Além de proteger a cabeça do piloto, este capacete filtra a poluição do ar
Novo sistema de filtragem impede que motociclistas respirem os gases nocivos do trânsito
Capacetes de moto protegem a cabeça de lesões graves, mas deixam os motociclistas expostos à poluição do trânsito. A startup espanhola Zyon afirma ter resolvido esse problema com um capacete que combina tecnologia médica de filtragem com o que há de mais avançado em proteção contra impactos – limpando o ar que você respira, sem comprometer a segurança.
“Hoje não existe nenhum capacete aprovado no mercado com um sistema de filtragem integrado”, diz Tanguy Uzel, fundador da Zyon Helmets, com sede em Madri. O diferencial do capacete está no Breath Safe System, um sistema que, segundo a empresa, filtra cada molécula de ar antes que ela chegue aos pulmões.
Mas será que isso é realmente necessário? Motociclistas estão expostos a níveis de PM2.5 de até 75 microgramas por metro cúbico – cinco vezes mais do que os pedestres e 15 vezes mais do que quem anda de carro.
Essas partículas penetram profundamente nos pulmões e na corrente sanguínea, causando inflamações crônicas associadas a doenças cardiovasculares e perda cognitiva.
Filtros HEPA já se mostraram eficazes, reduzindo sintomas alérgicos em até 60% – mais do que muitos medicamentos. Já o carvão ativado é capaz de neutralizar gases tóxicos como o monóxido de carbono.
Embora nenhum filtro portátil consiga impedir completamente a exposição a poluentes, reduzir parte dela já faz uma grande diferença para quem enfrenta a poluição urbana todos os dias.
FILTRAGEM EM CAMADAS
O capacete Zyon possui três camadas de filtragem localizadas na parte frontal, no protetor de queixo, com entradas de ar em formato de colmeia e um sistema que ajusta o fluxo com base na velocidade da moto.
A primeira camada é uma barreira hidrofóbica, que bloqueia água e insetos. A segunda filtra 99,95% das partículas com até 0,3 micrômetros – incluindo as perigosas PM2.5, que entram no sistema respiratório e na corrente sanguínea.
A terceira camada é composta por carvão ativado, que absorve gases tóxicos como monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio liberados pelos escapamentos. Por fim, uma quarta camada protege todo o conjunto, garantindo a durabilidade do filtro por até três meses – dependendo do nível de poluição dos locais por onde o motociclista circula.
Esse sistema multicamadas é capaz de eliminar até 99% da poluição que normalmente seria inalada em centros urbanos – cujo nível de concentração de partículas tóxicas seria considerado inaceitável em ambientes fechados.
Para a proteção da cabeça, o capacete ainda conta com a tecnologia sueca MIPS (sistema de proteção contra impactos multidirecionais), que reduz a força rotacional em acidentes. E o melhor: tudo isso sem comprometer a vedação na região do pescoço nem o fluxo de ar limpo.
VENTILAÇÃO EM TRÊS MODOS
Segundo a Zyon, o capacete garante uma boa ventilação mesmo com a moto parada – como no sinal vermelho –, utilizando três modos que dispensam o uso de ventiladores elétricos. São eles: Urban (para tráfego lento), Road (para velocidade média) e Touring (para estradas e rodovias). Um único mecanismo alterna entre os modos conforme o tipo de trajeto.
O ar entra pela parte frontal, passa pelas quatro camadas de filtragem, percorre canais internos e sai pelas aberturas traseiras. Esse fluxo contínuo cria uma pressão positiva dentro do capacete, impedindo que o ar poluído entre por pequenas frestas – um detalhe essencial para garantir a eficácia da filtragem.
O capacete também vem com recursos inteligentes, como sensores que medem a qualidade do ar e se conectam a um aplicativo no celular, que monitora o que foi filtrado e avisa quando é hora de trocar o filtro.
“A durabilidade do filtro depende do ambiente, mas o ideal é trocá-lo a cada um a três meses. Mesmo sem uso, ele perde eficiência após aberto, por causa do contato com o ar”, explica Uzel.
“O capacete detecta os trajetos percorridos e as condições do ar em tempo real. Com essas informações, o aplicativo fornece estatísticas personalizadas sobre a poluição filtrada e o desempenho do sistema – e alerta o usuário quando for preciso trocar o filtro", complementa.
Ao que tudo indica, trata-se de uma solução promissora. A combinação entre filtragem médica, proteção MIPS e sensores inteligentes pode ajudar a proteger motociclistas de dois dos maiores riscos que enfrentam: acidentes e poluição. Para quem passa horas por dia respirando o ar poluído do trânsito nas cidades, essa pode ser a solução ideal.
