Sistema de cores da BMW aponta para um futuro de carros customizados
BMW usa 32 cores de tinta eletrônica para transformar seu carro-conceito, i Vision Dee, em um arco-íris digital
Em um de seus hits, Prince fazia uma ode a um Corvette vermelho. Mas que tal um BMW xadrez? O mais recente carro-conceito da montadora alemã está tornando possível esse esquema de cores antes inimaginável.
O BMW i Vision Dee é um carro camaleão, que muda de cor. Tem 240 painéis de carroceria movidos a tinta eletrônica e calotas capazes de exibir uma variedade de tons e padrões compostos por 32 cores diferentes. Individualmente programável e personalizável, a carroceria do carro é capaz de assumir milhões de esquemas de cores em potencial.
Trazido aos olhos do público na semana passada, no Consumer Electronics Show (CES), o carro surgiu no palco todo branco. Mas depois, um arco-íris de cores tomou conta das superfícies externas, deixando o carro todo amarelo, depois roxo e depois cinza. Daí, sombras surgiram sobre a carroceria, revelando estampas em lavagens sólidas e em padrões como os de um tabuleiro de damas ou de xadrez escocês .
“A cor é algo que nos toca, e estamos constantemente procurando fortalecer a conexão emocional que nossos clientes têm com nossos produtos”, diz Adrian van Hooydonk, chefe global do BMW Group Design.
O visual dos automóveis está passando por uma mudança dramática. Novas tecnologias que permitem elementos antes restritos a carros utilitários, como painéis de carroceria e faróis, assumem designs e tecnologias de comunicação mais ousados.
LEDs, veículos elétricos e modelos autônomos estão inaugurando a era de ouro do design de faróis e tecnologias como a tinta eletrônica estão fazendo com que a ideia de um carro monocromático, mesmo que seja um Corvette vermelho, pareça ultrapassada.
Exigindo pouca energia, a tinta eletrônica talvez seja algo mais familiar para os usuários de leitores eletrônicos como o Kindle, pois são dispositivos que se baseiam nessa tecnologia. Van Hooydonk afirma que esse é um complemento natural para um veículo totalmente elétrico, por oferecer um toque de design sem esgotar a bateria.
“Todas as coisas divertidas que o carro faz vêm dessa bateria, então o proprietário deve estar bem ciente de quanta energia seu sistema de entretenimento ou outras funções como essa consumirão”, ele aconselha.
Adicionar um espectro de 32 cores às opções de acabamento é tanto um reflexo do avanço da tecnologia quanto uma aposta no valor que os consumidores darão a essa personalização.
MUDANÇA RADICAL
O conceito da BMW está longe de chegar às concessionárias ou às ruas, mas essas ideias personalizáveis estão começando a tomar forma em alguns veículos de produção em massa.
A Audi, por exemplo, tem carros com luzes de freio programáveis, permitindo que os usuários selecionem entre várias formas de exibição. Colorir um carro por caprichos estéticos, porém, é algo que abre muito mais possibilidades criativas.
Como conceito, o i Vision Dee da BMW é uma mudança radical para a marca, que já havia lançado um carro-conceito com tinta eletrônica na CES de 2022, capaz de mudar sua cor externa de branco para cinza e preto.
Ambas as iterações sugerem que a era da personalização de carros está chegando, mas, por enquanto, essa ainda é uma perspectiva distante. Os engenheiros da BMW ainda estão descobrindo como esses painéis que mudam de cor podem suportar os rigores da direção em condições do mundo real, com todos os solavancos, pedrinhas e insetos que um carro encontra em uma condução típica.
Van Hooydonk diz que, como os faróis, a tecnologia está avançando em um ritmo que significa que esse recurso aparentemente futurista pode aparecer em pouco tempo nos veículos elétricos. “Em um futuro muito próximo, os clientes poderão se expressar por meio de seus carros, graças a esse tipo de tecnologia digital”, prevê.