Business não foi usado para o bem em 2023. Este ano poderá ser melhor?
Negócios lucrativos podem se dar ao luxo de investir, e os líderes mais perspicazes enxergarão a oportunidade de investir no futuro da humanidade
Os negócios foram inventados por humanos, para humanos, certo? O conceito fundamental do comércio emancipou nossos antepassados caçadores-coletores, permitindo que nós, seus descendentes, possamos parar e apreciar as flores.
No entanto, hoje, à medida que forças capitalistas complexas moldam um cenário empresarial distante das abelhas operárias, essa verdade simples começa a parecer menos verdadeira.
Sou frequentemente confrontada com uma questão existencial: se meu negócio pode ser uma força positiva – para clientes, funcionários, para o planeta e a sociedade. Quando não consigo responder a essa questão de maneira positiva e imediata, sei que preciso explorar o motivo.
Porque, em geral, sou uma pessoa que acredita que podemos ser essa força positiva. Mas também sou pragmática. E, agora que 2023 chegou ao fim, não consigo deixar de sentir que a comunidade empresarial, infelizmente, ficou devendo.
Enquanto o termo "capitalismo consciente" provocava verdadeiras batalhas culturais nas salas de reunião, observamos a ação de forças econômicas inescrupulosas se movimentando no cenário global.
Ao sediar a COP28, a cúpula da ONU sobre ação climática, documentos vazados da Arábia Saudita destacaram o enorme potencial lucrativo da venda de petróleo para mercados emergentes. Em plena conferência do clima. Duas caras? Sim.
Em paralelo, conforme o preço das ações da Unilever caía, também o fazia a confiança em torno do impacto social. O novo CEO da empresa, Hein Schumacher, chegou a classificar recentemente o propósito corporativo de zerar suas emissões de carbono de “uma distração indesejada". Decepcionante? Sim.
Também não vamos esquecer que, ao longo do ano passado, assistimos à novela da compra da plataforma anteriormente conhecida como Twitter pelo bilionário Elon Musk, por US$ 44 bilhões. Sua gestão tem sido marcada por surpreendentes reviravoltas, incluindo a redução da equipe de 8 mil funcionários para apenas 1,5 mil. Chocante? Sim.
Essa ação definiu o tom para o que deveria ser chamado de o ano das demissões, totalizando mais de 150 mil nos EUA – mais do que em 2021 e 2020 combinados. Desde gigantes como Goldman Sachs até a CNN, sem mencionar PepsiCo e Spotify, assim como startups como a minha, todos tivemos que tomar decisões difíceis este ano.
Admito que demissão é um recurso fácil de usar para pagar a menos aos trabalhadores – e gerar renda é uma das formas mais fundamentais de os negócios serem uma força para o bem. Razão pela qual é importante que sejamos abertos e francos sobre isso.
Ao mesmo tempo, o que vimos em 2023 foi um aumento marcante no resultado final das empresas. Menos despesas significam margens de lucro mais altas, o que explica, pelo menos em parte, por que o lucro da Meta mais que dobrou ano após ano.
Gerar lucro não é algo ruim. Com lucros sólidos, as empresas podem pagar impostos, contratar pessoas, comprar de fornecedores e tratar seus funcionários de maneira justa.
Olhando para 2024, o lucro é, sem dúvida, o ponto mais importante a ser considerado pelos líderes empresariais, enquanto nos preparamos para um ano cheio de turbulências econômicas e geopolíticas.
Eu diria que o otimismo vem (ou deveria vir) com sua parcela justa de responsabilidade. Porque quanto mais dinheiro você tem, mais bem pode fazer. Isso é a base do altruísmo eficaz e sua premissa central de "ganhar para dar". Ou seja, a crença de que as pessoas devem maximizar o bem que podem fazer no mundo ao abraçar carreiras lucrativas, para garantir que possam "retribuir" o máximo possível.
LUCRO DO BEM
Dado o contexto de eficiência e rentabilidade corporativa, os altruístas eficazes seriam rápidos em sugerir que a pergunta principal que o mundo dos negócios deveria estar se fazendo é onde e como esse lucro está sendo investido.
Vamos analisar a tentativa fracassada de 2023 de limitar a lucratividade, personificada no caso da OpenAI. A inteligência artificial é tremendo gerados lucro. Criadora do ChatGPT, a OpenAI foi fundada em 20015 por um grupo de pesquisadores e investidores nasceu como uma organização sem fins lucrativos.
quanto mais dinheiro você tem, mais bem pode fazer. Isso é a base do altruísmo eficaz e sua premissa central de "ganhar para dar".
Mas ela não conseguir permanecer assim. Em 2019, se tornou uma empresa de “lucro limitado”. Para controlar os lucros, foi estabelecida uma estrutura de governança e um conselho sem fins lucrativos, projetado para proteger a integridade ética da organização.
Foi uma ideia inspiradora e, para muitos de nós do "clube dos negócios para o bem", parecia verdadeiramente emocionante. Isso foi até o início de 2023, quando a Microsoft "neutralizou" esse conselho "ético", antes de finalmente reinstalar o CEO demitido, Sam Altman, em questão de dias.
Isso levanta a questão: como limitar o lucro em prol do bem social? Ou melhor, talvez a pergunta mais adequada a ser feita aos líderes empresariais seja: como aproveitar o lucro, em vez de limitá-lo?
Empresas lucrativas podem se dar ao luxo de investir, e os líderes mais perspicazes verão a oportunidade de investir no futuro de nossa espécie. O lucro é nossa passagem para sair desse ciclo destrutivo. O lucro, quando investido intencionalmente, nos dá a oportunidade de, coletivamente, parar e apreciar as flores. E talvez até plantar algumas para a próxima geração.