Construir uma marca amada não é fácil, mas também não é impossível
Quero começar dizendo que construir uma marca de sucesso não depende de dinheiro. Pelo menos, não no começo. A maioria das marcas icônicas que conhecemos e amamos hoje não começaram grandes, nem com investidores por trás, menos ainda com executivos experientes na liderança. Construir marca é um processo árduo, demorado, exige paciência e muita disciplina.
A boa notícia é que, se você estiver pensando em fundar uma marca, não deixe de ir em frente só porque não tem acesso a capital ou acha que não tem experiência suficiente. Você vai errar? Muito. Você vai acertar? Com certeza.
Dez anos atrás, quando fundei a Zee.Dog com absolutamente nenhuma experiência prévia, acredito que teria sido útil ter encontrado pessoas com experiência no assunto para me ajudar a errar menos. Com isso em mente, escrevo esse primeiro artigo pensando em mim dez anos atrás.
Me perguntam com frequência qual foi o segredo por trás da construção da Zee.Dog e, por muito tempo, não soube responder. Na verdade, ainda não sei. Construir marca é parte visão, parte teimosia, muita disciplina, outra parte processo, um pouco de sorte, instinto e resiliência. Ao longo dos anos, acabei concluindo que se entendermos/seguirmos quatro pontos principais, as chances de dar certo aumentam exponencialmente.
1 . A melhor bússola é o seu instinto.
2. Se não for um 'WOW', é um NÃO.
3. As pessoas não querem consumir, elas querem pertencer.
4. 3P's: pessoas, processos, paranoia.
Neste primeiro artigo, vou abordar os dois primeiros itens. No próximo mês me aprofundo nos outros dois.
1.A melhor bússola é o seu instinto
Siga o seu instinto. Ou, como gostamos de falar em inglês, "trust your gut".
Como founder, geralmente você vai ter um entendimento profundo do porquê está criando a empresa, quais problemas pretende resolver e como. Além disso, imagino que tenha pelo menos um conhecimento profundo do mercado no qual vai atuar. Isso pode guiá-lo conscientemente em decisões, mas haverá momentos (e muitos!) em que nada tenha te preparado o suficiente para tomar aquela decisão. Faço esse produto ou não? Posto esse vídeo ou não? Abro essa loja nesse ponto ou não? Contrato esse criativo ou não?
Siga o seu instinto. Ou, como gostamos de falar em inglês, "trust your gut".
Indo até muito além de questões criativas, isso pode variar desde uma contratação ou demissão, a decisão de investir em um projeto, até, quem sabe, o dia em que você estará com um contrato na sua frente para vender sua empresa (ou não). Na maioria das vezes, trust your gut.
Aprendi ao longo dos anos que, sempre que ia contra o meu instinto, acabava me arrependendo depois. É um mito que certas pessoas possuem um dom para tomar sempre as decisões certas. Ao que me parece, elas apenas aprenderam a seguir e ouvir seus instintos.
2. Se não for um 'WOW', é um NÃO
A cada decisão que tomamos, por menor que seja, estamos adicionando valor (decisões certas) ou destruindo valor (decisões erradas). Quando você sabe claramente o motivo pelo qual está criando o que está criando, o discernimento do que é uma decisão errada ou certa acaba tendo muito mais clareza.
Chegará um dia no qual dezenas ou centenas de pessoas abaixo de você precisarão tomar decisões sem a sua presença. O que então, de fato, as guiará nas escolhas e decisões do dia a dia? Acredito que a resposta seja uma cultura que vive, respira e respeita o 'WOW'.
Construir marca, diferentemente de tecnologia – que se pode simplesmente corrigir um bug e subir uma versão nova – depende da capacidade de ter "consistência em excelência.'' Você pode demorar dez anos para construir uma marca, mas pode destrui-la em uma semana. A única coisa que garante longevidade é ter, em você e em sua equipe, a cultura de dizer não se não tiver WOW.
Na próxima coluna, a conclusão deste artigo.