Finalmente a vida de um dos mais famosos arquitetos do mundo vai virar filme

Os bastidores do acordo que vai levar a vida de Frank Lloyd Wright para as telonas

Crédito: Fundação Frank Lloyd Wright

Nate Berg 3 minutos de leitura

Apesar de ser um dos arquitetos mais influentes e renomados do mundo, Frank Lloyd Wright nunca recebeu um dos maiores símbolos de relevância cultural: um filme sobre a sua vida.

Mas isso está prestes a mudar. A Frank Lloyd Wright Foundation fechou um acordo de licenciamento com a produtora Galisteo Media para para transformar sua trajetória em filme.

“Ele era incrivelmente ambicioso, obstinado e visionário. Mas também tinha falhas e uma vida marcada por vitórias e tragédias”, diz Rob Rosenheck, cofundador da Galisteo Media.

O longa vai focar nos anos 1920, quando Wright se mudou para Los Angeles e deu início a uma série de projetos residenciais inovadores. Utilizando blocos de concreto texturizados, essas casas deram origem ao estilo “revival maia”, que virou tendência nos EUA nas décadas de 1920 e 1930.

Foi também um período de grandes mudanças na vida pessoal de Wright. O arquiteto, que morreu em 1959, aos 91 anos, havia se mudado para a costa Oeste após uma tragédia devastadora em 1914, quando sua companheira e mais seis pessoas foram assassinadas em Taliesin, sua casa no estado de Wisconsin.

A temporada em Los Angeles foi transformadora: redefiniu sua visão arquitetônica e abriu caminho para algumas de suas obras mais icônicas, das casas em estilo revival maia ao Museu Guggenheim e à Casa da Cascata (Fallingwater).

Museu Guggenheim em Nova York
Museu Guggenheim em Nova York (Crédito: Fundação Frank Lloyd Wright)

Rosenheck e Cindy Capobianco, também cofundadora da Galisteo Media, conhecem bem esse período de Wright. Desde 2019, eles moram na Ennis House, projetada por ele em 1924 e localizada no bairro de Los Feliz, em Los Angeles.

Famosa por aparecer no filme “Blade Runner – O Caçador de Androides”, a Ennis House é uma das quatro residências com blocos têxteis que Wright construiu na região.

O casal comprou a propriedade do bilionário Ron Burkle por US$ 18 milhões – o maior valor já pago por uma residência projetada por Wright. Mas a casa também vinha com alguns desafios: a técnica de construção, inovadora nos anos 1920, mostrava-se frágil diante da deterioração estrutural, agravada pelos danos causados por um grande terremoto que atingiu a região em 1994.

Fundadores da Lord Jones, uma das primeiras empresas de cannabis a consolidar o mercado de bem-estar com produtos à base de CBD, Rosenheck e Capobianco tinham os recursos para preservar o imóvel histórico.

Além disso, têm experiência na indústria de cinema. Sua produtora foi responsável pelo documentário “Lover of Men: The Untold History of Abraham Lincoln”, de 2024, que explora a vida íntima de Abraham Lincoln e seus relacionamentos com outros homens.

Casa da Cascata (Crédito: Fundação Frank Lloyd Wright)

Vivendo em uma casa projetada por Wright e mergulhando em sua história, o casal se surpreendeu ao perceber que nunca havia sido feito um longa sobre a vida do arquiteto. “Foi natural pensarmos em produzir um filme sobre Frank Lloyd Wright”, conta Rosenheck.

Como administradores da Ennis House, eles já mantinham uma relação próxima com a Fundação Frank Lloyd Wright. As conversas sobre o licenciamento começaram no ano passado e, em julho, o acordo foi fechado: a Galisteo teria os direitos exclusivos para produzir conteúdos sobre a vida de Wright, com foco em sua fase em Los Angeles.

Frank Lloyd Wright fundou a Escola de Arquitetura de Taliesin, no Arizona (Crédito: Fundação Frank Lloyd Wright)

“Explorar novas mídias não apenas traz mais visibilidade e reconhecimento para as obras de Wright, como também está totalmente alinhado com ele. Wright sempre teve uma relação profunda com a mídia”, explica Joseph Specter, CEO e presidente da fundação.

Segundo Rosenheck, a Galisteo já desenvolveu um tratamento inicial para o roteiro e vem se reunindo com roteiristas, diretores e atores para encontrar os parceiros certos. Ele acredita que o filme pode sair do papel em breve – junto com outros projetos, como séries e podcasts.

“É uma história que ainda não foi contada, mas que está na lista de desejos de muita gente. Todos sabem da responsabilidade de contá-la da maneira certa.”


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais