Pixel Fold é a prova de que celulares dobráveis precisam de melhores apps

Um aparelho pequeno com tela grande ainda é uma ideia tentadora – mas apenas se os aplicativos tirarem proveito disso

Créditos: Google DeepMind/ Unsplash

Harry McCracken 4 minutos de leitura

Quando a Apple lançou o primeiro iPhone, em 2007, seu formato – um retângulo fino, com poucos botões e com uma tela grande sensível ao toque – era diferente de qualquer aparelho no mercado.

Mas não demorou muito para que quase todos os smartphones copiassem seu design. Mesmo depois de tanto tempo, sua influência permanece, como se toda a indústria tivesse desistido de tentar inventar algo ainda melhor.

Desde que a Samsung lançou o primeiro Galaxy Fold, em 2019, torço para que os telefones dobráveis se popularizem. Essa tecnologia permite ter uma tela do tamanho de um tablet, mas que ainda cabe no bolso – uma proposta atraente que nenhum celular no estilo do iPhone pode oferecer.

Agora, a Samsung enfrenta um concorrente de peso: o Google, com seu primeiro modelo dobrável, chamado Pixel Fold. Embora tenha acertado em vários pontos com esse novo aparelho – que tive a oportunidade de testar –, fiquei desapontado com o fato de os desenvolvedores de aplicativos Android não estarem aproveitando seu formato inovador.

Crédito: Google

Os celulares dobráveis ​​sempre sofreram com questões relacionadas ao design, como telas externas de tamanhos estranhos e sistemas de câmeras que não correspondem à qualidade dos modelos tradicionais muito mais baratos. Mas o Google estava determinado a construir um excelente aparelho, com uma tela externa de 5,8 polegadas para uso rápido e conveniente, além de uma tela interna expansiva de 7,6 polegadas.

Quando aberto, o Pixel Fold tem apenas 5,9 mm de espessura – mais fino que o iPhone 14. E sua tela grande é excelente para quem usa o celular por longos períodos, seja no metrô, no avião ou deitado na cama.

Além disso, o Google incorporou vários recursos inteligentes ao modelo, aproveitando ao máximo seu design exclusivo. Por exemplo, em vez de depender apenas da câmera frontal para tirar selfies, você pode simplesmente abrir o telefone, virá-lo e usar qualquer uma das câmeras traseiras.

Também é possível dobrá-lo em um ângulo reto, como se fosse um mini notebook, e colocá-lo sobre qualquer superfície para tirar uma selfie à distância usando o controle de voz.

Crédito: Google

Naturalmente, o aparelho vem com diversos softwares do Google, todos eles otimizados para a tela grande. Além de executar um único aplicativo em modo tela cheia, ele permite exibir mais de um ao mesmo tempo e arrastar coisas (como fotos) entre eles, oferecendo uma experiência multitarefa mais parecida com a de um tablet do que com a de um smartphone.

Mas o fato de o Google ter se esforçado tanto para garantir que seus próprios aplicativos funcionem de forma excepcional no Pixel Fold apenas nos lembra que poucos apps de terceiros são compatíveis com ele.

Alguns são: por exemplo, a maioria dos aplicativos de streaming que testei (incluindo o próprio YouTube) detecta quando o aparelho é dobrado em um ângulo reto e posiciona o vídeo na metade superior, para que a de baixo possa funcionar como um suporte.

O aplicativo Kindle, da Amazon, exibe duas páginas de cada vez, como um livro de verdade. O Canva é muito mais eficiente em uma tela grande do que em uma tela comum, pois o usuário consegue ver seu projeto em um tamanho razoável.

Crédito: Google

No entanto, essas experiências positivas são raras, já que a maioria dos apps apenas aumenta o tamanho do texto e de outros elementos, oferecendo poucos benefícios. Muitos ocupam apenas metade ou cerca de dois terços da tela. Eu não sabia o que esperar de um aplicativo até testá-lo, e a maioria das surpresas não foi agradável.

Claro, há um problema central: os modelos dobráveis são tão caros que continuam sendo um mercado de nicho, o que dá aos desenvolvedores menos motivos para se preocupar com eles. E, se não se importarem o suficiente para criar ótimos aplicativos para telas dobráveis, os consumidores que pensam em investir em um celular desse tipo podem desistir da compra.

Além disso, eles não são apenas caros, mas também frágeis. Embora o Google afirme que o Pixel Fold é o mais resistente da categoria, Ron Amadeo, do site Ars Technica, relatou que o aparelho que estava testando quebrou após quatro dias, aparentemente porque detritos entraram na tela.

Com sorte, essa experiência será apenas uma exceção e o Pixel Fold venderá o suficiente para despertar o interesse de mais desenvolvedores. Mas o que realmente precisamos é de um celular dobrável com um preço mais acessível. Esperamos que isso seja possível algum dia e que essa categoria se torne popular – o que ainda não aconteceu.


SOBRE O AUTOR

Harry McCracken é editor de tecnologia da Fast Company baseado em San Francisco. Em vidas passadas, foi editor da Time, fundador e edi... saiba mais