Ruptura: como seria se sua vida pessoal e profissional nunca se encontrassem
No LinkedIn, a Lumon Industries está fazendo uma paródia oportuna contra as postagens corporativas mais clichês
Na semana passada, os atores Adam Scott, Britt Lower e Zach Cherry entraram na Grand Central – a emblemática estação de trem de Nova York –, se fecharam em um cubo de vidro gigante contendo três estações de trabalho retrofuturistas e começaram a trabalhar como se fosse um dia qualquer no escritório.
A performance fazia parte da campanha de marketing da segunda temporada do sinistro thriller sobre ambientes de trabalho da Apple TV+, "Ruptura" ("Severance"), que acabou de estrear.
Em termos gerais, a série explora o que poderia acontecer se a “vida profissional” de um funcionário corporativo fosse literalmente separada de sua “vida pessoal” por meio de um procedimento médico.
A performance na estação central de Nova York atraiu bastante atenção, incluindo uma postagem no X/ Twitter com quase 200 mil curtidas que dizia: “arte performática para marketing. a televisão de verdade está de volta!”.
Sim, a ideia é genial: um espetáculo público feito pelo elenco da série, orquestrado para exibir funcionários de escritório, que reflete níveis de vigilância corporativa dignos do universo de George Orwell.
performance art for marketing. television is so back. https://t.co/1fFrn0U8G0
— jay (@kendallhosseini) January 14, 2025
Mas além desse evento que viralizou, a equipe de marketing também merece ser elogiada por outra jogada inteligente que vem fazendo desde a estreia da série, em 2022: o perfil da Lumon no LinkedIn, uma excelente paródia da maneira como empresas de verdade usam essa rede social.
Em sua página do LinkedIn, a corporação obscura retratada em "Ruptura", a Lumon Industries, faz postagens regulares para garantir à sua rede que seus funcionários estão muito bem, obrigado (só que não). Desde que surgiu do nada, em 2022, a página da empresa de “biotecnologia” acumulou 21 mil seguidores.
A conta que faz paródia acertou em cheio na combinação de jargão corporativo inacessível, discursos fora de contexto e otimismo exagerado que define a maioria dos posts irritantes do LinkedIn (estamos nos referindo a vocês, presidentes de empresa dramáticos, diretores executivos eufóricos e vendedores B2B).
“Para aqueles que estão procurando por más intenções em nossas práticas comerciais, não procurem mais”, diz um post recente e cheio de jargões. “Ruptura, nosso procedimento inovador de trabalho interno, abriu a vida de nossos funcionários para mais satisfação, agilidade e alegria.”
Para completar, a postagem inclui um anúncio no estilo anos 80 que exagera no potencial do modelo de negócios da Lumon, concluindo com um funcionário excessivamente sorridente e a promessa de que “a Lumon está ouvindo”.
Em outubro, a equipe de marketing do seriado deu início à promoção da segunda temporada com uma publicação no LinkedIn para o Dia da Valorização do Funcionário.
“Valioso funcionário da Lumon, nenhuma pessoa é mais apreciada do que você, NOME. Sua adesão aos padrões do TÍTULO DO TRABALHO foi notada. Por favor, desfrute de um (1) pacote gratuito de uvas passas murchas.”
Em homenagem à ocupação da Grand Central, a Lumon também recorreu ao LinkedIn para elogiar seus funcionários por “demonstrarem o poder da colaboração e da alegria profissional”.
Para uma série de TV que se dedica a examinar o horror por trás das big techs e do mundo corporativo, temos que concordar com a equipe de marketing que o LinkedIn é a plataforma perfeita para fazer qualquer tipo de posicionamento público.