As justificativas das big techs para os cortes em seus programas de DEI
Empresas de tecnologia como Meta e Amazon estão fazendo mudanças significativas em suas iniciativas de diversidade, equidade e inclusão
No último ano, várias empresas começaram a recuar em seus compromissos com diversidade, equidade e inclusão. Entre elas estão fabricantes como John Deere e Harley-Davidson e grandes varejistas como Walmart e McDonald’s.
Agora, algumas das maiores empresas de tecnologia estão seguindo o mesmo caminho. Nos últimos dias, tanto a Meta quanto a Amazon confirmaram mudanças significativas em seus programas de DEI.
Essas decisões podem ter motivações políticas: na semana passada, a Meta também relaxou suas políticas contra discurso de ódio, e o CEO Mark Zuckerberg se encontrou com o presidente eleito Donald Trump.
No entanto, como já foi noticiado pela Fast Company, a indústria de tecnologia vem, há algum tempo, reduzindo silenciosamente seus investimentos em DEI. Isso tem acontecido principalmente por meio de demissões nas equipes dedicadas a essa área e pela falta de progresso nas promessas feitas em 2020.
Gigantes como Google e Meta vêm cortando gradualmente seus esforços em diversidade nos últimos anos, diminuindo o número de funcionários e reduzindo programas voltados para a contratação e para o desenvolvimento de carreira de grupos sub-representados.
Além disso, algumas das mudanças que as empresas estão fazendo parecem ter como objetivo reformular o trabalho de DEI, afastando-se dos termos que se tornaram alvos de disputas políticas e ações judiciais de grupos de extrema direita nos EUA.
A seguir, uma análise mais detalhada sobre os cortes recentes e o que isso pode significar para o futuro da diversidade nas grandes empresas de tecnologia (Meta, Apple, Google e Microsoft preferiram não comentar sobre mudanças atuais ou planejadas).
META
De acordo com a “Axios”, a Meta decidiu extinguir a equipe que trabalhava exclusivamente com DEI. Em um memorando interno, a chefe de RH, Janelle Gale, disse que o termo “se tornou carregado, em parte porque algumas pessoas o veem como uma prática que sugere tratamento preferencial para certos grupos”.
Ela também destacou que os treinamentos de DEI serão reformulados para focar em “práticas justas e consistentes que reduzam os preconceitos para todos”.
O mais marcante é que as metas de representatividade também serão extintas – algo que muitas empresas de tecnologia adotaram há cerca de uma década, quando começaram a publicar relatórios de diversidade. No entanto, essa mudança não é tão recente: a Meta afirma já ter eliminado as metas de representatividade para mulheres e minorias étnicas.
A forma como a empresa apresenta essas mudanças sugere que está sendo mais explícita para evitar problemas legais e, ao mesmo tempo, tentando se distanciar do termo DEI.
AMAZON
Na semana passada, a Amazon anunciou que também está fazendo ajustes em seus programas de diversidade, equidade e inclusão, embora ainda não tenha revelado os detalhes.
Segundo a “Bloomberg”, as mudanças foram descritas em um memorando de Candi Castleberry, executiva de RH, que informou que a Amazon havia avaliado centenas de iniciativas e pretendia “descontinuar programas e materiais desatualizados”. A empresa não especificou quais programas seriam afetados.
Apesar disso, a Amazon ainda mantém, em certa medida, a linguagem de DEI. Em sua página oficial, há uma seção intitulada “diversidade, equidade e inclusão” que reafirma o compromisso da empresa em criar um ambiente diverso e inclusivo.
APPLE
A Apple está enfrentando uma proposta de acionistas que visa enfraquecer seus programas de DEI. A proposta foi apresentada pelo mesmo grupo conservador que recentemente tentou algo semelhante na rede varejista Costco, onde a ideia foi rejeitada.
O grupo alega que as políticas de diversidade representam “riscos legais, reputacionais e financeiros” para as empresas.
Até agora, a Apple tem mantido sua posição, destacando que conta com um “programa de conformidade bem estabelecido” e argumentando que a proposta busca restringir indevidamente suas operações. O conselho da empresa pediu que os acionistas votem contra a proposta durante a reunião anual marcada para fevereiro.