Revolução na medida

Marcas de moda adotam realidade virtual e outras tecnologias para resolver o eterno problema: qual é o seu tamanho?

Crédito: onurdongel/ iStock

Vanessa Gani 2 minutos de leitura

Quem nunca ficou confuso sobre qual tamanho de roupa comprar? Em uma loja você é M e na outra, G? Aprendemos a lidar com essa confusão nos conformando que provar é a única saída, enfrentando filas e um tira e põe sem fim.

Na compra online, essa insegurança é maior, ainda mais para aqueles considerados fora do padrão, que não veem seus corpos representados nem nos anúncios. Mas, e se eu te contar que isso está prestes a mudar?

Existem diversas novas tecnologias que visam sanar essa dor. Provadores com realidade aumentada tentam imitar o sonho de infância de muitos millennials: o armário das patricinhas de Beverly Hills.

A MySizeID Mirror criou um espelho com realidade aumentada em que o cliente escaneia o código de barras da peça e consegue se ver usando o look, além de receber a recomendação do tamanho certo.

Muito mais prático, não? No exterior já é comum encontrar essas experiências em lojas conceito. No ambiente online também há inovações parecidas. O próprio Google, nos EUA, já tem uma funcionalidade que permite que você escolha em qual tamanho quer visualizar o anúncio de uma peça, graças a uma distorção da imagem feita com inteligência artificial.

Já a Levi 's testou em seu site avatares hiper-realistas com diferentes corpos e etnias, nos quais o cliente poderia provar a roupa virtualmente na sua modelo favorita. A marca de lingerie Triumph tem um scanner em seu site em que o consumidor pode fazer um vídeo de seu corpo e ele recomenda a numeração correta.

No Brasil quem vem anunciando até na rádio uma tecnologia parecida é a Reserva, e eu resolvi testar. Batizado de Provador Surreal, a Reserva promete uma experiência diferente. Em seu aplicativo é possível receber a recomendação de tamanho tanto ao escolher um avatar quanto provando em sua própria imagem. Funciona? Mais ou menos.

O avatar provou várias roupas, mas não a que eu queria. E, depois de muito malabarismo para tirar uma foto correta, não consegui vestir as roupas em mim. Inabilidade? Talvez. Mesmo frustrada, fiquei com gostinho de quero mais. É uma questão de tempo para aperfeiçoar essa funcionalidade.

Além de satisfazer o cliente e, com isso, aumentar as vendas, as marcas que adotarem essas tecnologias contarão com mais uma vantagem: dados. Hoje, as peças das marcas são construídas com base em estudos de corpos feitos com uma amostragem populacional. O que mudaria se elas tivessem à sua disposição todas as medidas de seus clientes? 

Poderiam construir suas roupas com medidas e numerações condizentes com a dos clientes e até enviar peças com tamanhos diferentes para diferentes regiões do Brasil, evitando desperdícios de produção.

E que tal um passo além? A M.Taylor, além de oferecer o serviço de escaneamento pelo celular, possibilita que o cliente faça peças sob medidas com maior precisão e custo-benefício do que um alfaiate. Quem sabe esse seja o início do fim de uma ditadura de tamanhos.


SOBRE A AUTORA

Vanessa Gani é gerente de moda e estilo de novos negócios na C&A. saiba mais