Esta elegante bolsa tote parece de couro, mas na verdade é feita de plantas

A produção de novos materiais é cara. A Pangaia espera que, ao investir na Mirum, ela consiga crescer e se tornar mais acessível

Crédito: Pangaia

Elizabeth Segran 3 minutos de leitura

Bolsas e sapatos de couro provocam um enorme impacto ambiental. A pecuária é responsável pelo desmatamento, pela perda de biodiversidade e pela erosão do solo no mundo inteiro, e a produção de pele bovina gera muito carbono.

O problema é que a maioria dos couros artificiais não é muito melhor. Muitas marcas alegam ter alternativas “veganas” ou “ecológicas” ao couro, mas seus produtos são basicamente feitos de plástico.

Acontece que todo plástico é derivado de combustíveis fósseis, que, em vez de se biodegradar no final de sua vida útil, se fragmenta em pequenas partículas de microplásticos, que vão parar no oceano e na cadeia alimentar.

A Pangaia, startup de moda focada em inovações de materiais, lançou uma nova bolsa modelo tote que nos dá pistas de uma alternativa melhor. A bolsa Gaia é feita de um novo tecido chamado Mirum, desenvolvido pela empresa de tecnologia Natural Fiber Welding (NFW). Ela é feita de borracha e outros materiais de base biológica. 

A nova bolsa, que custa US$ 500 e está disponível na loja da Pangaia em Londres, tem uma camada de algodão com efeito climático positivo e que a faz parecer, dar a sensação e funcionar de forma ainda mais parecida ao couro. No final de sua vida útil, ela é reciclável ou compostável, se passar pelos procedimentos corretos de descarte.

ENCONTRANDO UMA ALTERNATIVA MELHOR

A Pangaia tem se empenhado em encontrar uma alternativa mais sustentável ao couro. Mas Chelsea Franklin, chefe de design de conceito avançado da empresa, explica que há muitos aspectos a serem considerados. Em primeiro lugar, o material precisa ter a mesma funcionalidade do couro. 

O Mirum é feito principalmente de borracha certificada pelo Forest Stewardship Council, junto com óleos e minerais de base biológica. Ele tem o mesmo tipo de maleabilidade do couro. “O produto final precisa ter a aparência e o toque do couro”, diz ela. “Também precisa ter o mesmo tipo de durabilidade.”

Mas Franklin também estava preocupada com o que aconteceria com o material quando o cliente o descartasse. Há várias outras empresas no mercado que produzem materiais semelhantes ao couro a partir de plantas que não dependem de combustíveis fósseis.

Crédito: Pangaia

No entanto, muitas vezes eles são processados de tal forma que não têm capacidade de se biodegradar, o que significa que acabarão sobrecarregando os aterros sanitários, como acontece com o plástico.

O Mirum pode se biodegradar quando colocado nos locais corretos de descarte. A NFW também tem um sistema que permite que o material seja reciclado e transformado em novos produtos.

Como o Mirum é muito novo, esse sistema de reciclagem ainda não foi ampliado, mas a Pangaia já está pensando em como poderá coletar produtos de volta dos consumidores para reciclá-los.

O DIFÍCIL CAMINHO QUE DA MODA SUSTENTÁVEL

Nos últimos anos, assistimos ao fracasso de várias startups por falta de apoio. A Renewcell, por exemplo, construiu uma fábrica que reciclava roupas de algodão para produzir novas roupas. No entanto, ela faliu porque não recebeu pedidos suficientes de marcas de moda para seu tecido reciclado. 

A Bolt Threads desenvolveu um material de couro à base de cogumelo chamado Mylo, mas foi obrigada a interromper suas operações porque teve dificuldades para levantar fundos para se manter no negócio. “Na moda, estamos sempre operando com economias de escala”, diz Franklin. “À medida que mais marcas investem no material, o preço da produção cai.”

A Pangaia é uma das várias empresas, incluindo Stella McCartney, Reformation e Allbirds, que concordaram em comprar quantidades significativas de Mirum no futuro, para dar a ela o fluxo de caixa necessário para continuar crescendo. “Os investidores precisam perceber que existe um mercado para esses materiais de última geração”, diz ela.

Crédito: Pangaia

Antes, a Pangaia fabricava pequenas quantidades de acessórios usando Mirum. Mas, para essas bolsas, eles aprimoraram o material, adicionando um suporte feito de algodão regenerativo. Isso confere mais estrutura ao material e o faz parecer mais com o couro tradicional. “Esse processo realmente incorpora a ideia de melhoria incremental”, diz ela.

A Pangaia criou uma pequena tiragem de 100 peças dessas bolsas, mas planeja fabricar mais produtos com esse Mirum novo e aprimorado. E, de modo mais amplo, a designer espera que, à medida que o Mirum se torne mais difundido, ele se torne também mais acessível, de modo que mais marcas possam começar a usá-lo. 

“Nós nos consideramos uma vitrine para novos materiais”, diz ela. “Mas, à medida que comercializamos esses materiais, torcemos para que eles se espalhem.”


SOBRE A AUTORA

Elizabeth Segran, Ph.D., é colunista na Fast Company. Ela mora em Cambridge, Massachusetts. saiba mais