Esta habilidade subestimada pode ajudar a evitar erros que custam caro

Veja como a inteligência cultural pode ajudar equipes a evitar erros caros e dolorosos – e incrementar resultados

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Mita Mallick 3 minutos de leitura

Há quem diga que as políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) estão acabadas. No entanto, a reação contra essas iniciativas não impede que a “inteligência cultural” impacte seriamente os resultados financeiros de uma empresa.

Em outubro, a fabricante de alimentos Heinz foi criticada pelos consumidores norte-americanos não uma, mas duas vezes, por conteúdo racista. A empresa colocou no ar um anúncio que explorava o estereótipo dos pais negros ausentes, além de outro que mostrava um homem negro semelhante ao blackface.

Não foi um caso isolado. No ano passado, a Dior foi acusada de racismo por mostrar uma modelo asiática puxando o canto do olho. Ao longo dos anos, marcas como Gucci, H&M, Pepsi, Heineken, Dove e outras enfrentaram críticas duras nas redes sociais, com consumidores apontando conteúdo racista e prometendo não comprar mais seus produtos.

Conforme a reação contra a DEI vai se intensificando, muitas empresas começam a deixar de lado os compromissos que haviam assumido de criar organizações mais inclusivas. Portanto, é provável que vejamos ainda mais desse tipo de problema.

Como líderes, podemos continuar a focar nossas equipes em desenvolver uma habilidade importante: a inteligência cultural. Isso nos ajuda não apenas evitar erros caros, mas também a continuar a servir os consumidores com autenticidade e propósito.

Aqui estão três coisas para começar a focar:

1. Tenha curiosidade para aprender sobre experiências que não são suas

Quando queremos nos educar sobre experiências de vida que não são familiares para nós e comunidades às quais não pertencemos, começamos a desenvolver a inteligência cultural, a praticar empatia, a ter compaixão e compreensão de coisas com as quais não tivemos que lidar, ou que não fizeram parte de nossas vidas. Também aprendemos a nos envolver com coração e mente abertos.

Como líderes, sempre que estivermos vendendo um produto ou serviço para uma comunidade com a qual não nos identificamos, é o momento de parar e perguntar a nós mesmos: realmente entendemos as experiências desta comunidade? Quais nuances estamos deixando de ver? Quais estereótipos estamos reproduzindo sem perceber? Temos os talentos certos em nosso ecossistema para nos ajudar?

2. Ouça todas as vozes

Embora se fale muito sobre diversidade de representação, não discutimos quem são aqueles que tomam as decisões. Uma coisa é dizer que temos pessoas de várias origens dando seu feedback e expondo seus pontos de vista; outra é realmente ouvir o que elas têm a dizer e acreditar nelas.

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É aí que nossa inteligência cultural é testada: quando ouvimos algo que não queremos aceitar como verdade. A chave para liderar com inteligência cultural é ouvir as vozes sub representadas, mesmo que sejam apenas um sussurro, e garantir que elas sejam levadas em conta na hora da decisão final.

Não despreze as outras pessoas da equipe, incluindo os colegas mais jovens. Ouça atentamente os sussurros e as vozes silenciosas, aqueles que hesitam em compartilhar o que realmente pensam, mas encontram coragem para fazê-lo. Eles podem ser a chave para destravar processos que, lá na frente, vão evitar erros de comunicação ou produtos equivocados.

3. Aprenda com os erros culturais

Se abrirmos nossos feeds de mídia social em qualquer dia, veremos consumidores chamando a atenção das marcas para erros culturais e falhas que cometeram. Isso pode levar a uma crise de imagem nas redes sociais, exigências de desculpas e boicotes. Nessa hora, o melhor é aprender sobre o que deu errado e aumentar nossa inteligência cultural.

Em suas próximas reuniões de equipe, considere trazer os exemplos da Heinz, Dior, Pepsi e outros. Discuta com o seu pessoal o que eles veem no conteúdo, o que têm dificuldade de entender e onde as marcas erraram.

Levante questões como: os consumidores estão sendo muito sensíveis? Ou estão chamando a atenção para conteúdo racista, sexista ou homofóbico? Se você estivesse nesse projeto, como evitaria que o produto ou anúncio em questão fosse lançado no mercado?

Finalmente, após revisar esses erros culturais, tire um tempo para estudar mais a fundo sobre diferentes comunidades. Desenvolver sua inteligência cultural é uma jornada contínua. Ao se comprometer a estar mais consciente e a aprender sobre experiências que não são suas, você está se mostrando uma pessoa e um líder mais humano e inclusivo.


SOBRE A AUTORA

Mita Mallick é head de inclusão, equidade e impacto na Carta, plataforma que ajuda as pessoas a gerenciar patrimônio, construir negóci... saiba mais