Fim de jogo: Adidas vai doar parte do dinheiro das vendas dos tênis Yeezy

Meses depois de a empresa ter encerrado a parceria com o controverso rapper Ye, o CEO Björn Gulden diz que destruir pilhas de calçados “não faz sentido”

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Sarah Bregel 2 minutos de leitura

Depois de ter cortado relações com o rapper Ye, em outubro, a Adidas ficou com milhões de pares de tênis da linha Yeezy em estoque. A decisão pela ruptura foi tomada depois que o artista, anteriormente conhecido como Kanye West, postou uma série de tuítes antissemitas.

Agora, a empresa alemã de moda esportiva declarou que não vai destruir os produtos, mas que provavelmente venderá o estoque de tênis Yezzy e doará os lucros. Na reunião anual da companhia, o CEO, Björn Gulden, disse aos investidores que destruir o material “não faria sentido” e que “queimar o estoque não é uma solução”.

Gulden afirmou que a empresa vai “tentar vender partes do que sobrou” ao longo do tempo e doará os lucros para instituições de caridade que representem as minorias impactadas negativamente pelos comentários do rapper. Segundo o executivo, o valor de mercado das ações não vendidas é de 1 bilhão de euros (cerca de US$ 1,09 bilhão).

O rompimento da parceria representou uma perda significativa de cerca de US$ 1,31 bilhão em receita anual para a Adidas.

De todo modo, Gulden continuou defendendo a decisão da empresa de ter idealizado essa parceria com o rapper. “Por mais complicado que ele seja, é talvez a mente mais criativa de nossa indústria”, admitiu.

A mudança ocorre meses depois que a empresa encerrou sua parceria com o artista problemático. O rompimento representou uma perda significativa. A Adidas perdeu € 1,2 bilhão (cerca de US$ 1,31 bilhão) em receita anual e € 500 milhões (US$ 546 milhões) em lucro operacional.

Ye já se metia em controvérsias mesmo antes da enxurrada de tuítes antissemitas ou dos comentários abertamente racistas que se seguiram em entrevistas – incluindo uma em que elogiou Hitler. Mas, de acordo com a revista "Rolling Stone", o rapper demonstrou um comportamento profundamente inapropriado enquanto trabalhava com a Adidas.

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O relatório afirma que ele gritava, jogava coisas e mostrava fotos inapropriadas da então esposa, Kim Kardashian, para os funcionários. No documento também consta que a coleção Yeezy teria sido inspirada por “skinheads e nazistas”.

Depois que os funcionários escreveram uma carta anônima acusando a empresa de ignorar descaradamente o comportamento problemático da estrela, a Adidas abriu uma investigação interna sobre a conduta de Ye.

Finalmente agora a empresa cedeu à pressão dos investidores para divulgar os resultados desse procedimento. O diretor financeiro Harm Ohlmeyer disse que a investigação descobriu “comportamentos parcialmente inapropriados” por parte Ye, mas poupou os detalhes.

Ele acrescentou que a empresa está analisando como “melhorar a gestão das parcerias da Adidas e como minimizar o risco de comportamento inadequado por parte dos parceiros, combatendo condições de trabalho inaceitáveis”.

Ainda não está claro qual parcela dos lucros irá para a caridade. Independentemente disso, estima-se que Ye ainda deve gerar cerca de 15% do faturamento.


SOBRE A AUTORA

Sarah Bregel é uma escritora, editora e mãe solteira que mora em Baltimore, Maryland. Ela contribuiu para a nymag, The Washington Post... saiba mais