Estrelas da NBA jogam em uma quadra formada por 27 milhões de pixels

Uma tela de vídeo do tamanho de uma quadra oferece oportunidades brilhantes para a experiência dos torcedores e dos próprios jogadores

Crédito: ASB

Nate Berg 4 minutos de leitura

Os eventos tipicamente extravagantes que cercam o All-Star Game ficaram ainda mais chamativos. A partida é um jogo de exibição, realizado todo mês de fevereiro pela National Basketball Association (NBA, a liga de basquete profissional dos EUA) com os 24 melhores jogadores do país.

Além do jogo em si, realizado no último domingo (dia 18), os demais eventos da arena não foram realizados apenas sobre o tradicional piso de madeira lustrosa, mas sim em uma megatela de vídeo coberta por vidro, com LEDs e cores.

Basicamente, a quadra virou um telão gigante sob os pés dos jogadores, capaz de exibir gráficos, replays de vídeo, animações de posicionamento dos jogadores e jogos interativos. É uma explosão visual hipersaturada que tem tudo para revolucionar a maneira como os esportes são apresentados nas arenas e nas transmissões de televisão.

A tecnologia por trás desse turbilhão visual se chama LumiFlex, uma tela de LED de 27 milhões de pixels que fica abaixo de uma superfície de vidro específico para quadras esportivas, desenvolvida ao longo de décadas.

Construído pela empresa alemã ASB GlassFloor, o piso de vídeo é uma versão de alta tecnologia do piso de vidro que a ASB vem fabricando para quadras de squash desde a década de 1970.

Com o avanço da tecnologia, a empresa percebeu que poderia usar LEDs por baixo do vidro para exibir as linhas usadas em quadras esportivas – linhas longas para uma partida de tênis em um dia e, no dia seguinte, linhas em formato de arco para os arremessos de três pontos do basquete, por exemplo.

Por volta de 2015, a empresa teve um insight: "se conseguimos fazer linhas de LED, então também podemos fazer telas", relembra Christof Babinsky, gerente geral da ASB GlassFloor.

Essa constatação levou ao desenvolvimento do LumiFlex. Levado por uma empilhadeira para a arena, o piso consiste

Nas mãos de treinadores criativos, essa tecnologia pode se tornar uma poderosa ferramenta de treinamento.

em um sistema de chassi de alumínio, em centenas de telas quadradas de LED do tamanho de ladrilhos e em folhas maiores dos revestimentos de vidro de fabricação própria da ASB, colocadas por cima. 

A superfície é composta por duas camadas juntas de vidro de segurança laminado, cada uma com cerca de um centímetro e meio de espessura. O vidro tem uma cor azul opaca, mas, sobre um mar de LEDs, se ilumina em qualquer cor e em uma resolução de até 4K.

Da mesma forma que uma tela de computador inativa parece preta até ser ativada, o piso de vidro azul ganha vida quando as telas de LED debaixo dele são ligadas.

Crédito: ASB

O piso foi certificado para uso por entidades esportivas internacionais que abrangem basquete, vôlei e handebol, e avaliado quanto ao desempenho no jogo em fatores como absorção, rebote da bola, resistência ao deslizamento e atrito.

Pequenos pontos de cerâmica espaçados são incorporados ao vidro, para proporcionar aderência e atrito, de forma semelhante ao acabamento texturizado de um piso selado de madeira dura.

Assim, embora correr e girar em um piso todo de vidro possa parecer perigoso, Babinsky diz que a aderência é, na verdade, mais segura para os atletas, cujas solas de borracha dos calçados às vezes grudam em pisos de quadras convencionais.

Crédito: ASB

O sistema LumiFlex foi usado pela primeira vez em competições no ano passado, na Copa do Mundo de Basquete Feminino Sub-19 em Madri. Babinsky afirma que essa prova de conceito despertou o interesse da Basketball Bundesliga, a principal liga de basquete profissional da Alemanha, que usou a tecnologia na abertura de sua temporada. Isso, por sua vez, levou a NBA a se interessar pela novidade.

O advento dos LEDs incorporáveis mudou o jogo para a empresa. Embora o piso com tela de cinema usado nos eventos do fim de semana demonstre os extremos mais fantásticos desta tecnologia, ela também pode ser útil em ambientes mais práticos. 

Um piso à base de LED que a empresa produz para quadras poliesportivas tem o recurso aparentemente mágico de mostrar apenas as linhas da quadra necessárias para cada esporte praticado. Uma  instalação na Universidade de Oxford tem linhas pré-programadas para nove esportes diferentes.

Crédito: ASB

A instalação da NBA mostra que o piso pode fazer ainda mais do que isso, explica Babinsky, especialmente quando são usados recursos de acompanhamento dos movimentos dos jogadores e elementos interativos.

A empresa desenvolveu aplicativos para que o sistema seja usado em treinamento esportivo, com pontos móveis no piso que podem orientar os jogadores durante os treinos, por exemplo.

Nas mãos de treinadores criativos – ou de professores de dança, diretores de teatro ou cineastas – esse tipo de superfície de exibição interativa pode se tornar uma poderosa ferramenta de treinamento e de ensaio.

"Se pudermos fazer replays ao vivo no chão e usar a IA para explicar às pessoas por que elas deveriam ter ficado um metro mais à esquerda, e se elas conseguirem perceber e visualizar isso na quadra, a tecnologia trará muitas vantagens para técnicos e jogadores", conclui.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais