Empatia e humanização para o público 50+
Sejam bem-vindos! É com muita alegria que inauguro este espaço de expressão e troca de conhecimento. Gostaria de dedicar o primeiro texto para me apresentar, compartilhar um pouco da minha história e contar a respeito do propósito desta coluna.
Carioca de origem e comunicóloga de formação, iniciei minha carreira profissional na internet como sócia-fundadora da startup ParPerfeito, o primeiro site do Brasil a promover encontros virtuais – uma espécie de Tinder dos anos 2000.
Apaixonada pelo mundo digital, que ainda era pouco explorado à época, desembarquei em São Paulo a convite da Ford para lançar o primeiro carro vendido pela web no país. O famoso universo da experiência do cliente começava a se constituir e a vontade de aprofundar o conhecimento no comportamento do consumidor emergia dentro de mim.
Passados alguns anos, me tornei mestre em análise do comportamento humano e referência em comportamento de consumo e empatia no Brasil. Estive à frente das áreas de inovação, insights e brand equity em empresas multinacionais de bens de consumo, primeiro no segmento automotivo, depois em cosméticos (na Natura) e agora em alimentos, atuando como diretora de excelência de marketing da Mondelez International.
Vale dizer que essa é uma nova área no marketing, cujo objetivo é colocar o ser humano no centro das decisões, trazendo a diversidade como caminho para empatizar.
Empatizar, contudo, não é algo fácil de se fazer e requer um olhar diferenciado. É, sem dúvida, uma habilidade fundamental dos novos tempos que ainda precisa ser construída nas organizações. Minha função é exatamente essa: ajudar a companhia a liderar uma agenda de transformação, trazer uma nova perspectiva para inovação e dar esse passo tão fundamental, direcionando marcas para atuarem como protagonistas sociais.
Empatizar é uma habilidade fundamental que ainda precisa ser construída nas organizações.
Além da carreira executiva, atuo como mentora de startups, ministro aulas e palestras e sou autora do livro "Empatia, a Humanização além do Marketing''.
Em linha com meu propósito de vida e carreira, recentemente dei mais um passo em minha formação acadêmica e estou concluindo uma pós-graduação em gerontologia no Hospital Israelita Albert Einstein. Meu objetivo é aprofundar o conhecimento sobre o processo de envelhecimento e contribuir com soluções cada vez mais empáticas e humanizadas para o público 50+.
Para começar a esquentar a conversa sobre esse tema, convido os leitores a conhecer um pouco sobre os números e a realidade em que vivemos.
O MUNDO ESTÁ FICANDO MAIS VELHO
Notícia pouco reverberada, estamos vivendo a maior transição etária dos últimos tempos!
A cada 21 segundos, uma pessoa entra no grupo dos 50+. O Brasil tem hoje a menor taxa de natalidade da história (1,7). A população brasileira continua a crescer não pela fertilidade, mas porque as pessoas estão vivendo mais.
No ano passado, alcançamos a marca de mais de 50 milhões de pessoas com 50 anos ou mais no país, representando 25% da população, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). A chamada “economia prateada” já gira em torno de R$ 1,8 trilhão por ano.
Os números não param por aí. Você sabia que 86% dos 50+ possuem renda própria e pelo menos 10,8 milhões de brasileiros dependem da renda deles para viver? E que mais de quatro milhões de idosos vivem sozinhos no Brasil? Sem falar no significativo aumento do consumo digital desse público nos últimos dois anos, que representa 6% do faturamento total do e-commerce em 2020, o equivalente a R$ 7,7 bilhões.
A população brasileira continua a crescer não pela fertilidade, mas porque as pessoas estão vivendo mais.
Sob essa perspectiva de mudanças, novas possibilidades se abrem, fazendo com que a inovação, a publicidade e o mercado de trabalho sejam mais inclusivos e empáticos. Por isso, temos acompanhado um crescente movimento contra o etarismo – o preconceito geracional contra a idade.
Não por acaso, meu livro tem um capítulo recheado de conceitos, inovações e exemplos de marcas que vêm experimentando uma aproximação com essa geração, que, por sua vez, vem mudando completamente o seu comportamento.
No entanto, o tabu do envelhecimento ainda aflige a nossa sociedade. Envelhecemos como nação enquanto temos como valor cultural a busca pela eterna juventude. O mercado debate a melhor forma de se comunicar com os millennials e a geração Z, ao passo que a população se torna mais madura.
Nesse contexto, é importante que possamos refletir sobre qual será o papel da sociedade, das empresas e das marcas nestes anos a mais que ganhamos com o aumento da expectativa de vida.
E é exatamente sobre esse olhar e esse viés que esta coluna vai tratar, levando sempre a empatia para o centro das discussões e estimulando pensamentos e ideias sobre como derrubar preconceitos e acelerar oportunidades.
Espero que, assim como eu, vocês sejam apaixonados pelo tema.
Fica aqui, então, o meu convite. Temos um encontro marcado todos os meses neste nobre espaço de reflexão.