Mais viva do que nunca: como a TV se tornou um campo para experiências ousadas

As TVs ficaram muito boas. E é exatamente por isso que elas estão prontas para a inovação

Crédito: C Seed

Elissaveta M. Brandon 3 minutos de leitura

Desde que foi lançada, no final da década de 1920, a televisão percorreu um longo caminho. No início, era uma caixa de madeira pesada, com uma tela minúscula e uma imagem granulada em escala de cinza.

Agora, se transformou em uma tela plana de alta definição com resolução de 8k, tecnologia OLED e uma grande variedade de conteúdo para transmissão.

Atualmente, os consumidores são apresentados a uma vasta gama de opções. Mesmo quando olhamos para além dos acabamentos e detalhes, a maioria das TVs hoje em dia é bem satisfatória.

A imagem é cristalina. O brilho é de primeira qualidade. A qualidade do som é excelente. E os fios emaranhados estão desaparecendo aos poucos do nosso campo de visão. O que falta, então, para inovar?

Se a CES (Consumer Electronic Show) 2024 nos dá alguma pista, parece que ainda há muita coisa pela frente.

O QUE SERIA "BOM O SUFICIENTE?"

Ao longo de mais de 55 anos, a CES – maior evento de tecnologia do mundo – tem sido sinônimo de inovações revolucionárias, embora nem sempre estritamente necessárias. E isso tem sido especialmente verdade no caso dos televisores, que há muito tempo servem como arena para experimentos ousados.

Afinal, se a maioria dos aparelhos de TV já é boa o suficiente, então nenhuma TV é boa o suficiente. E se nenhuma TV é boa o suficiente, então os fabricantes precisam se esforçar para redefinir o que significa "bom o suficiente", com conceitos cada vez mais ousados.

Por algum tempo, o objetivo foi oferecer telas maiores com bordas mais finas. Depois, passou a ser uma resolução mais nítida e um brilho melhor. Agora, pelo menos de acordo com as disputas ente as eternas rivais LG e Samsung, o objetivo parece ser "disfarçar" o aparelho.

De fato, as duas empresas apresentaram uma tela transparente na CES. A TV de 77 polegadas da LG é sem fio e pode ser fixada em praticamente qualquer lugar, desde uma parede até uma prateleira suspensa. Ela será lançada no final deste ano.

A tela micro-LED da Samsung ainda é apenas um protótipo, mas vem com um design sem bordas e um painel de vidro ainda mais transparente, o que facilita que ela desapareça no fundo quando não estiver em uso.

Mas qual o verdadeiro contexto de uso de uma TV transparente? James Fishler, chefe de entretenimento doméstico da Samsung Electronics America, evitou dar exemplos específicos, mas disse que a Micro LED transparente é "uma bela tela para residências e empresas" e que as opções são infinitas.

"A Samsung acredita que sua TV é mais do que apenas uma tela. Ela é o hub inteligente da sua casa, e pode ser muito mais do que apenas uma caixa preta", disse ele, citando também a Frame TV da empresa, cuja tela fosca possibilita que o aparelho pareça um quadro pendurado na parede quando está desligado.

Enquanto isso, outra empresa chamada C Seed fez sucesso na CES com sua TV C Seed N1 – uma tela de 165 polegadas que se desdobra de forma impressionante, como uma sanfona. Quando não está em uso, a TV parece um banco de metal elegante. Mas. ao se pressionar um botão, o banco se levanta e se abre em uma tela cheia.

Um porta-voz disse à Fast Company que a TV C Seed N1 foi projetada para parecer uma escultura quando dobrada. Ela pode ser usada em residências particulares de luxo, espaços comerciais ou em super iates. Essa extravagância dobrável custa a bagatela de US$ 200 mil.

Curiosamente, a filosofia da C Seed contrasta fortemente com os esforços da LG e da Samsung. Um lado quer ocultar a TV, o outro quer dar destaque a ela.

De minha parte, estou perfeitamente satisfeita com minha TV comum, montada na parede, cuja marca nem sei dizer. Mas tem sido divertido ver os gigantes da tecnologia competindo para ofuscar uns aos outros – tudo pelas lentes de um simples aparelho de TV.


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais