Observable: a startup que quer revolucionar a visualização de dados

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Uma startup chamada Observable está tentando tornar a visualização de dados acessível a todos – e você nem precisa ser um desenvolvedor.

O produto a empresa é, essencialmente, simples: um site gratuito para a criação de gráficos, mapas e outras representações visuais. Você já deve ter visto um desses gráficos, provavelmente o que mostrou a adoção do uso de máscara facial nos Estados Unidos.  Ou a árvore de decisão do Colégio Eleitoral nas eleições americanas. A ferramenta permite que qualquer um pegue um gráfico existente e o modifique de acordo com seus próprios objetivos. Dá para alterar o visual ou até usar seus próprios dados em modelos pré-prontos.

A Observable foi lançada no início de 2018 e, em 2020, levantou US$ 10,5 milhões numa rodada de investimentos Série A liderada pela Sequoia Capital e pela Acrew Capital. O empreendedor Mike Bostock, co-fundador e CTO, que antes trabalhou como editor visual no The New York Times, diz que eles esperam transformar o site em uma comunidade com o estilo do GitHub. A startup afirma que, até o momento, 4,7 milhões de pessoas interagiram com a plataforma, seja visitando o site ou criando visualizações próprias.

Visuais ajustáveis

Para dar um exemplo de como a Observable funciona, voltemos para o outono de 2019, quando os inquéritos de impeachment contra o presidente americano Donald Trump estavam acontecendo. Na época, um tweet de Lara Trump viralizou, mostrando um mapa eleitoral predominantemente vermelho que apoiava o presidente. Foi então que Karim Douïeb, um designer baseado em Bruxelas, decidiu responder com uma correção. Ele fez seu login na Observable e, em duas horas, criou um gráfico mais fiel à realidade, com bolhas vermelhas e azuis (representando a população) pairando sobre cada estado dos EUA.

Aquele mapa, que ajudou a ilustrar a ideia de que terra não vota, e sim pessoas, rapidamente viralizou. Douïeb não se esquivou em dar crédito à Observable. Quando as pessoas começaram a pedir o código-fonte do arquivo, ele simplesmente as direcionou para a página do projeto, onde elas podiam modificar livremente o seu trabalho. Não demorou muito para as pessoas fazerem suas próprias adaptações, incluindo mapas similares das eleições na SuíçaAlemanhaEspanhaCanadá. “Essa é a beleza da coisa,” diz Douïeb. “Você não precisa configurar nada no seu computador. É só você ir até a página e o código está lá. Você pode modificá-lo imediatamente.”

O poder do compartilhamento

A Observable não está começando do nada. Antes de fundar a empresa, Bostock havia sido um dos criadores de uma aplicação Javascript chamada D3, que gera visualizações de dados usando padrões da web. A D3 se tornou muito popular entre os desenvolvedores – foi baixada mais de 131 milhões de vezes nos últimos dez anos. Bostock credita boa parte desse crescimento à maneira como as pessoas compartilhavam os exemplos de seus programas.

“Eu cresci no GitHub e vi o crescimento explosivo do código aberto, a forma que as pessoas estavam compartilhando seus programas, escrevendo posts em blogs e tutoriais”, afirma ele. “Eu já havia feito outros sites para as pessoas compartilharem seus exemplos com D3. Fiquei maravilhado com o nível de sucesso.”

A outra co-fundadora da Observable é Melody Meckfessel, CEO e ex-vice-presidente de engenharia do Google. Ela diz que a abordagem da empresa permite que as pessoas criem visualizações de forma mais rápida, já que elas podem facilmente acrescentar coisas novas ao que outros já fizeram. “Quando alguém vem e bifurca um projeto, ou é inspirado por ele, essa pessoa não precisa começar do zero”, comenta.

Se comparada a outras ferramentas de visualização, a Observable está tentando encontrar um meio-termo entre simplicidade e complexidade. O produto é mais flexível que ferramentas de visualização sem programação, como a Flourish, mas menos intimidadora que a Jupyter, mais técnica. E comparada à Tableau, cujas ferramentas de visualização custam US$ 70 por mês por usuário, a Observable é consideravelmente mais barata. O uso individual para o público é gratuito, enquanto equipes podem pagar US$ 9 por mês para projetos privados. Os clientes corporativos do site incluem o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o jornal LA Times.


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