De dentro do jogo: reflexões para um futuro mais justo

Luana Ozemela escreve como alguém que está dentro do jogo, negociando diariamente as tensões entre inovação e inclusão, crescimento e justiça social

jogador pensa o próximo movimento sobre um tabuleiro de xadrez
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Luana Ozemela 2 minutos de leitura

Há mais de 20 anos, dedico minha carreira ao desenvolvimento econômico e social de populações historicamente discriminadas, marginalizadas e subestimadas. Essa escolha não foi por acaso – foi uma resposta à minha própria vivência e às desigualdades que presenciei desde cedo.

Quando falamos de desenvolvimento como campo de atuação, estamos falando sobre promover mudanças estruturais e duradouras que melhorem a vida das pessoas, especialmente daquelas que foram deixadas para trás. Envolve gerar oportunidades econômicas, fortalecer direitos, ampliar acesso a serviços básicos e promover inclusão em todas as esferas.

É também um campo diretamente ligado à sustentabilidade, pois busca o equilíbrio entre crescimento econômico, justiça social e preservação ambiental. Ou seja, é trabalhar com impacto, com propósito e com responsabilidade.

Para mim, o interesse por desenvolvimento começou como um grito diante da luta coletiva dos oprimidos. É por isso que acredito que tantas pessoas se enxergam em mim e que tantas meninas aspiram chegar onde cheguei. Porque compartilho das suas dores, pois vivi as mesmas.

As cicatrizes da exclusão que enfrentei ao longo da minha jornada são justamente o que me impulsiona todos os dias.

E eu realmente acredito que isso vai além de mim. Vai além de nós. Trata-se, na verdade, do propósito da nossa existência coletiva: buscar um padrão mais elevado de convivência.

No meu trabalho com desenvolvimento dentro do ambiente corporativo, é essencial que eu nunca me esqueça da minha responsabilidade, nem me permita cair na armadilha de olhar apenas para minha trajetória pessoal.

Tenho o dever diário de compartilhar aquilo que representa as vozes dos invisibilizados: as lições que aprendo e tudo o que ressoa em mim. E, sem dúvida, a compaixão por todas as pessoas, que é um valor que verdadeiramente orienta a minha caminhada, mas que no pragmatismo diário da vida nos esquecemos.

Neste sentido, quero dedicar esta coluna a escrever sobre os dilemas da nossa geração diante do futuro do trabalho e das tecnologias emergentes, o enfrentamento das desigualdades sociais e a importância das empresas terem esse olhar.

Luana Ozemela, executiva do iFood

Quero mostrar que é possível crescer fazendo o certo – com inovação, inclusão e impacto real. Ao longo dos textos, vou falar de cultura, mudança organizacional, soluções ousadas e, principalmente, das pessoas que estão fazendo a diferença, todos os dias, nos lugares mais inesperados.

Nesta coluna, quero compartilhar com vocês reflexões que nascerão da prática. Não escrevo como observadora, mas como alguém que está dentro do jogo, negociando diariamente as tensões entre inovação e inclusão, crescimento e justiça social.

Acredito que o setor privado brasileiro tem a oportunidade de se tornar protagonista global na construção de uma economia mais equilibrada desde que se mova com coragem, consistência e visão de longo prazo.

Estejam certos, então, de que meu compromisso aqui será de trazer um olhar econômico sobre os grandes dilemas do nosso tempo, com clareza, criticidade e senso de urgência. Espero que esta coluna te provoque, te instigue e, sobretudo, te ajude a agir.


SOBRE A AUTORA

Luana Ozemela é Chief of Sustainability Officer do iFood, Conselheira do Global Future Councils 2025, iniciativa do Fórum Econômico Mu... saiba mais