Se você foi acometido pelo futuro, alguma coisa deu errado

Crédito: Fábio Lucas/ Unsplash

Paula Englert 3 minutos de leitura

"O futuro já chegou. Só não está uniformemente distribuído."

William Gibson

Dos 20 anos que a Box1824 está no mercado, lidero-a há quase 10. Tenho a tarefa perene de despertar novas consciências, conectando marcas e pessoas com o futuro. Os que conhecem nosso trabalho de perto e que me conhecem melhor sabem que não fugimos das mensagens duras nem dos grandes desafios. Nem poderíamos. Afinal, caminhar para o futuro não é fácil.

Quando nos pegamos sendo atropelados pelo futuro, significa que não temos protagonismo sobre a construção das realidades que queremos (e podemos) construir. A vida não é somente uma somatória de passado, nem apenas uma contemplação do presente. Ela também é uma vasta possibilidade de amanhãs. E não conhecer seus amanhãs deveria ser um risco para ninguém topar, especialmente no mundo corporativo.

Olhar para o mercado é fundamental, mas olhar para as pessoas é mandatório. Afinal, pessoas seguem o mercado e o mercado deve seguir as pessoas.

Ao longo dessas duas décadas de trabalhos globais, desenvolvemos uma equação. E essa equação nos permite antecipar o novo, detectar oportunidades e decodificar movimentos nas áreas de atuação dos nossos clientes.

Mergulhamos, inicialmente e sempre, no entendimento das pessoas, na cultura e na sociedade, mapeando suas demandas, criações, pensamentos, visões e desejos. Denominamos este resultado Behavior Trends (tendências de comportamento).

Simultaneamente, estudamos o que está sendo desenvolvido nas novas tecnologias e no mercado – pode ser desde um novo aplicativo ou aparelho até um serviço que até ontem não existia. A este resultado chamamos Tech Trends (tendências de tecnologia).

Já quando uma demanda das pessoas encontra uma solução de tecnologia, vê-se uma categoria inteira mudar. A união das duas trends anteriores revela as Market Trends (tendências de mercado). É a etapa em que as inovações fazem sentido para as pessoas e geram significado, respondendo a uma necessidade até então não atendida. É neste ponto nevrálgico que criamos valor, relevância e aspiracionalidade.

Se aprendemos algo com esse modus operandi é que empresas deveriam ficar mais avessas ao olhar entrópico, que busca conexão com as pessoas só para validar pensamentos. Olhar para o mercado é fundamental, mas olhar para as pessoas é mandatório. Afinal, pessoas seguem o mercado e o mercado deve seguir as pessoas.

Escutar, participar de eventos, estar próximo das mais variadas realidades: isso é tão importante quanto se concentrar em novas patentes tecnológicas, legislações ou indicadores econômicos.

Nosso futuro é uma consequência direta das realidades que nos predispomos a imaginar.

Minha intenção com esta coluna é ampliar repertórios, visões e aproximar o futuro do nosso presente, possibilitando que sejamos mais protagonistas das nossas novas realidades e responsabilidades. Entre o deslumbramento, que gera ingenuidade, e o medo, que gera paralisia, existe o conhecimento.

O mundo está mais complexo do que nunca e cada vez menos gentil com pessoas e empresas que não estão dispostas a evoluir. Não deleguem aprendizado. Conhecimento não brota do chão, não aparece de repente. Ele se revela através de caminhos densos, de experimentação, de sinapses inusitadas pela multiplicidade de vivências e pontos de vista.

Ele nasce da coragem e da resiliência de querermos ser mais e melhores, dia sim, dia talvez, porque não são todos os dias em que queremos ser incríveis. Nosso futuro é uma consequência direta das realidades que nos predispomos a imaginar.

É preciso ter a cabeça, o coração e as estratégias abertas ao novo. Caso contrário, o futuro pode te pegar de surpresa.


SOBRE A AUTORA

Paula Englert é CEO da Box1824, empresa focada em desenhar estratégias de negócio baseadas em visões de futuro. Apaixonada por decodif... saiba mais