Menores e mais eficientes: assim serão os aeroportos do futuro

Uma proposta inteligente da empresa global de design HOK substitui os longos saguões por veículos automatizados

Crédito: HOK/ Airbiz

Elissaveta M. Brandon 4 minutos de leitura

Não há nada pior do que sair da fila de segurança do aeroporto, verificar no painel o número do seu portão e descobrir que o tempo estimado de caminhada é de 25 a 30 minutos. Os aeroportos já são enormes e, com o número de passageiros crescendo apesar da pandemia, estão ficando ainda maiores. Mas um aeroporto maior significa necessariamente mais tempo de caminhada?

A empresa global de design HOK – que recentemente reformou o aeroporto LaGuardia, em Nova York, quase dobrando seu tamanho – não pensa assim. A empresa se juntou com a consultoria de aviação Airbiz para desenvolver um novo conceito de aeroportos com vários recursos interessantes, como um grande saguão, que une chegadas e partidas no mesmo lugar, e salas de espera altamente eficientes, que podem reduzir o tempo de espera para o embarque de 45 minutos para apenas 15.

Mas a essência de tudo se resume a três palavras: Group Rapid Transit (ou Trânsito Rápido de Grupo, em português).

Muitos aeroportos em todo o mundo usam alguma forma de transporte interno para levar passageiros de um terminal para outro. Mas a HOK está propondo uma atualização na eficiência desse sistema: veículos automatizados que transportam as pessoas diretamente para o portão de embarque.

A ideia da HOK é que as pessoas façam o check-in e passem pela segurança normalmente. Mas, em vez de caminhar até outro saguão para chegar ao portão de embarque, os passageiros poderiam fazer compras, comer e esperar o voo no mesmo lugar onde fizeram o check-in.

Uma vez no portão, os passageiros podem embarcar sem precisar caminhar por todo o aeroporto. É muito cedo para dizer como seriam estes portões, mas a HOK os imagina como salas de espera transitórias, que seriam menos sobre conforto e mais sobre eficiência. Seria o fim dos corredores que mais parecem labirintos e das longas caminhadas.

Créditos: HOK/ Airbiz

A proposta exigiria uma revisão completa de como os aeroportos operam hoje, mas é uma ideia atraente por vários motivos. Em primeiro lugar, reduziria o tempo de caminhada, o que seria particularmente benéfico para idosos e pessoas com deficiência que precisam andar pelos longos e complexos corredores do aeroporto.

Também eliminaria a necessidade de mais de um mesmo restaurante, mesma loja e até de ter vários banheiros no aeroporto. Se os passageiros vão passar todo o tempo no mesmo lugar e pegarão um transporte direto para seu portão na hora de embarcar, tudo o que precisam é de um de cada serviço desses na área principal.

Além disso, o projeto poderia reduzir as diferentes áreas do aeroporto em cerca de 75%. Pense no grande número de saguões que se ramificam. Agora adicione os quilômetros e quilômetros de corredores que os conectam ao terminal principal.

Créditos: HOK/ Airbiz

Um terminal único com restaurantes, lojas e salas de espera menores e “semi-condicionadas”, mantidas a 20°C durante o ano todo, podem ajudar a reduzir os custos operacionais e de energia, além de reduzir o carbono incorporado que a construção de um novo saguão implicaria.

Ao alterar a função das salas de espera, que serviriam como plataformas de embarque, o tempo de espera poderia ser três vezes menor e os aeroportos poderiam receber três vezes mais voos em um mesmo portão, de acordo com Matt Needham, diretor de aviação e transporte da HOK

Créditos: HOK/ Airbiz

A ideia depende de um sistema de trânsito robusto e confiável e de uma eficiência operacional altamente otimizada. Mas, se os aeroportos quisessem colocá-la em prática hoje, certamente conseguiriam, uma vez que a tecnologia já existe.

Até o momento, esta é apenas uma proposta especulativa, mas, segundo Needham, a HOK está conversando com um grande aeroporto nos EUA sobre a construção de um terminal autônomo baseado neste conceito.

Naturalmente, a construção de um novo aeroporto faria mais sentido, mas Needham diz que partes do conceito também poderiam ser facilmente integradas aos já existentes, provavelmente durante uma expansão do saguão.

Créditos: HOK/ Airbiz

“A maneira mais eficiente de expandir um aeroporto para que ele tenha mais portões de embarque é tornar os saguões mais longos, se possível. Mas se você já esteve em aeroportos com saguões longos, sabe que as distâncias a percorrer são enormes. O custo por metro quadrado é superior a US$ 1 mil e você precisa paralisar os serviços”, diz ele.

O novo conceito permite que os aeroportos conectem o final de um saguão existente a um novo, por meio de um sistema de Transporte Rápido de Grupo, e construam as salas de espera no novo saguão usando construção modular, com componentes construídos fora do local e encaixados um no outro, “como peças de Lego”.

Pode levar uma década até que isso se torne realidade. Quando acontecer, talvez a HOK possa usar o que aprendeu e aplicar ao LaGuardia novamente, onde o portão mais distante do novo Terminal C está agora a quase 30 minutos da entrada.


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais