O metaverso e o futuro da creator economy
Quão impossível seria, há 30 anos, imaginar que qualquer pessoa – com um investimento baixíssimo – poderia fazer suas próprias transmissões televisivas? Ou que, por exemplo, poderíamos ter uma publicação online e que ela estaria disponível para o mundo inteiro ler? Por fim, que haveria ferramentas para criar esse material facilmente e compartilhá-lo na internet, além de dispositivos para que ele fosse consumido em massa mundialmente?
O desenvolvimento da web democratizou a informação, abrindo espaço para um exército de criadores de conteúdo. Se isso tudo aconteceu em pouco mais de 30 anos, o que virá nos próximos anos? Qual é o futuro desses profissionais, do conteúdo, das marcas que o patrocinam e das pessoas que o consomem?
Falo isso porque, na primeira fase da internet (Web1), a grande novidade era a possibilidade de fazermos determinadas pesquisas na rede e conseguir achar as respostas para nossas perguntas de uma maneira mais fácil – bastava dar um Google. Descobrir e ler eram as principais atividades na nova economia da informação.
O desenvolvimento da web democratizou a informação, abrindo espaço para um exército de criadores de conteúdo.
Já na Web2, que é o cenário atual, a palavra-chave é “conexão”. Usamos, atualmente, diversas plataformas, como Instagram, Twitter, TikTok e Facebook para nos conectar, produzir conteúdo e compartilhar conhecimento. Nos tornamos dependentes das redes sociais, uma vez que nos abastecemos de informações e compartilhamos, ainda, nosso dia a dia de forma mais leve (seja voltado ao ambiente corporativo ou à vida pessoal).
Desta forma, nos tornamos um produto. Isso porque todas essas redes coletam e vendem nossos dados, além de criarem um ambiente que oferece propaganda de acordo com nosso histórico de navegação. Futuramente, a Web3 será 100% sobre pessoas, e não sobre plataformas.
No metaverso, por exemplo, além de “ler” e “postar”, as pessoas também poderão "ter". De acordo com um levantamento realizado pela consultoria de tecnologia Gartner, a taxa de usuários ativos nesse universo aumentou 10 vezes se levarmos em consideração o início de 2020 e o mês de junho de 2021. O mesmo estudo revelou que dois bilhões de pessoas estarão no metaverso até 2026.
SEM INTERMEDIÁRIOS
Ouso dizer que a creator economy é o lugar onde os efeitos do metaverso serão sentidos primeiro. Isso porque lidaremos com um mercado livre que será impulsionado por profissionais e pela troca de ativos digitais. Ou seja, se atualmente os creators dependem das plataformas para as suas atividades profissionais, no futuro eles terão o controle total, já que terá um caminho alternativo para ganhar dinheiro.
Neste sentido, os criadores poderão monetizar suas habilidades e eliminar o intermediário, sem precisar lidar com as marcas. Assim, os creators estarão intimamente ligados aos seus fãs e poderão vender a eles e cobrar como quiserem.
os produtores de conteúdo terão mais controle sobre suas criações sem a dependência das empresas para conquistarem a sua receita.
O que todas essas mudanças significam para o futuro do marketing de influência? Simplificando, haverá uma inversão de papéis, em que os produtores de conteúdo terão mais controle sobre suas criações sem a dependência das empresas para conquistarem a sua receita.
Além disso, levando em consideração este cenário, a marca que quiser se manter culturalmente relevante vai precisar ter posicionamentos claros, levantar bandeiras, entregar vivências de impacto e oferecer experiências inéditas.
Será preciso trabalhar junto com os creators, pensar no coletivo e tentar diminuir a desigualdade social – além de ampliar e democratizar o acesso às experiências/ produtos. No campo da ética, esse é um momento propício para repensar nossa relação com a tecnologia a partir de abordagens mais humanas, com foco no respeito, na diversidade e no crescimento coletivo.
Já que estamos criando um novo mundo, por que não nos empenharmos para construí-lo de um jeito mais aberto, diverso e democrático? Este, definitivamente, é o caminho que o metaverso precisa seguir.