Kit biodegradável pode evitar que materiais de testes para Covid-19 acabem em lixões

Crédito: Manik Roy/ Unsplash/ Morrama

Elissaveta M. Brandon 3 minutos de leitura

Cada vez que você realiza um teste rápido de Covid-19 em casa, precisa descartar 10 gramas de plástico que vão parar em algum lixão. Nos EUA, o governo Biden comprou 1 bilhão de autotestes em janeiro, o que equivale a impressionantes 11 mil toneladas de resíduos plásticos. Isso sem contar as dezenas de milhões de outros testes rápidos comprados individualmente toda semana.

Créditos: Morama/ Divulgação

Não é surpresa que os autotestes sejam fabricados em plástico descartável. Afinal, quando foram autorizados pela Food and Drug Administration (que autoriza a venda de alimentos e remédios nos EUA), em novembro de 2020, o objetivo era torná-los econômicos e implementá-los o mais rápido possível. Mas já se passaram mais de dois anos desde o início da pandemia, e os designers estão começando a pensar em materiais alternativos.

Um estúdio com sede em Londres propôs um teste rápido biodegradável e reciclável desde a embalagem. Feito de polpa de papel reciclável, o kit de testagem foi totalmente reinventado para ser mais fácil de usar e mais acessível também. Não há mais folhetos detalhados, cotonetes incômodos ou linhas fracas em cor-de-rosa difíceis de serem decifradas por pessoas com baixa visão.

Apelidado de Eco-Flo, o novo kit é apenas um conceito e, por enquanto, não tem protótipo. Mas os fabricantes deviam ficar de olho nele. O número de casos de Covid-19 entre os norte-americanos está crescendo novamente, e os autotestes vieram para ficar. É importante torná-los mais sustentáveis e inclusivos.

O Eco-Flo foi projetado pelo estúdio de design industrial Morrama. Jo Barnard, fundadora e diretora criativa do estúdio, afirma que o teste pode ser fabricado a partir de processos já existentes, como uma técnica de prensagem úmida que o Morrama usou em 2020 para fabricar um desodorante apenas a partir de polpa de bambu.

Segundo Jo, uma tecnologia relativamente nova, que permite que o papel seja moldado sem molhar, pode tornar esse processo mais rápido e com custo equivalente ao do plástico PET – material com o qual os testes rápidos são feitos hoje.  Quando o kit estiver pronto, as instruções em vários idiomas poderão ser impressas diretamente na superfície.

O kit virá embalado em um sachê biodegradável e o teste em si consistirá em uma única peça que se abre como um minilivro. Em comparação, os testes rápidos atuais vêm em três partes, sendo que muitos vêm com essas partes embaladas individualmente em plástico.

Para começar, não haverá mais cotonetes nasais. Em vez disso, os designers querem usar uma tecnologia em desenvolvimento que testa o vírus usando amostras de saliva. A pesquisa está mostrando que os testes baseados em saliva podem ser mais eficazes na detecção da variante Ômicron, embora até o final de 2022 esse tipo de teste esteja indisponível para os consumidores. Por isso, os designers ainda não conseguiram fazer um protótipo funcional.

Para usar o novo teste, o paciente teria que abrir o kit e cuspir em uma “cavidade para a saliva”, só que muito maior do que a pequena cavidade dos testes rápidos convencionais. Em seguida, ele fecharia o kit e pressionaria a amostra na almofada absorvente. Após 15 minutos, os resultados são anunciados em dois campos a serem preenchidos pela cor vermelha: um para confirmar que o teste foi válido, outro para o resultado. 

Não está claro se o kit Eco-Flo realmente chegará ao mercado, mas, se isso acontecer, ainda vai demorar. Para Jo Barnard, no entanto, o projeto é uma oportunidade de mudar as perspectivas dos fabricantes e de repensar a maneira como os dispositivos de teste serão projetados no futuro. Ela defende que os fabricantes devem priorizar testes de baixo custo, mas não em detrimento do meio ambiente.


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais