Um prédio de 400 anos acaba de ganhar um prêmio de arquitetura

Mas será que ele ainda estará de pé em 2422?

Crédito: Nick Kane/ The Stirling Prize

Elissaveta M. Brandon 2 minutos de leitura

A biblioteca do Magdalene College acaba de receber o Stirling 2022, prêmio de arquitetura para o edifício mais impressionante, concedido pelo Royal Institute of British Architects (RIBA)

Com uma combinação elegante de paredes de tijolos resistentes, telhados duas águas e chaminés, o prédio fica em uma faculdade de 700 anos da Universidade de Cambridge. Ele substitui a pequena e apertada biblioteca por uma nova estrutura que abriga um enorme acervo e uma galeria de fotos. Projetada pelo escritório londrino Niall McLaughlin Architects, a biblioteca foi inaugurada em 2021.

Crédito: Nick Kane/ The Stirling Prize

O júri do Prêmio Stirling elegeu a biblioteca do Magdalene College como vencedora, de uma lista de seis projetos no Reino Unido, incluindo uma escola primária com fachada de tijolos, em Londres, e um edifício de escritórios dos anos 80 que foi transformado em um espaço comercial. A comissão do prêmio elogiou o projeto vencedor por sua “arquitetura sofisticada, generosa e construída para durar”.

Crédito: Nick Kane/ The Stirling Prize

O prêmio, que marca a 26ª edição do RIBA Awards, reflete a crescente tendência de edifícios duráveis, capazes de resistir ao tempo e com poucos impactos ambientais associados à sua construção. Tendência semelhante pode ser vista no design de forma mais ampla, com empresas como Fairphone ou Waymo, responsável pelos carros autônomos do Google, desafiando o conceito de obsolescência programada com produtos criados para durar.

Os edifícios são responsáveis por quase 50% das emissões anuais de gases de efeito estufa somente nos EUA. 11% dessas emissões vêm da fabricação dos materiais utilizados, além da construção do prédio em si e, por fim, de sua demolição. Alguns especialistas consideram essas emissões, conhecidas como carbono incorporado, o próximo grande desafio da indústria da construção.

Crédito: Nick Kane/ The Stirling Prize

Na biblioteca do Magdalene College, os arquitetos foram capazes de reduzir o carbono incorporado do edifício substituindo as vigas de aço e concreto por madeira laminada colada e cruzada. O carbono operacional – volume de carbono que a estrutura emite durante sua operação, que inclui a energia usada para aquecer, resfriar e ventilar o interior – é reduzido com um sistema de ventilação natural.

As chaminés de tijolos formam uma corrente de ar fresco para o ar que entra por baixo. Quatro claraboias permitem que a luz adentre o espaço. O interior, fresco e arejado, tem janelas emolduradas com esquadrias de carvalho que combinam com as fachadas em pedra dos edifícios ao redor.

Crédito: Nick Kane/ The Stirling Prize

De acordo com um estudo realizado com 227 edifícios demolidos na América do Norte, a maioria dos prédios foi demolida devido a alterações no valor do terreno e a estruturas que deixam de atender as necessidades atuais, e não por razões estruturais relacionadas a materiais e construção.

Por essa lógica, e por estar localizada em uma faculdade de 700 anos, a nova biblioteca provavelmente estará segura e permanecerá de pé por muito tempo.

Mas, para prédios e estruturas em regiões mais densas, que são mais propensas a mudanças, o estudo serve como um lembrete de que a longevidade só importa se o projeto puder se adaptar para acomodar outro uso – mesmo que isso só aconteça 400 anos depois.


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais