“Big advertising” ficará ainda maior com a fusão entre Omnicon e Interpublic
Se aprovada, fusão criará o maior grupo publicitário do mundo, responsável pelas contas de marcas como Apple, McDonald’s e Pepsi
A Omnicom, gigante do setor publicitário, anunciou a aquisição do Interpublic Group, unindo duas das maiores holdings de publicidade globais. Caso a fusão seja concretizada, ela resultará na maior empresa do setor em todo o mundo.
“Estamos prontos para acelerar a inovação e aproveitar as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias nesta era de transformações rápidas. Este é o momento ideal para unir nossas tecnologias, capacidades, talentos e presença global, entregando resultados superiores baseados em dados para nossos clientes”, afirmou John Wren, CEO da Omnicom, em comunicado oficial.
A fusão deve gerar economia anual de US$ 750 milhões e aumentar os lucros ajustados por ação para os acionistas de ambas as empresas. Em 2023, a receita combinada das companhias foi de US$ 25,6 bilhões, com EBITA ajustado de US$ 3,9 bilhões e fluxo de caixa livre de US$ 3,3 bilhões.
Na prática, a união colocará sob o mesmo guarda-chuva agências que atendem grandes marcas, como Geico (The Martin Agency), Taco Bell (Deutsch) e Microsoft Xbox (McCann), junto com aquelas que trabalham para Apple, McDonald’s (TBWA), P&G, Pepsi e Pedigree (BBDO). É um movimento ousado para ajudar as holdings publicitárias a acompanhar os avanços da tecnologia e as crescentes demandas dos grandes anunciantes.
Nos últimos anos, as holdings têm recorrido a fusões, aquisições e consolidações internas para integrar as várias áreas do ecossistema publicitário – criação, pesquisa, relações públicas, planejamento e compra de mídia, produção digital e redes sociais – e oferecer uma solução completa para os maiores anunciantes do mundo.
Porém, esse modelo não é livre de falhas. Ele frequentemente cria burocracias, disputas internas, prioriza a compra de mídia em detrimento da criatividade e, muitas vezes, coloca os interesses de investidores à frente da qualidade do trabalho. Isso abre espaço para o surgimento de pequenas agências independentes, que desafiam as gigantes com abordagens mais criativas e ágeis.
A fusão deve gerar economia anual de US$ 750 milhões e aumentar os lucros para os acionistas.
Para se manterem relevantes, as holdings têm ajustado suas estratégias ao longo dos anos. Em 2018, por exemplo, a WPP – atualmente o maior grupo de publicidade do mundo – uniu a J. Walter Thompson à Wunderman para formar a Wunderman Thompson e combinou a VML com a Young & Rubicam para criar a VMLY&R. Em 2023, fundiu essas duas marcas para formar a VML.
A Omnicom, por outro lado, tem mantido suas agências independentes. No entanto, a incorporação de 83 marcas da Interpublic trará novos desafios.
INOVAÇÃO, NÃO CONSOLIDAÇÃO
Nos últimos anos, o grupo reorganizou suas operações por áreas de atuação, criando o Omnicom Media Group (OMG), Omnicom Health Group (OHG), Omnicom Precision Marketing Group (OPMG) e Omnicom Public Relations Group (OPRG).
Em agosto, anunciou a criação do Omnicom Advertising Group (OAG), que será liderado por Troy Ruhanen, CEO da TBWA Worldwide, a partir de janeiro. Segundo Ruhanen, a mudança não tem como objetivo cortar custos por meio de consolidações, mas sim fortalecer as agências para que prosperem.
“O que queremos é usar a escala a nosso favor,” explica Ruhanen, ressaltando o papel do OAG na ampliação dos esforços do grupo em inteligência artificial.
Em junho, a TBWA lançou a CollectiveAI, uma plataforma de inteligência artificial baseada nos serviços de IA generativa da Omnicom, em parceria com empresas como Adobe, Microsoft, Google e Opena.AI. Essas ferramentas foram adaptadas para refletir a abordagem criativa e estratégica das agências da rede.
“Criamos plataformas robustas e as adaptamos com nossas metodologias e formas de trabalho específicas. O objetivo é identificar inovações, escalá-las de forma eficiente e ajustá-las às culturas únicas de cada agência. É aí que está a verdadeira eficiência”, conclui Ruhanen.