Diversidade, inovação e novas ideias para regenerar o mundo
Hesitei muito em escolher este texto para a coluna deste mês, pois sou do time que firma o compromisso de não falarmos de diversidade, sobretudo em relação à comunidade LGBTQIA+, apenas no mês de junho, o que ainda é muito comum.
Mas duas iniciativas, que me impactaram muito nos últimos dias, tornaram tangível o que, ao meu ver, é inovação: a diversidade e os novos contextos e desafios sociais emergentes como ferramentas e pilares fundamentais de inovação para a prosperidade dos negócios.
No primeiro caso, uma marca que (finalmente) entendeu que a ausência ou a invisibilidade de artistas transgêneros é, sim, um problema estrutural – não só no entretenimento, mas em toda a sociedade.
No outro, uma marca de moda me enviou um kit com produtos feitos por mulheres trans, fruto de uma parceria com uma instituição que promove iniciativas para garantir direitos fundamentais para esta parcela da população. Dentre elas, uma escola de formação que, como consequência, capacita e gera empregos.
a ausência ou invisibilidade de artistas transgêneros é um problema estrutural não só no entretenimento, mas em toda a sociedade.
O que essas iniciativas tiveram em comum: intencionalidade.
Digo isso não só porque conheço as pessoas que estiveram por trás da construção desses projetos, mas porque entendo que esta é uma forma de gerar inovação, não só para o negócio. Marcas que entendem a possibilidade de construir posicionamento para além da velha perspectiva de consumo, a tal demanda X oferta. Marcas que entendem o papel social que desenvolvem na construção de uma sociedade que busca cada vez mais dignidade, respeito e direitos para todes.
PRIORIDADES
Isso me fez lembrar de um dos períodos que mais aprendi sobre como pensar marcas é também pensar no poder de impacto que elas têm na vida das pessoas, na política, na economia e na urgente necessidade de pensarmos em novas formas de ser e estar no mundo ao mesmo tempo que o regeneramos.
Era início da pandemia. Trabalhava prestando serviços para uma companhia global com sede no Brasil. A primeira ordem que recebemos foi: parem tudo. Como eu era responsável pela frente de uma das áreas, havia acabado de definir a estratégia de todo o próximo ano fiscal da marca.
A vida e as urgências têm dessas coisas. Te faz parar tudo para que você tenha sensibilidade de entender o que deve ser prioridade. Neste caso, foram postos em xeque dois caminhos: a prosperidade do negócio ou a saúde e a segurança da sociedade?
pensar marcas é também pensar no poder de impacto que elas têm na vida das pessoas.
Para resolver isso, a companhia criou uma operação emergencial em todos os escritórios e chamou de Ideas for Good. Foi aí que entendemos que não precisávamos escolher entre gerar prosperidade OU transformar o mundo. Era possível optar pelo E. Por meio das nossas marcas, éramos capazes de optar e aplicar, numa só ideia, as duas intenções. Algo que o plano que havíamos criado não seria capaz de atender.
Lembrar disso me faz acreditar que, no caso das duas marcas citadas no início dessa conversa, certamente algo terá mudado com o impacto que essas iniciativas terão causado, não só para a comunidade LGBTQIA+. As marcas responsáveis por essas ideias e a sociedade também ganharão muito. E não só no mês de junho.
Todas as pessoas envolvidas nestes processos terão aprendido uma nova lição. Outras, poderão dormir em paz porque estarão capacitadas e, possivelmente, empregadas, o que não é uma realidade para a maioria das pessoas desses grupos sub-representados.
Mais do que compartilhar essas ideias, minha intenção é de deixar um convite: entre escolher gerar prosperidade para o negócio que você tem ou representa OU assumir um compromisso de gerar bem estar e desenvolvimento social, opte por fazer os dois. Certamente suas ideias irão contribuir para a regeneração do mundo.
