seres humanos.

Diante desta dura realidade, algumas empresas estão buscando recolher redes de pesca abandonadas e transformá-las em novos materiais. A marca de moda praia Vitamin A é uma delas. A empresa está lançando uma nova coleção feita a partir de redes recicladas. O objetivo é lançar luz sobre o problema e ajudar a expandir o mercado para esse material reciclado.

Crédito: Reinhard Dirscherl/ ullstein bild/ Getty Images

Amahlia Stevens fundou a Vitamin A em 2000 com o objetivo de criar roupas de banho a partir de tecidos à base de plantas ou reciclados. No ano passado, a empresa foi adquirida pela Swim USA, dona de marcas como Miraclesuit e Amoressa e que licencia outras, como Ralph Lauren.

Durante uma conversa com seu fornecedor de tecidos (a empresa sul-coreana Hyosung), a equipe de design da Vitamin A ficou sabendo de um novo material composto por 80% de redes de pesca e 20% de elastano reciclados. E imediatamente se interessaram.

Crédito: Vitamin A

“Queríamos apoiar o desenvolvimento desse novo material e pensamos que as clientes da Vitamin A seriam as primeiras a entender sua importância”, afirma Mark Sunderland, vice-presidente de inovação de produtos da Swim USA.

Há cerca de uma década, as marcas vêm usando nylon reciclado feito de redes que os pescadores enviam para reciclagem. Mas coletar e reciclar redes abandonadas é um processo muito mais complicado, segundo Laura Nilo, gerente de marketing da Hyosung nos EUA.

Crédito: Vitamin A

Para isso, equipes são enviadas ao mar para recuperar essas redes, que estão presas a outros resíduos, algas e animais mortos. Muitas vezes, o material está consideravelmente degradado pela água salgada e por diversos outros fatores, tornando-o muito mais difícil de reciclar do que as redes de pesca coletadas através dos canais tradicionais de reciclagem.

A Hyosung fez parceria com uma empresa de coleta para recuperar toneladas dessas redes abandonadas, que são então submetidas a um processo industrial de reciclagem. Elas são limpas, classificadas e depois passam por um processo de despolimerização, no qual o nylon é decomposto em sua estrutura química fundamental, antes de ser repolimerizado.

Crédito: Vitamin A

A fabricante criou um tecido completamente novo para a Vitamin A, composto em grande parte por redes abandonadas, mas também por elastano reciclado, para dar elasticidade ao material. A aparência e textura são idênticas a de qualquer outro traje de banho no mercado.

O tecido é elástico e macio ao toque. No entanto, é muito mais caro do que outros materiais semelhantes. “Ele passa por um processo de reciclagem muito mais elaborado, e isso aumenta o custo”, explica Nilo.

Crédito: Vitamin A

As peças da nova coleção de biquínis e maiôs da Vitamin A custarão entre US$ 200 e US$ 240, a mesma faixa de preço das demais coleções da marca. A empresa vê isso como uma oportunidade de chamar a atenção para o problema das redes abandonadas por meio do marketing.

“Nossas clientes querem saber que seus biquínis e maiôs não estão prejudicando o planeta”, afirma Sunderland. “Com esta linha, estamos oferecendo a elas um produto que contribui ativamente para a saúde dos oceanos.”


SOBRE A AUTORA

Elizabeth Segran, Ph.D., é colunista na Fast Company. Ela mora em Cambridge, Massachusetts. saiba mais