Inventividade e criatividade preta: você vê esses talentos?
Criatividade em meio a uma centena de barreiras e dificuldades é o que compõe a trajetória de vários afroempreendedores. Quando se pensa em novos modelos de desenvolvimento, que têm como destaque o crescimento econômico, a indústria criativa assume o papel de exploração do potencial humanístico e financeiro da cultura, criatividade e imaginação.
Considerando esse conceito, sabemos que o setor promove oportunidades de inovação, tecnologia, cultura, moda, beleza, educação, sustentabilidade, turismo, publicidade, TV, rádio, design, entre outros.
Mudar a estrutura significa construir outra narrativa para um período no qual pouco se fala sobre as potências negras.
Um levantamento feito pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI) e análise de dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que serão gerados um milhão de novos empregos pela economia criativa até 2030, elevando, em consequência, a atual participação de 3,11% do setor no Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços fabricados no país).
E as perspectivas não param de crescer. Além dos números citados acima sobre geração de empregos e valor no Brasil, outros também chamam atenção. De acordo com pesquisa realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, se a economia criativa fosse um país, teria o quarto maior PIB, de US$ 4,3 bilhões.
O número de trabalhadores também impressiona: 144 milhões de profissionais no mundo todo fazem parte da economia criativa. O estudo também constatou que mais de 50% dos trabalhadores criativos (especializados e incorporados) pretos e pardos ocuparam setores culturais no segundo trimestre de 2022.
ACELERAÇÃO DOS EMPREENDEDORES
Pensando em estratégias para acelerar essas iniciativas, foi lançado um edital em parceria com a Ambev, que apoiará projetos de entretenimento e cultura a gerar mais oportunidades a produtores, artistas e empreendedores negros.
Ao todo, 21 iniciativas foram selecionadas, compondo um resultado plural de linguagens artísticas. Juntas, elas vão receber um investimento de quase R$ 7 milhões, fruto da combinação de recursos próprios e investimentos via leis de incentivo.
Outra iniciativa lançada pelo PretaHub com o apoio do Ministério da Cultura, Basf, Banco BV, Ernst Young e Mercado Livre, é o Prêmio Pretas Potências. Trata-se de um projeto que reconhecerá 150 iniciativas lideradas pela juvenmtude negra no campo da economia criativa, estreadas nos anos de 2019 e 2020.
Ao todo, serão destinados R$ 1 milhão, em prêmios de R$ 5 mil e R$ 10 mil para projetos individuais, grupos e coletivos artísticos, nas categorias de música instrumental, artes cênicas, artes visuais, literatura, audiovisual e patrimônio imaterial.
Além disso, neste ano, o Afrolab recebeu 1.550 inscrições no programa de aceleração de carreira. Entre as áreas das jornadas estão empreendedorismo periférico (SPerifas), gastronomia, moda, música e empreendedorismo de cuidado.
Além do Programa de Aceleração, ainda está prevista a realização do Afrolab Feiras e Festivais Afro, destinado a organizadores e gestores de eventos voltados à comunidade negra, e do Afrolab NIVEA: Tropa Digital, com foco em creators ou pessoas que sonham ser influenciadoras. Ao todo, serão 80 pessoas contempladas.
O PretaHub disponibiliza também espaços de economia colaborativa com cunho econômico e cultural, de difusão e preservação artística da cultura negra permanente. Ou seja, o Festival Feira Preta, que ocorre apenas uma vez ao ano, é transformado em um espaço físico e autossustentável.
Esses espaços são as Casas PretaHub São Paulo e Cachoeira/ BA que, de janeiro a agosto, realizaram 59 atividades, tendo o registro de mais de 800 pessoas participantes, além da cessão de uso de seus espaços para realização de demais atividades, produções e eventos voltados à economia criativa preta.
SER FELIZ É A NOSSA REVOLUÇÃO
Diante de tantos dados, o PretaHub vem trabalhando com projetos que não se relacionam exclusivamente com a população negra como o fim de um processo solto na lógica de quem produz e consome no país.
Esse conjunto de iniciativas não é apenas potente, mas criativo e inovador. Ele faz com que empreendedores existam nas práticas de um mercado saturado da falta de representação e proporcionalidade em seus modos de criar, desenvolver e escoar produtos e serviços.
se a economia criativa fosse um país, teria o quarto maior PIB do mundo, de US$ 4,3 bilhões.
Dentro dele, ressalto também o Festival Feira Preta. Desde 2002, fortalecemos e promovemos a valorização desses profissionais, por meio dele. O festival tornou-se um importante espaço de visibilidade e promoção de produtos e serviços produzidos por empreendedores negros, alimentando o sonho de terem seu próprio negócio no campo da economia criativa.
Esse ano, apresentamos uma nova proposta para a próxima edição, que acontece em maio de 2024, e se propõe estar no mapa dos grandes festivais que acontecem no Brasil.
Mudar a estrutura significa construir outra narrativa para um período no qual pouco se fala sobre as potências negras, convocando o mercado a incentivar eventos voltados à comunidade durante todo o ano.
Esse novo momento foi pensado com a finalidade de trazer novas experiências e pautar novas construções para o público do evento. Afinal, “ser feliz é a nossa revolução”.