MET Gala: o pulsar do zeitgeist e seu papel no financiamento da moda
O evento não é apenas uma noite de glamour, mas um catalisador para a mudança e a sustentabilidade cultural
O MET Gala (evento de arrecadação de fundos do Metropolitan Museum of Art de Nova York) não é apenas um desfile de trajes extravagantes. É um espelho refletindo o zeitgeist, capturando a atenção global de todos os segmentos, de entusiastas da moda a observadores culturais.
Na noite do MET Gala (segunda-feira, 6 de maio), parte da elite cultural deste tempo vestiu-se de acordo com o tema "Garden of Time" (Jardim do Tempo), em alusão a uma narrativa de J.G. Ballard.
A obra conta uma história que se passa em um futuro distópico, no qual um casal, o Conde Axel e sua esposa, vive em um refúgio isolado cercado por um jardim misterioso. No jardim, flores peculiares têm a capacidade de manipular o tempo.
A cada ano, o MET Gala não apenas estabelece normas de vestimenta, mas também – e, talvez, mais crucialmente – serve como um vital levantador de fundos para o Costume Institute, que precisa se autofinanciar desde sua fusão com o Met, em 1946. No ano passado, o evento arrecadou US$ 22 milhões.
As aparências no MET Gala muitas vezes funcionam como anúncios ambulantes para marcas de moda, com celebridades transformadas e toda espécie de observações e julgamentos, gerando tanto memes quanto mensagens políticas, como o vestido de "Tax the Rich" de Alexandria Ocasio-Cortez.
UM ESPETÁCULO DE INOVAÇÃO E INFLUÊNCIA
Com a curadoria voltada para a interseção entre vestimenta e zeitgeist, o Costume Institute viu três de suas exposições entre as 10 mais visitadas na história do Met. A moda, antes relegada ao porão do museu, agora ocupa um lugar de destaque, com planos de renovar a loja de presentes em novas galerias de trajes, elevando ainda mais seu status.
A moda, com sua constante inovação e estímulos ao empreende- dorismo, tem muito a ensinar sobre como os negócios e a sociedade podem se transformar juntos. No fim, o MET Gala não é apenas uma noite de glamour, mas um catalisador para a mudança e a sustentabilidade cultural.
Neste cenário em constante evolução, não posso deixar de celebrar figuras como Paulo Borges, o estilista brasileiro cuja visão empreendedora tem sido um farol para o financiamento e a inovação no negócio da moda no Brasil.
Paulo catalisou transformações significativas com a São Paulo Fashion Week, trazendo a moda brasileira para o palco global e reforçando a importância de apoiar cultural e financeiramente as artes e o design em nosso país.
A referência que a SPFW de Paulo Borges se tornou prova que a moda é muito mais do que estética: é um potente vetor de mudança cultural e empresarial. E que ela, de alguma forma. tem mesmo a capacidade de manipular o tempo.