Relembre os melhores – e os piores – mascotes olímpicos

Do adorável cãozinho ‘salsicha’ de Munique à assustadora criatura com a aparência alienígena de Londres, designers elegem os melhores (e piores) mascotes

Créditos: COI

Zachary Petit 6 minutos de leitura

Não importa qual esporte você esteja acompanhando, natação, tênis de mesa, vôlei ou vela, há algo que une todos os eventos das Olimpíadas: o mascote oficial.


Este ano, você deve ter notado algumas criaturas curiosas parecidas com pássaros nos jogos. Elas são os Phryges, uma dupla de mascotes inspirados no barrete frígio, uma espécie de touca que se tornou sinônimo de liberdade na França.

Com ligações que vão da Revolução Francesa até a construção da Torre Eiffel, o barrete é um símbolo com uma história rica – e esses personagens antropomorfizados continuam uma longa tradição dos Jogos Olímpicos.

O primeiro mascote olímpico, embora não oficial, apareceu em vários souvenires durante a Olimpíada de Inverno de 1968 em Grenoble, na França. Shuss, um personagem com uma cabeça enorme e corpo em forma de raio sobre um par de esquis, foi criado pela ilustradora e designer Aline Lafargue.

Talvez percebendo o potencial de marketing, os Jogos Olímpicos estrearam seu primeiro mascote oficial, o encantador cãozinho “salsicha” Waldi, na Olimpíada de Munique de 1972.

A cada ciclo olímpico, o comitê organizador da cidade-sede supervisiona o desenvolvimento do mascote. Eles já foram encomendados, escolhidos em competições e até inspiraram eleições acirradas nos pátios de escolas – sem mencionar a polêmica em torno da escolha do personagem que representaria os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, realizados em Sóchi, na Rússia.

Com o mundo todo em clima de competição, perguntamos: qual é o melhor mascote de todos os tempos?

Pedimos a um grupo de designers e ilustradores renomados para escolherem seus três favoritos – as verdadeiras medalhas de ouro, prata e bronze – e o que consideram ser o pior mascote.

Zipeng Zhu, diretor de arte e designer

Ouro: Amik, Montreal 1976

“Mascotes pretos são bastante raros, especialmente quando têm traços tão simples. Admiro como Amik, um castor, é representado de maneira tão abstrata. Na minha opinião, ele se destaca como excepcionalmente bom em comparação com os outros mascotes da lista.”

Prata: Soohorang, PyeongChang 2018

“De alguma forma, não conhecia esse mascote incrivelmente adorável e estou encantado por ele! Gosto da história por trás do tigre branco, e o design é maravilhoso. Soohorang exala fofura e energia sem parecer bobo ou infantil. O esquema de cores preto e branco também é incomum para mascotes, mas funciona muito bem.”

Bronze: Phevos e Athena, Atenas 2004

“Quando vi Phevos e Athena pela primeira vez, adolescente, não gostei do design. No entanto, com o passar dos anos, esses mascotes realmente me conquistaram. Talvez isso seja um sinal de amadurecimento, já que a abstração e simplicidade do design, que antes eu não conseguia entender, agora me parecem extremamente adoráveis e encantadoras.”

Último lugar: Bing Dwen Dwen, Pequim 2022

“Bing Dwen Dwen é um panda coberto por uma camada de gelo; mas, sinceramente, não gosto dessa escolha para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. Como uma pessoa nascida e criada na China, gostaria que não tivessem seguido o caminho mais fácil – que é usar, mais uma vez, um panda como mascote.

Como mencionei sobre os três designs acima, acho que algum nível de abstração e simplicidade são importantes. Embora tenha sido selecionado entre mais de 58 mil correntes, já tivemos outro panda como mascote na Olimpíada de Pequim de 2008. Por que não tentar contar uma história diferente? Parece uma saída fácil demais e, sobretudo, mal executada.”

Olimpia Zagnoli, ilustradora e artista multidisciplinar

Ouro: Shuss, Grenoble 1968

“Simplesmente adoro ele! É simples, é fofo, tem um nome legal. Foi feito por uma colega ilustradora que teve apenas uma noite para criá-lo. Às vezes, um prazo apertado e uma boa dose de desespero podem te levar longe.”

Prata: Waldi, Munique 1972

“Quem não ama essa versão listrada do cãozinho preferido dos designers?”

Bronze: Amik, Montreal 1976

“Minha versão favorita desse mascote é a multicolorida. Adoro o fato de esse castor estilizado, robusto e levemente desajeitado carregar uma fita com as cores do arco-íris. Dá uma vibe queer a ele!”

Último lugar: Wenlock, Londres 2012

“Parece um celular ruim de 2001. Mas fico mais irritada com o design sem graça de Syd, Olly e Millie da Olimpíada de Sydney de 2000.”

Natasha Jen, sócia da Pentagram 

Ouro: Bing Dwen Dwen, Pequim 2022

“Abordo este tópico sob a perspectiva do conceito de ‘kindchenschema – características físicas que percebemos como ‘fofas’ (por exemplo, cabeça grande em relação ao corpo, rosto redondo, olhos bem espaçados, nariz pequeno). Quem não gosta de um panda rechonchudo? Incrivelmente fofo.”

Prata: Soohorang, PyeongChang 2018

“Soohorang acerta no combo da fofura: olhos grandes, rosto redondo e pose brincalhona. Puro charme.”

Bronze: Quatchi e Miga, Vancouver 2010

“A testa grande e o rosto redondo de Quatchi e a fofura de Miga, tornam essa dupla imbatível.”

Último lugar: Wenlock, Londres 2012

“É, ao mesmo tempo, um ciclope e uma câmera de vigilância.”

Debbie Millman, artista, designer, educadora

Ouro: Waldi, Munique 1972

“Muitos mascotes olímpicos derivam de outros personagens amados (mas estranhos, quando realmente analisamos a fundo) de marcas ou do entretenimento. A maioria não tem nenhuma originalidade, o que é chocante.

Os mascotes que mais gosto têm alguma ligação com o país de origem e podem ser identificados pela iconografia do local. Waldi é colorido, com a paleta dos anéis olímpicos. Ele é realmente maravilhoso.”

Prata: Haakon e Kristin, Lillehammer 1994

“O que mais gosto em Haakon e Kristin é como eles representam bem a linguagem visual da Noruega.”

Bronze: Sukki, Nokki, Lekki e Tsukki, Nagano 1998

“Eles combinam o anime pelo qual o Japão é conhecido com as ideias filosóficas que representam; fogo (Sukki), ar (Nokki), terra (Lekki) e água (Tsukki). Um ótimo trabalho.”

Último lugar:

“É mais fácil dizer quais são meus mascotes menos favoritos. Vučko, Sarajevo 1984: cujo mascote sem nome parece uma junção do Willy Coiote com o Lobo Mau da Chapeuzinho Vermelho. Hodori, Seul 1988: é uma cópia lamentável e fora de forma de Tony, o Tigre. Wenlock, Londres 2012: no início, pensei que fosse uma interpretação inteligente do London Eye (a famosa roda-gigante de Londres), mas aparentemente não.

Gostei da linguagem visual da identidade olímpica de 2012 e de como ela foi tão maravilhosamente desafiadora e disruptiva. Mas este mascote passa longe disso.”

Fe Amarante, fundadora e diretora da Experimenta

Ouro: Waldi, Munique 1972

“Este ‘salsicha’ criado para Munique tem o formato da rota da maratona olímpica daquele ano, o que o torna tão único para aquele evento específico. Waldi é simples e brilhante! Bravo, Elena Winschermann!”

Prata: Phevos e Athena, Atenas 2004

“Cresci devorando os livros de mitologia grega que meus pais tinham na nossa sala de estar. Esta é praticamente a combinação perfeita entre formas lúdicas e narrativas interessantes.

As duas figuras representam bonecas de barro típicas da Grécia Antiga e simbolizam igualdade e fraternidade.”

Bronze: Sukki, Nokki, Lekki e Tsukki, Nagano 1998

“O que posso dizer? Simplesmente amo eles! Não estava muito interessada nos jogos de inverno, mas eles me fizeram sorrir. Essas quatro corujinhas tem uma aparência amigável e doce e parecem prontas para uma festa na neve.”

Último lugar: A Lebre, o Urso Polar e o Leopardo, Sochi 2014

“Gostaria que tivesse sido algo mais coeso, não personagens díspares. Isso fez com que a história se perdesse.”


SOBRE O AUTOR

Zachary Petit é escritor e jornalista especializado em artes, design e viagens. saiba mais