Festival Feira Preta no metaverso: um mergulho na inovação e cultura negra

A tecnologia se tornou um aliado poderoso para amplificar as vozes da comunidade negra

Créditos: Festival Feira Preta/ Freepik

Adriana Barbosa 4 minutos de leitura

Em um contexto da tecnologia social da população negra, o Festival Feira Preta desempenha um papel fundamental na promoção do empreendedorismo, da cultura negra e da inclusão em diversas comunidades. E toda essa influência refere-se a soluções, inovações e avanços desenvolvidos por pessoas negras ou voltados para atender às necessidades e interesses desse mesmo público.

A era digital existe como algo concreto, mas também é lugar de tendência, de anúncio de um futuro que pode e deve ser lugar coletivo e acessível. Para tornar essa experiência ainda mais completa e acessível, convidei a Metamazon, empresa criada por Alder Lima, outro homem negro, para desenvolver uma tecnologia inovadora que permitiu que você participasse do maior evento de cultura negra da América Latina de forma figital (física + digital).

A realização do Festival Feira Preta no metaverso, primeiro grande evento desta natureza realizado neste ambiente a partir de tecnologias imersivas, agrega não apenas ao debate em torno das tecnologias inclusivas, mas também ao universo dos negócios, inspirando a criação de novos recursos que exploram futuros alternativos centrados na narrativa negra.

Mas, antes de falar dos tempos atuais, é necessário destacar como o conhecimento e invenções dos africanos e seus descendentes moldaram o mundo ao longo da história. Para entender melhor o tema, precisamos explorar um universo no qual a ancestralidade, a resistência e a criatividade a partir da perspectiva negra sejam os pilares fundamentais da inovação.

RECONHECENDO AS RAÍZES

A história da tecnologia está repleta de nomes de inventores e cientistas negros cujas contribuições foram ignoradas ou apagadas dos registros históricos.

Pioneiros como Arthur Jones, que patenteou um sistema de sincronização de rádio em 1939; Garrett Morgan, inventor do semáforo e do equipamento de respiração para combate a incêndios; e Lewis Howard Latimer, que aprimorou a lâmpada elétrica de Thomas Edison, são apenas alguns exemplos. Reconhecer esses indivíduos e suas realizações é essencial para entender a verdadeira extensão do legado negro nessa trajetória.

O metaverso é um espaço virtual cada vez mais relevante, do qual pessoas negras e periféricas ainda são mantidas à margem.

Explorar a contribuição dos inventores negros para o mundo tecnológico é levar a um entendimento mais profundo não apenas do passado, mas também do presente e potencial futuro da inovação. Essas pessoas têm desempenhado um papel significativo, muitas vezes superando obstáculos e discriminação para trazer suas ideias inovadoras à vida.

Nesse contexto, a combinação de arte e tecnologia abre portas para diversas iniciativas inovadoras, fazendo criadores negros utilizarem ferramentas tecnológicas para criar obras de arte imersivas e inovadoras, explorando novas formas de expressão, expandindo os horizontes da arte contemporânea.

A tecnologia se tornou um aliado poderoso para amplificar as vozes da comunidade negra, dando visibilidade às suas histórias, lutas e conquistas, combatendo o racismo e o silenciamento de suas perspectivas. Estamos vivendo o boom do metaverso, uma tendência que se destacou ao possibilitar uma imersão especializada dentro do virtual.

Ao olhar para o metaverso, entendemos ser um espaço virtual em constante expansão que está se tornando cada vez mais relevante em nossa sociedade digital, do qual pessoas negras e periféricas ainda são mantidas à margem, numa reprodução do que acontece na sociedade. Sendo assim, é importante reconhecer como a diversidade de perspectivas molda sua evolução.

Crédito: Festival Feira Preta

O Festival Feira Preta, que também nasceu para ser articulador e  facilitador dos saberes de pessoas negras, trouxe essa grande novidade na edição deste ano. Edição essa que promoveu uma experiência inédita no metaverso. Pela primeira vez, um festival de grandes proporções vai reproduzir, no ambiente online, a partir de tecnologias imersivas gamificadas, a experiência do evento físico.

Combinando a experiência física com a digital, o evento no metaverso integrou a interação entre "avatares", já conhecida no ambiente gamer, com quem esteve no evento, além de reproduzir fielmente os espaços de cada palco, com suas respectivas transmissões, a feira de produtos e serviços, com possibilidade de acessar a loja online de cada empreendedor e também ativações das marcas.

INOVAÇÃO PRETA EM ALTA

Como forma de apresentar um universo rico de saberes ancestrais e práticas criativas que redefinem a interação com o mundo, além da chegada ao metaverso, a PretaHub, realizadora do festival, em parceria com a Salve Games, também lançou durante o evento o mapa Zumbi dos Palmares no Fortnite.

Quem esteve no festival teve a oportunidade de acessá-lo em primeira mão em um espaço dedicado exclusivamente ao lançamento. O mapa já pode ser acessado gratuitamente em várias plataformas, como PC, consoles (PlayStation, Xbox, Nintendo Switch) e dispositivos móveis (iOS e Android).

Crédito: Salve Games

O jogo apresenta uma proposta decolonial e promove uma experiência com a luta ancestral por justiça e igualdade, permitindo aos jogadores defender o Quilombo dos Palmares contra ondas de invasores representados por figuras de robôs futuristas.

Os heróis da resistência, Zumbi e Dandara, estão presentes como personagens não jogáveis, oferecendo mensagens de incentivo e equipamentos para fortalecer a equipe em sua luta.

A construção se deu a partir da utilização da tecnologia Unreal Editor for Fortnite (UEFN), tornando-se acessível para milhões de jogadores em uma das plataformas mais populares do mundo. Este lançamento não só proporciona entretenimento como também educa os jogadores sobre a história e a importância da resistência negra, permitindo uma experiência imersiva e educativa.


SOBRE A AUTORA

Adriana Barbosa é fundadora da Feira Preta, evento de cultura e empreendedorismo, e CEO da PretaHub. Foi apontada pelo Fórum Econômico... saiba mais