Como Hitler tentou reinventar o Natal durante o regime nazista

A estratégia do governo transformou símbolos culturais e familiares em instrumentos ideológicos

Natal nazista
Governos autoritários utilizam datas comemorativas para controle político e ideológico. Crédito: Imagem gerada com Copilot

Gabriel Nassif 2 minutos de leitura

O regime nazista reinventou o Natal para converter a celebração em uma ferramenta de propaganda alinhada à ideologia ariana. A celebração cristã foi remodelada em uma festa pagã usada para reforçar a pureza racial, a devoção ao Estado e o culto ao Führer.

Nomeada como Julfest, a mudança buscava neutralizar o caráter religioso da data e adaptar o feriado ao discurso oficial do Terceiro Reich.

Leia mais: 10 livros que são presentes perfeitos para o Natal

Natal sob controle do Estado

Durante o terceiro Reich nenhuma tradição escapava ao controle ideológico. Dessa forma, o Natal representava um obstáculo político ao regime por celebrar o nascimento de Jesus Cristo, uma figura de origem judaica, em um período marcado pela perseguição sistemática aos judeus.

No entanto, proibir a festa seria impopular, porém manter o feriado significava conviver com uma narrativa religiosa incompatível com a propaganda nazista. Nesse cenário, a solução adotada por Adolf Hitler e Joseph Goebbels foi transformar o Natal em uma cerimônia pagã, capaz de preservar o engajamento popular e difundir valores ideológicos do regime.

A construção do Julfest

Para romper com o simbolismo cristão, o regime incentivou a substituição do dia 25 de dezembro pelo dia 21 de dezembro, data do solstício de inverno celebrada por povos germânicos antes do Cristianismo.

Além disso, elementos centrais também foram modificados. Jesus, por exemplo, passou a ser retratado como menino solar, uma figura associada ao renascimento da luz. Já o Papai Noel deu lugar a Wotan, uma versão germanizada de Odin, reforçando a ancestralidade nórdica como base cultural do ideal ariano.

Leia mais: 9 presentes para dar para o seu chefe de final de ano

Canções transformadas em propaganda

O Ministério da Propaganda também estimulou a reescrita de músicas natalinas tradicionais. Nesse sentido, letras conhecidas receberam versões que exaltavam Hitler como protetor da nação, enquanto hinos cristãos perderam referências religiosas para destacar a figura do líder político.

Decoração a serviço da ideologia

A estética natalina também passou por um processo semelhante. Os enfeites de árvore ganharam suásticas, águias e Rodas do Sol, enquanto as árvores decoradas funcionavam como vitrines da ideologia nazista.

Propaganda para consolidar o novo ritual

Para legitimar o Julfest, o regime produziu panfletos, cartazes, discursos e objetos comemorativos que associavam o feriado a virtudes como disciplina, lealdade e devoção ao Estado.

Esse vídeo pode te interessar:

A remodelação do Natal pelo regime nazista revela como governos autoritários utilizam a cultura para construir e perpetuar narrativas e ideologias políticas. Nesse caso, o Julfest é um exemplo dessa prática, ao transformar uma celebração religiosa em instrumento de propaganda estatal.

Leia também: Black Friday: 70% dos consumidores já se planejam e 60% vão gastar mais de R$ 500


SOBRE O AUTOR

Jornalista, com experiência em produção de matérias e conteúdos multiplataforma. Atuou em veículos independentes e comunitários, além ... saiba mais