Um mexicano leva o Prêmio Internacional de Arquitetura Paisagística

Designer responsável por transformar parques no México e no exterior acaba de receber o Prêmio Oberlander

Mario Schjetnan, arquiteto e paisagista
Créditos: Jerry Harpur/ Grupo de Diseño Urbano S.C./ Barrett Doherty/ The Cultural Landscape Foundation

Nate Berg 3 minutos de leitura

O mais importante prêmio mundial de arquitetura paisagística foi concedido ao designer mexicano Mario Schjetnan, um profissional multifacetado cujo trabalho transformou parques na Cidade do México e impulsionou grandes projetos de habitação social em todo o país.

Schjetnan e seu escritório, o Grupo de Diseño Urbano (GDU), foram anunciados como vencedores do Prêmio Internacional de Arquitetura Paisagística Cornelia Hahn 2025, concedido a cada dois anos pela Cultural Landscape Foundation a profissionais que se destacam por sua influência e impacto no campo do paisagismo.

O GDU é responsável por alguns dos parques mais emblemáticos do México, como o Bosque de Chapultepec – o segundo maior parque urbano da América Latina, muitas vezes chamado de “Central Park mexicano”.

Com foco no acesso equitativo à natureza, na aplicação de soluções ambientais e na recuperação de áreas pós-industriais, o escritório ajudou a redefinir o papel dos parques urbanos no país.

Na justificativa do prêmio, o júri destacou Schjetnan como “uma voz importante em favor do engajamento social e da justiça ambiental, unindo esses princípios à arte da arquitetura paisagística.”

O Prêmio Oberlander concede US$ 100 mil e inclui dois anos de atividades públicas dedicadas à divulgação da obra do vencedor. Schjetnan é o terceiro a receber a honraria.

Bosque de Chapultepec, na Cidade do México
Bosque de Chapultepec, na Cidade do México (Crédito: Divulgação)

A primeira laureada, em 2021, foi Julie Bargmann, do D.I.R.T. Studio, conhecida por projetos de recuperação de áreas degradadas. Em 2023, o premiado foi o arquiteto chinês Kongjian Yu, criador do conceito de “cidades-esponja” – que faleceu em um acidente aéreo no Brasil em setembro.

OS PRINCIPAIS PROJETOS DO GDU

Schjetnan fundou o GDU em 1977, após liderar, por cinco anos, um grande programa de habitação popular do governo mexicano que resultou na construção de mais de 100 mil moradias acessíveis em todo o país.

Desde então, o escritório mantém esse foco social, priorizando o acesso a áreas verdes e o uso de sistemas naturais para revitalizar espaços degradados nas zonas urbanas e em seus arredores.

Parque Linear do Novo Canal, na Cidade do México
Parque Linear do Novo Canal, na Cidade do México (Crédito: GDU)

“A grande questão da minha vida é melhorar as condições de vida nas áreas mais pobres do México e da América Latina – promover justiça social e equidade urbana, inclusive nas regiões mais ricas”, diz Schjetnan.

Entre os projetos mais notáveis do arquiteto está o Parque Ecológico de Xochimilco, uma reserva natural e espaço de lazer de 277 hectares na Cidade do México que faz parte da famosa região de lagoas reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Parque Ecológico de Xochimilco, na Cidade do México
Parque Ecológico de Xochimilco, na Cidade do México (Crédito: GDU)

Schjetnan também realizou projetos nos Estados Unidos, como um parque à beira-mar na cidade de Oakland, na Califórnia, uma paisagem interpretativa sobre trabalhadores imigrantes em Sonoma, na Califórnia, e um parque linear ao longo de um riacho em San Antonio, no Texas. O GDU também assinou projetos em outros países da América Latina e do Oriente Médio.

Cornerstone Festival of Gardens, em Sonoma, na Califórnia
Cornerstone Festival of Gardens, em Sonoma, na Califórnia (Crédito: GDU)

Ao premiar Schjetnan, a Cultural Landscape Foundation destacou uma abordagem de arquitetura paisagística que vai além do design e busca promover transformações duradouras na vida urbana.

“Há mais de 50 anos, o compromisso de Mario Schjetnan com o direito de acesso a espaços públicos e com a importância de incorporar valores culturais em seus projetos tem sido essencial para a criação de cidades mais justas e sustentáveis”, afirma Charles Birnbaum, presidente e CEO da fundação.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais