Google permite escolher fontes preferidas nas buscas
Novo recurso permite que usuários escolham a fonte dos seus resultados de pesquisa

O mecanismo de busca do Google está prestes a ficar muito mais personalizado.
A empresa acaba de lançar um novo recurso que permite aos usuários definir suas fontes favoritas, garantindo que as notícias publicadas nesses veículos apareçam com mais frequência nos resultados.
Chamado de “Preferred Sources” (fontes preferidas), o recurso – somado às recentes atualizações de IA no buscador – está transformando o que significa “dar um Google”. Em muitos casos, a experiência se torna mais rápida, prática e personalizada. Mas, ao mesmo tempo, a busca caminha para algo mais limitado – e distante da ideia original de exploração e descoberta.
UMA NOVA FORMA DE NAVEGAR
Para usar o Fontes Preferidas, basta pesquisar um tema em destaque, ir até a seção “Principais Notícias” e clicar no pequeno ícone ao lado do título. Um menu aparece, permitindo selecionar quantas publicações ou sites o usuário quiser.
Depois disso, essas fontes passam a aparecer com mais frequência nas “Principais Notícias” e em uma seção separada chamada “De suas fontes”. Ainda será possível acessar conteúdos de outros veículos, e as preferências podem ser alteradas a qualquer momento.
O Google já havia testado o recurso em junho com um pequeno grupo de usuários – um experimento que recebeu “feedback extremamente positivo”, segundo um porta-voz da empresa.
“[Os usuários] adoraram poder personalizar a experiência de busca dessa forma”, disse ele. “Muitos também gostaram de ter a possibilidade de selecionar várias fontes – mais da metade escolheu quatro ou mais.” Na prática, o recurso dá mais controle sobre os resultados principais, em vez de deixar que apenas o algoritmo decida.
Ainda não se sabe como será usado em larga escala, mas a expectativa é que torne as buscas mais rápidas e satisfatórias para alguns usuários – ao custo de reduzir o espaço para descobertas inesperadas. Afinal, quando os resultados já vêm de fontes escolhidas (que geralmente são confiáveis para o usuário), há menos incentivo para explorar outros veículos.
O DILEMA ENTRE PERSONALIZAÇÃO E RESUMOS DE IA
O lançamento acontece em meio a uma grande transformação no mecanismo de busca do Google. Nos últimos anos, a empresa vem expandindo os AI Overviews, resumos gerados por IA (baseados no modelo Gemini) exibidos acima dos links tradicionais.
Embora incluam links externos, a ferramenta foca em entregar respostas diretas. Um estudo do Pew Research Center, realizado em julho, mostrou que esses resumos reduzem a taxa de cliques: entre os 900 adultos analisados, apenas 8% clicaram em um link tradicional após ver um resumo de IA, contra 15% entre os que não tiveram contato com o recurso.
O estudo também apontou que usuários tendem a encerrar a navegação depois de ler um resumo de IA, em vez de continuar explorando. O impacto no tráfego de veículos independentes é um dos pontos citados em uma ação antitruste contra o Google na União Europeia. Apesar de ter recebido melhorias desde o lançamento, especialistas ainda alertam que os resumos ainda podem conter erros.
Em um post publicado no blog da empresa, Liz Reid, vice-presidente e chefe de busca do Google, afirmou que o volume total de cliques orgânicos do buscador para sites se manteve “relativamente estável ano a ano”. No entanto, reconheceu que “mudanças no comportamento dos usuários estão alterando o tráfego – alguns sites recebem menos visitas, outros mais”.
Mesmo assim, de acordo com o estudo do Pew Research Center, parte dos usuários os resumos de IA estão encurtando um processo que antes envolvia explorar links, mergulhar em artigos e aprender algo novo. Agora, com o Fontes Preferenciais, esse processo pode se tornar ainda mais instantâneo – e menos exploratório – para quem adotar o recurso.
Vale destacar que o Google também lançou recursos que incentivam a exploração de temas como receitas, restaurantes, viagens e compras.
“Sabemos que os usuários gostam de navegar e que existe prazer na descoberta. Nem sempre se trata apenas de uma resposta instantânea”, afirmou Rhiannon Bell, vice-presidente de experiência do usuário do Google, em entrevista à Fast Company em outubro de 2024.
Ainda assim, ao tentar equilibrar descoberta e praticidade, o Google pode estar caminhando para um modelo de busca mais fechado em si, em vez de continuar sendo um portal de exploração aberta.