Estes carros de F-1 foram feitos com 400 mil peças de Lego – e correm de verdade

Parceria com a Fórmula 1 cria réplicas em tamanho real e totalmente funcionais

Crédito: Xavior Aaronson/ Hector Vivas/ Lego/ Getty Images

Jaclyn Trop 3 minutos de leitura

A maioria dos carros de Fórmula 1 ultrapassa facilmente os 320 km/h. Já os novos modelos da categoria – construídos com 400 mil peças de Lego – são bem mais modestos: chegam a apenas 20 km/h. Nada mal para veículos feitos com bloquinhos de plástico.

Para marcar o início de uma parceria de vários anos, a fabricante dinamarquesa montou 10 réplicas em escala real totalmente funcionais, apresentadas durante o Grande Prêmio de Miami.

Os 20 pilotos da temporada, incluindo astros como Max Verstappen e Charles Leclerc, desfilaram com os modelos Lego durante a tradicional parada dos pilotos, diante de milhões de fãs que acompanhavam o evento no autódromo e pela TV.

Batizados de “big builds”, os modelos levaram mais de 22 mil horas para serem montados ao longo de oito meses – somando cerca de quatro milhões de peças no total. De acordo com Julia Goldin, diretora de marketing da Lego, esse foi o projeto mais ambicioso da marca em termos de escala e complexidade.

Cada carro exibe as cores e o visual da respectiva equipe, mas todos compartilham o mesmo chassi, cabine e estrutura, preparados para dar uma volta completa no circuito de quase cinco quilômetros.

A Lego já é conhecida por suas esculturas em tamanho real – ou até maiores – instaladas em lugares como o Aeroporto JFK, em Nova York, e o Museu da Volvo, na Suécia. Mas os carros de F1 têm uma particularidade, como explica Marcel Šťastný, engenheiro-chefe do projeto: eles foram feitos para rodar de verdade.

carro de Lego
Crédito: Lego/ Divulgação

Quase em escala 1:1, as réplicas alcançam até 20 km/h graças a componentes automotivos integrados à estrutura e pneus originais da Pirelli. Os carros também ajudam a divulgar a nova linha de produtos Speed Champions, da Lego, inspirada em carros de corrida de marcas como Ferrari e McLaren, com itens que vão de minifiguras de pilotos a calotas sobressalentes.

Claro, há duas diferenças importantes entre os modelos e os carros de verdade: desempenho e design. Um carro de F-1 atual conta com um motor V6 turbo de 1.6 litro e dois motores elétricos, somando cerca de mil cavalos de potência e ultrapassando os 320 km/h.

Já os modelos da Lego foram pensados para levar dois ocupantes, ao contrário dos monopostos tradicionais – uma adaptação feita especialmente para acomodar as duplas de pilotos durante o desfile.

Mas criar espaço para duas pessoas não foi o único desafio. Como os pilotos não testaram os carros antes do evento, a Lego precisou desenvolver bancos e pedais ajustáveis, adaptando o cockpit às diferentes estaturas dos competidores.

carro de Lego
Crédito: Hector Vivas/Getty Images/ Lego Group

Segundo Martin Šmida, gerente de engenharia do projeto, a equipe usou simulações animadas e as medidas reais dos pilotos para garantir o ajuste ideal no dia da apresentação. E tudo isso em um cronograma apertado: o projeto começou em agosto do ano passado.

UMA PARCERIA DE LONGO PRAZO

Tanto a Lego quanto a Fórmula 1 sempre contaram com um público fiel, disposto a investir na experiência. Mas, desde a pandemia, as duas marcas ganharam ainda mais espaço – especialmente entre mulheres, crianças e famílias.

carro de Lego

Durante o isolamento, muita gente voltou a montar kits de Lego, incentivada também pelo sucesso do realityLego Masters”. Ao mesmo tempo, a série da Netflix “Drive to Survive”, agora em sua oitava temporada, atraiu uma nova geração de fãs para a F-1.

Os números mostram um crescimento expressivo entre crianças de oito a 12 anos. A Lego segue em expansão, com a construção de uma nova fábrica de US$ 1 bilhão prevista para começar em 2027, no estado da Virgínia, nos EUA.

Goldin não revelou quanto foi investido na parceria, mas adiantou que vem mais novidades por aí: “Esse projeto já colocou o nível lá no alto, mas estamos só começando. Está longe de ser uma ação pontual.”


SOBRE A AUTORA

Jaclyn Trop é colaboradora da Fast Company e escreve sobre o setor automobilístico. saiba mais