Marca suíça cria mochilas e bolsas feitas com tecido reciclado de airbags

As novas bolsas F700 Arrow e F708 Firebird da Freitag aproveitam de forma inteligente as características do material

Crédito: Julia Ishac/ Freitag

Grace Snelling 3 minutos de leitura

Cada uma das novas bolsas recicladas da Freitag é única, desde a cor das alças e as costuras até os tons pastéis do material. Isso porque todas elas são feitas de airbags de verdade.

A Freitag, uma fabricante de bolsas e acessórios com sede em Zurique, na Suíça, busca por materiais usados que merecem uma segunda vida. O tráfego rodoviário se mostrou uma verdadeira mina de ouro com os novos modelos F700 Arrow e F708 Firebird, ambos feitos de airbags descartados. As bolsas podem ser usadas tanto como sacolas quanto como mochilas.

A marca se tornou uma sensação entre o público por seu uso inovador (e muitas vezes inesperado) de materiais recicláveis. Seu carro-chefe são lonas de caminhão, mas a empresa também trabalha com outros materiais, como garrafas de refrigerante, cintos de segurança e câmaras de ar de bicicletas em seus produtos esportivos.

A Freitag já havia usado airbags em produtos menores antes, como bolsos internos ou carteiras. Em 2021, ela lançou a F707 Stratos, uma bolsa cujo estoque já esgotou, feita de airbags de lonas de caminhão.

Crédito: Freitag

No entanto, o tecido vinha de airbags não utilizados, em vez de já costurados. Os airbags usados nos modelos Arrow e Firebird apresentam seus próprios desafios de produção.

Primeiro, a designer de produtos da marca, Tu Van Giang, e sua equipe tiveram que descobrir onde encontrar airbags limpos e utilizáveis. Os ideais seriam aqueles que foram instalados em carros, mas nunca acionados, ou que foram descartados após serem reprovados em testes de controle de qualidade.

“Depois que lançamos a Stratos, um homem [de uma empresa de reciclagem de carros] na Suíça nos contatou e disse: ‘separei airbags para minha filha por sete anos, caso ela quisesse fazer algo com eles’”, conta Giang.

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O fornecedor suíço ofereceu seu estoque à Freitag, mas essa foi a única parte simples da busca pelos materiais. Para encontrar mais airbags, a equipe da designer entrou em contato com centros de reciclagem em toda a Europa e, finalmente, conseguiu fornecedores, incluindo um centro de reciclagem na Holanda e um fabricante austríaco.

Depois que a equipe conseguiu a maior parte do material de que precisava, eles tiveram que descobrir como desmontá-lo e criar padrões que desperdiçassem o mínimo possível de tecido.

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Embora a grande variedade de airbags inicialmente tenha sido um obstáculo durante a produção, isso acabou se tornando uma vantagem quando a equipe de Giang conseguiu definir padrões eficazes para as bolsas Arrow e Firebird. Todos eles vêm em vários tons pastéis com costuras escuras contrastantes, o que facilita a identificação de erros de produção.

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Embora essa escolha sirva a uma função prática, o resultado é uma qualidade estética satisfatória que torna todas as bolsas recicladas da Freitag únicas. Algumas têm padrões listrados; outras apresentam detalhes em espiral em linha vermelha escura; ou têm linhas diagonais de códigos de identificação do produto.

Para contrastar com a tonalidade clara das bolsas, a marca escolheu usar cintos de tensão reciclados em cores neon como alças – que também são únicos.

Crédito: Freitag

Além de ser bonito, o tecido dos airbags (geralmente feito de náilon) é durável e leve. Embora Giang não tenha recebido relatos de usuários da Stratos sobre rasgos nas bolsas nos três anos desde seu lançamento, ela desenvolveu um sistema de remendos para os modelos Arrow e Firebird para prolongar sua vida útil.

Assim que as bolsas foram finalizadas, a equipe descobriu que elas tinham mais uma característica surpreendente. “Se você aciona um airbag no carro, ele se expande, certo? É isso que quero te mostrar”, diz Giang, segurando uma bolsa Arrow durante nossa chamada de vídeo.

Antes de abrir o zíper, é uma bolsa fina, plana e compacta. Mas assim que é aberta, ela se expande em uma forma 3D – como um airbag. “Descobrimos isso por acidente e chamamos de ‘efeito airbag’”, conta Giang.


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