Quais são as 3 grandes tendências de produtos apontadas na CES 2024

Veja o que chamou nossa atenção na CES deste ano e o que achamos que isso indica sobre os produtos que estão por vir

Crédito: Fast Company Brasil

Mark Wilson 5 minutos de leitura

As feiras de negócios definitivamente não representam um retrato fiel da realidade. Mas o evento anual Consumer Electronics Show (CES) é uma das melhores chances de conhecermos, de uma só vez, boa parte das novidades que as empresas andam criando.

Depois de ver milhares de protótipos de produtos, estas são as minhas conclusões.

IA VIROU O NOVO RÁDIO-RELÓGIO

Nos anos 80, os relógios e rádios digitais tornaram-se tão onipresentes que passaram a ser incorporados como um diferencial em todos os dispositivos imagináveis. Hoje, estamos presenciando essa mesma tendência com a mais recente onda de tecnologia de IA generativa.

O Rabbit R1 (US$ 200), um dispositivo de IA com hardware peculiar, semelhante a um walkie-talkie, projetado pela Teenage Engineering, chamou a atenção esta semana (e vendeu 10 mil unidades em um dia).

Crédito: Rabbit

Crédito: Tab

Já  o pingente Tab, de IA vestível, anunciou que conseguiu um novo financiamento. O aparelho é, basicamente, um microfone que grava tudo o que você e as pessoas ao seu redor estão dizendo e que se conecta ao smartphone via bluetooth.

A Samsung e a LG lançaram novos robôs com inteligência artificial. A Samsung estreou o  Ballie, que circula pela casa, vigia os animais de estimação e até projeta mídias de modo personalizado, de acordo com a posição exata da sua cabeça.

A LG exibiu seu Smart Home AI Agent, que recebe você na porta de casa, toca música e atua como um guarda-costas. Ele promete uma casa com "zero trabalho".

Em uma jogada mais sutil, a Intel anunciou um computador com IA desenvolvido especificamente para carros.

Uma startup de TV chamada Telly, que distribui TVs gratuitas com anúncios persistentes na tela, anunciou sua integração com o ChatGPT, prometendo que a TV aprenderá sobre o usuário e personalizará seu conteúdo ao longo do tempo.

Crédito: Telly

 Mas meu lançamento de IA favorito foi um par de binóculos inteligentes AX Visio (US$ 5.889). Criado pela Swarovski Optik, conta com IA integrada que identifica os animais que o usuário observa diretamente em seu campo de visão.

Crédito: Swarovski

Depois de avistar um animal, você pode até passar o binóculo para um amigo e uma seta indicará a direção exata em que a outra pessoa conseguirá enxerga-lo também. Neste caso, a IA não tenta atuar como um gênio capaz de tudo. Ela simplesmente expande a experiência do usuário de um produto tradicional para torná-lo muito mais útil.

ELETRÔNICOS INVISÍVEIS ESTÃO EM ALTA

Cerca de metade da área da CES é dedicada exclusivamente a TVs gigantes e, portanto, todo ano há algum experimento estranho que faz com que essas TVs se camuflem completamente.

Mas essa tendência está cada vez mais em alta, talvez como uma resposta à nova onipresença do trabalho em casa, combinada com nosso desejo contínuo de que os lares sejam nossos refúgios.

Depois do sucesso de sua Frame TV inspirada em museus, a Samsung exibiu um alto-falante muito semelhante, que esconde o sistema de áudio por trás de fotografias ou obras de arte.

Crédito: Samsung

A marca também apresentou a primeira tela micro-LED do mundo, escondida dentro de um vidro transparente. A LG exibiu uma tela transparente semelhante cortada em 77 polegadas para uma sala de estar. Quando desligada, ela parece um aquário vazio.

Outros fabricantes esconderam as telas dobrando-as. O C Seed N1 parece um sarcófago que se levanta sozinho antes de engolir você vivo ou se desdobrar em uma tela de 165 polegadas. O Asus ZenScreen Fold adotou uma solução semelhante. Tem 17 polegadas e flutua sobre seu laptop.

Crédito: Asus

A Apple lançará o Vision Pro em um mês, e muitos novos headsets de realidade aumentada ou virtual foram lançados na CES. Mas o setor não parece estar imaginando que esses headsets vão substituir as telas dos ambientes. Eles devem apenas nos deixar  mais intolerantes à presença de telas em nossas casas.

SUA CASA É SEU CARRO; SEU CARRO É SUA CASA

Os carros não servem mais apenas para dirigir. As pessoas trabalham, comem e, em uma era pós-Tesla, até assistem a filmes em seus veículos. O carro se tornou uma espécie de segunda casa, e a CES parece ter provocado ainda mais essa convergência entre os espaços domésticos em terra e na estrada.

A LG exibiu sua interface webOS para carros – no que chamou de "espaço de convivência sobre rodas" –, que permite fazer compras no carro. A BMW demonstrou a possibilidade de jogar videogames no painel.

Crédito: BMW

Todo esse infotenimento é meio exagerado, mas lembra uma sala de estar. Você praticamente pode considerar o carro como, talvez, uma ponte para a concepção um tanto estagnada de casa inteligente.

De qualquer forma, a casa inteligente e os veículos elétricos modernos são muito semelhantes. São espaços pessoais, em grande parte privados, que têm o potencial de nos conectar à IA, ao entretenimento e às informações em nosso ambiente. E têm em comum as dificuldades de gerenciar a energia, monitorar a segurança e garantir o conforto humano durante o percurso.

Crédito: Samsung

Esses espaços estão na vanguarda de algo amplamente esquecido pelo setor de eletrônicos – as interfaces do usuário não portáteis, ou experiências que podem ir além de uma tela minúscula e de penetrar em um mundo minúsculo no celular.

Se a computação ambiente ou onipresente vier a acontecer, é fácil imaginá-la começando no ambiente controlado de um carro e se espalhando para a casa (ou vice-versa). 

A não ser que as pessoas simplesmente se contentem em jogar jogos de corrida no painel de um BMW.


SOBRE O AUTOR

Mark Wilson é redator sênior da Fast Company. Escreve sobre design, tecnologia e cultura há quase 15 anos. saiba mais