David Droga vai deixar a liderança da Accenture Song, mas não pretende parar
O executivo está deixando o cargo de CEO para sair do dia a dia da operação e se dedicar a funções mais estratégicas

David Droga está deixando o cargo de CEO da Accenture Song, a unidade global de serviços de marketing criativo da Accenture. Em setembro, ele deixa o dia a dia da operação para se dedicar a uma função estratégica mais ampla como vice-presidente da consultoria.
Em apenas quatro anos, Droga liderou o crescimento da receita da Song de US$ 12,5 bilhões para US$ 19 bilhões, ao mesmo tempo em que conquistou o Grand Prix no Festival de Criatividade de Cannes Lions todos os anos, o I-COM Data Creativity Awards, o Red Dot Design Awards, o Webbys Awards e seu primeiro Emmy.
Droga se juntou à empresa em 2019, depois que a Accenture Interactive comprou sua agência de publicidade, a Droga5. Na época, ele explicou que a comunicação de marca havia ido muito além da mera publicidade, infiltrando-se em todos os pontos de contato do consumidor com a marca – de anúncios a varejo e e-commerce.
Ele previu que a combinação da escala e da expertise digital da Accenture com a estratégia e a criatividade da Droga5 seria muito requisitada. “CEOs, CMOs e CIOs precisam estar todos na mesma página, porque agora todos se afetam”, disse ele na época. “Acho que isso será crucial para qualquer marca daqui para frente.” Seis anos depois, muitas marcas estão apenas começando a se dar conta disso.
Quando a Accenture Interactive foi rebatizada como Song, Droga (que foi nomeado CEO em 2021) viu isso como mais uma medida de preparação para o futuro, para garantir que a estrutura da empresa atendesse às demandas dos clientes.
“Agora estamos mais alinhados uns com os outros, trabalhando em soluções juntos, com o mesmo P&L [Profit & Loss Statement, ou demonstrativo de lucros e perdas]. Então não há forças concorrentes atrapalhando”, disse ele. “Acho que essa é a única maneira de avançar e entregar o que os clientes precisam.”
Como parte da transição, Ndidi Oteh, que atualmente atua como líder das Américas na Accenture Song, vai assumir como CEO da Accenture Song e Nick Law, atual presidente de criação da Accenture Song, assumirá a liderança de estratégia e experiência criativa.
Nesta entrevista, à Fast Company, Droga fala sobre sua "quase aposentadoria", sobre como a empresa evoluiu sob sua liderança e sobre ao que pretende se dedicar no futuro.
Fast Company – Vamos começar com a pergunta mais óbvia: Por que essa mudança e por que agora?
David Droga – Porque eu sentia que estávamos em um ótimo momento e que eu tinha a equipe de liderança certa. Isso me deu a convicção de que, se fosse começar algo novo ou me aposentar – ou não – eu não abandonaria o barco. Estamos prontos para a próxima fase. Montar a equipe foi provavelmente a parte mais importante.
Uma coisa consistente ao longo da minha carreira é que sempre tive pressa em provar as coisas, não apenas ficar sentado esperando que acontecessem. Você precisa aproveitar as oportunidades e tentar corresponder a elas.
A melhor maneira de provar o valor da criatividade é criar um negócio sustentável .
Você nunca termina de fazer o que se propôs a fazer, mas pode atingir metas ao longo do caminho. Então, eventualmente, você sente que aquilo ganhou seu próprio ritmo. E então pode se dedicar a tentar coisas diferentes também.
Mas eu com certeza provei o que queria provar para mim mesmo e para o público em geral: liderança criativa pode realmente impulsionar um setor, uma empresa. E é mais uma necessidade de liderança agora do que um acessório.
Fast Company – Em 2022, quando a Accenture Interactive foi renomeada para Song, falamos muito sobre espalhar a criatividade para mais áreas de solução de problemas de negócios. Como a empresa evoluiu desde então?
David Droga – Em toda a Accenture, sei que eles veem nossa criatividade e habilidades como uma vantagem. A escala da empresa é grande. É vista como uma empresa voltada para a tecnologia, com consultoria e operações no centro, e agora que eles enxergam o poder de injetar criatividade nisso tudo, podemos fazer ainda mais.
Sim, existe o marketing, mas agora podemos levar essa consistência para as plataformas de comércio, podemos fazer isso com serviços, com design, com dados e inteligência artificial.
Estamos comprovando isso, não apenas pelo quanto estamos crescendo, mas colocando nossas melhores intenções e experiência nisso. Vejo isso sendo incorporado ao que estamos fazendo para os clientes. Não estamos estagnados em uma dimensão das necessidades dos clientes.
Fast Company – Quais trabalhos ou projetos você apontaria como destaques que incorporam essas capacidades?
David Droga – Temos desde a Coinbase (anúncio do Super Bowl de 2022) até a Ópera de Sydney como uma publicidade mais tradicional. Depois, há um trabalho digital incrível, o redesenho digital da Gatorade, ou ainda o case da Ikea, em que as pessoas podem revender seus produtos antigos na própria plataforma da empresa.
Não é apenas a ideia criativa. Sempre digo que, se você olhar para as nossas ideias mais inovadoras, é uma ideia de marketing? É uma ideia de comércio? É uma ideia de design? É uma ideia de sustentabilidade? Não, trata-se da capacidade de fazer com que todas se encaixem.

Sempre tentei provar não apenas o valor da criatividade, mas também os diferentes cenários e dimensões onde ela pode aparecer.
A melhor maneira de provar o valor da criatividade é criar um negócio sustentável onde estamos crescendo, onde o trabalho dos clientes está dando certo, onde as pessoas têm oportunidades e estão entusiasmadas com o que representamos.
Mas também é difícil. Trilhar um novo caminho é intimidante, e às vezes você tropeça e falha. Já disse isso antes, mas tenho mais medo da repetição do que do fracasso.
Fast Company – Falando em trilhar novos caminhos, isso soa como uma espécie de aposentadoria. O que vem a seguir para você? O que faz um vice-presidente?
David Droga – Ainda estou participando. Sou do tipo construtor e gosto de fazer coisas. Então, vou me afastar da liderança deste empreendimento e das operações do dia a dia, e agora posso escolher e dedicar tempo às coisas que acredito que nos farão avançar.
Acho que, se eu tivesse acabado de me aposentar, provavelmente seria muito abrupto para alguém (como eu), que provavelmente é como um tubarão – você morre se parar de se mexer. Então, quero poder me concentrar e pensar em como posso contribuir de outras maneiras.