Trilhas sonoras de filmes estão voltando à moda. Obrigado, Barbie

As músicas de "Barbie" são um sucesso por si só, vendendo 126 mil cópias na primeira semana e estreando em segundo lugar na parada Billboard Hot 200

Créditos: ojosujono96/ Freepik/ Warner Bros.

Maria Sherman e Gary Gerard Hamilton 4 minutos de leitura

Ao longo de todo o bilionário filme "Barbie", uma versão instrumental do sucesso de Billie Eilish, "What Was I Made For", entra e sai da trilha sonora, acompanhando a crise existencial da boneca. Na cena final (sem spoilers!), o falsete rouco e delicado de Eilish é finalmente ouvido por cima do já conhecido som do piano. É hora de começar a chorar.

Esse é um dos muitos momentos musicais de destaque em um filme repleto deles: desde o disco-pop "Dance the Night", de Dua Lipa – com letras que se sincronizam perfeitamente com a coreografia da estrela do filme, Margot Robbie – até uma releitura de "Barbie Girl", cortesia de Nicki Minaj e Ice Spice.

A música da Barbie se converteu em um sucesso de bilheteria à parte, vendendo 126 mil cópias em sua primeira semana e estreando em segundo lugar na parada de álbuns Billboard Hot 200.

As músicas do filme também ganharam três prêmios Grammy, um Globo de Ouro e o Oscar na categoria de música original – a premiada foi exatamente a canção de Billie Eilish.

É difícil lembrar quanto tempo faz que uma trilha sonora domina as rodas de conversa como a de Barbie, especialmente no Oscar. De modo geral, houve uma seca de trilhas de filmes que definiram as últimas gerações. Será que Barbie é uma exceção? Ou as trilhas sonoras estão de volta?

FÓRMULAS DE TRILHA SONORA

Cada década produziu suas trilhas sonoras icônicas. A maior campeã de vendas de todos os tempos ainda é a de "O Guarda-Costas", de 1992, com Whitney Houston e sua icônica "I Will Always Love You", que vendeu 45 milhões de cópias.

As trilhas sonoras são criadas de várias maneiras. Geralmente, os estúdios licenciam músicas conhecidas e já existentes, porque dois terços de todos os fluxos de música são canções antigas.

Na era atual, a maioria das trilhas sonoras "bem-sucedidas" opta por esse caminho - como "Guardiões da Galáxia" e sua trilha sonora "Awesome Mix Vol. 1", de 2014, que alcançou o primeiro lugar na Billboard 200 com músicas dos Jackson 5, David Bowie e Marvin Gaye.

"Dance the Night", da trilha sonora de "Barbie" (Crédito: Warner Bros.)

Os musicais também se saíram bem, como "La La Land" e sucessos da Disney como "Moana" e "Frozen", embora o gênero normalmente não chegue às rádios pop.

Outra opção é usar material original, como em "Barbie" – um retorno aos tempos de filmes como "Dirty Dancing" (Ritmo Quente, de 1987), lançado em uma época na qual uma única trilha sonora podia produzir vários sucessos de vários artistas. No caso de "Barbie", os principais nomes são Dua Lipa, Billie Eilish, Nicki Minaj e Ice Spice.

Spring Aspers, presidente da Sony Pictures Music Group, define uma trilha sonora bem-sucedida como aquela que trabalha com a narrativa do filme para se tornar uma parte essencial da história.

"Não se trata apenas de descobrir quem é o cantor mais famoso, mas de encontrar artistas incrivelmente talentosos, que saibam como criar algo que realmente seja uma extensão da narrativa", disse ela.

Quando isso dá certo, surgem músicas que permeiam a cultura pop com um poder de permanência real ligado ao filme, como "My Heart Will Go On", de Celine Dion, em "Titanic".

Titanic (Crédito: 20th Century Fox)

 

"Elas se tornam canções eternas. . . É como uma grande banda que tem muita química: a música certa, o visual certo, a cena certa, tudo se torna algo muito maior do que ela mesma", explica Aspers.

TRILHA DE SUCESSO E FILMES DE SUCESSO

Há uma sinergia entre os fãs de filmes e de música. De acordo com a empresa de dados e análises do setor Luminate's, 42% das consumidoras da geração Z têm maior probabilidade de descobrir novas músicas por meio de trilhas sonoras de filmes, o que representa 20% a mais do que o público em geral. Isso provavelmente contribui para o sucesso de um filme como "Barbie".

"O filme não é um musical, mas sempre teve a música como ponto central", diz Mark Ronson, produtor executivo da trilha sonora de "Barbie".

"What Was I Made For" ganhou o Oscar de melhor canção original (Crédito: Warner Bros.)

Kevin Weaver, presidente da Atlantic Records West Coast, que lançou "Barbie the Album", diz que a ambição da gravadora sempre foi que a trilha sonora fosse independente do filme, mas que também funcionasse simbioticamente – um reflexo de como os filmes e seus parceiros musicais podem trabalhar juntos.

Ronson concorda. "Quando você sai de um filme com uma sensação tão forte que quer revivê-lo, você pensa: 'o que eu posso fazer?' e vai procurar a trilha sonora dele", aponta.

"Eu costumava fazer isso: saía do cinema, ia até a loja da esquina e comprava a trilha sonora. Então, acho que é algo muito especial quando um filme nos dá essa sensação."


SOBRE O AUTOR

Maria Sherman é jornalista especializada na indústria musical. Gary Gerard Hamilton é repórter de entretenimento da Associated Press. saiba mais