Estúdio resgata as interfaces físicas que sumiram dos dispositivos digitais

O conceito Living Switches aposta em como os objetos físicos poderiam transformar a maneira como interagimos com as tecnologias digitais

Crédito: Approach Studio

Nate Berg 3 minutos de leitura

Na era dos smartphones, deslizar os dedos, clicar, pinçar e arrastar se tornaram alguns dos movimentos físicos mais comuns e mais repetidos no dia a dia das pessoas.

Realizados sobre a superfície de telas digitais, esses gestos fazem tudo e nada ao mesmo tempo. O deslizar de um dedo desbloqueia a tela de um telefone, por exemplo, mas não há conexão física ou mecânica entre o movimento do dedo e seu efeito digital. Mas um novo conceito de design sugere que as coisas não precisam ser necessariamente assim.

Crédito: Approach Studio

O Living Switches propõe transformar alguns dos toques e cliques mais comuns na tela em interações físicas com objetos mais tangíveis. Ele traz, por exemplo, um botão deslizante que lembra aquele botão de alternância usado para marcar seleções na tela de cookies de um site. Há também um bloco de teclas que se destaca para sugerir onde o usuário pode digitar. E há um mostrador redondo que parece aumentar de tamanho para vários usos.



O conceito foi criado pelo Approach Studio, uma empresa de design industrial composta por seis pessoas e sediada em Londres, que desenvolveu produtos físicos para empresas como a Logitech e, anteriormente, para o Google, além de muitos designs conceituais sigilosos para as principais empresas de tecnologia do mundo.

Alex Hulme, diretor de criação do Approach Studio, classifica os objetos do conceito Living Switches como "lançadores de tendências" para as formas como as tecnologias emergentes poderão se materializar.

Crédito: Approach Studio

"Estamos muito condicionados a acatar a digitalização no modo como fazemos tudo hoje em dia, e acho que o Living Switches está tentando compreender por que as interfaces físicas ficaram tão para trás das digitais", explica Hulme. "A ideia por trás desses projetos é realmente traçar uma perspectiva de como os produtos do futuro poderiam funcionar."

Hulme aponta que talvez estejamos naturalizando demais a ideia de que nossas interações com a tecnologia estão confinadas à tela de um telefone ou notebook. Mas, conforme a inteligência artificial se espalha por mais áreas da vida cotidiana, as tecnologias que usamos provavelmente existirão em formas muito além da tela convencional de um computador.

O trabalho do Approach Studio prevê um futuro em que as pessoas interagem com a tecnologia em uma variedade de configurações, seja por meio de gestos de deslizar os dedos em uma tela ou tocando fisicamente uma tecla ou um botão em um objeto independente.

Algumas das ideias iniciais do vídeo de apresentação do Living Switches estão longe de ser futuristas. "Elas não são nada complicadas. É muito fácil escanear a localização de seu dedo sobre qualquer superfície. Essa tecnologia já está bem amadurecida e é muito fácil de usar. É muito simples fazer uma tecla subir e descer. A questão interessante é por que as pessoas não fazem mais isso", observa Hulme.

"Já aprendemos que um interruptor é um interruptor e um botão é um botão. É possível mudar o formato, mas é melhor não mexer com essa lógica."



Hulme diz que o Approach Studio está começando a explorar algumas dessas ideias com os clientes, mas a maioria dos testes permanece sigiloso. "O problema com esse tipo de trabalho é que tudo está sob acordo de confidencialidade", diz ele.

Essa caixa preta é parte do motivo pelo qual o estúdio decidiu criar a Living Switches. Produzido como uma espécie de projeto de pesquisa interna, é uma das poucas iniciativas da empresa voltadas para o público.

Por enquanto, o projeto é propositalmente vago quanto à aplicação desses objetos. Hulme espera que ele inspire empresas e tecnólogos a pensar de forma mais abrangente sobre as maneiras como seus produtos em desenvolvimento serão usados pelas pessoas no futuro.

"A questão-chave é: será que conseguimos mudar a opinião das pessoas sobre o rumo que essa tecnologia está tomando? Para mim, esse é o grande objetivo."



SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais