Por que crescimento sem sustentabilidade é uma aposta perdida?
Sustentabilidade não é sobre boas intenções, e sim sobre gestão de risco, inovação e coragem para fazer escolhas difíceis.

Crescimento sem sustentabilidade é uma aposta perdida, algo que aprendi ao longo dos últimos anos observando o impacto que decisões de curto prazo podem ter sobre pessoas, negócios e cidades. Quando o foco está apenas em expandir, sem pensar nas bases que sustentam esse avanço, o que parece progresso no início acaba se transformando em risco.
Trabalhando nos bastidores de uma grande empresa, percebi que sustentabilidade e crescimento fazem parte da mesma equação. Nenhum negócio prospera de forma real se o ecossistema ao redor não evolui junto.
Entregadores precisam ter renda digna, restaurantes precisam prosperar, consumidores precisam estar satisfeitos e as cidades precisam suportar essa dinâmica. Quando um desses elos se enfraquece, todo o sistema perde eficiência.
Essa percepção mudou completamente a forma como passei a enxergar a sustentabilidade. Ela deixou de ser um braço separado da operação para se tornar o ponto de partida de qualquer decisão.
As perguntas também mudaram: em vez de “quanto custa?” ou “como isso vai parecer?”, comecei a me perguntar “que risco reduz?” e “que valor cria para todos os envolvidos?”. Com o tempo, aprendi que sustentabilidade também é uma questão de foco.
O tema é amplo e tentar fazer tudo é o caminho mais rápido para não fazer nada com profundidade. Por isso, concentrei meus esforços em três frentes que considero essenciais: vida digna, diversidade e inclusão e cidades sustentáveis.
São áreas que realmente movem o negócio e têm impacto mensurável. É com base em dados e métricas que busco entender onde cada investimento gera maior retorno social e ambiental.

Essa lógica começou a se traduzir em resultados concretos no iFood. Um exemplo foi o reajuste de ganhos para entregadores acima da inflação, acompanhado do fortalecimento de políticas de segurança, da criação de pontos de apoio e da ampliação de benefícios voltados à saúde.
Tecnologias como a telemetria passaram a ser usadas para prevenir acidentes e otimizar rotas – uma abordagem reconhecida pelo Banco Mundial em seu guia sobre segurança de motociclistas comerciais. O impacto disso é claro: mais produtividade, menores custos e maior renda.
Ainda assim, os desafios continuam e tornar o trânsito mais seguro, expandir o uso de modais elétricos, reduzir o custo de embalagens sustentáveis para pequenos negócios, exige visão de longo prazo e disposição para aprender.
Sustentabilidade se tornou o ponto de partida de qualquer decisão.
Nem sempre é possível acertar de primeira, e é justamente por isso que a disciplina para testar, medir e ajustar faz tanta diferença.
Hoje enxergo sustentabilidade menos como um projeto e mais como uma lente pela qual o crescimento precisa ser avaliado. Não é sobre boas intenções, e sim sobre gestão de risco, inovação e coragem para fazer escolhas difíceis.
Crescimento sustentável exige equilíbrio entre eficiência, dignidade e responsabilidade. Líderes capazes de enxergar valor nesse equilíbrio constroem legados que resistem ao tempo.
No fim das contas, o verdadeiro crescimento é aquele que pode ser repetido porque beneficia a todos.
