Inovação em meio ao caos da complexidade
O que o sistema vascular cerebral e as organizações têm em comum?
Diante dos desafios de um cenário repleto de incertezas e em constante aceleração, a resposta é: complexidade!
Muitas questões nos surpreendem diariamente e nos obrigam a rever conceitos e modos de estruturar operações para que seja possível acompanhar o ritmo do mercado.
Você já deve ter tentado implementar alguma nova ferramenta ou processo na empresa e falhado por falta de aderência do time. Talvez já tenha compartilhado uma ideia que parecia fazer muito sentido, mas que foi prontamente rejeitada sem a devida avaliação.
Essas situações são apenas uma pequena parte dos problemas que muitos líderes enfrentam diante da tentativa de implantação de uma nova cultura.
A rejeição em situações desafiadoras e que exigem esforço que foge ao habitual é uma tendência humana natural. Daniel Kahneman, no livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, fala sobre como nossos sistemas neurais funcionam. Ele deixa claro que mudanças em padrões de comportamento não acontecem de um dia para o outro.
E OS DEPARTAMENTOS JURÍDICOS?
Pode parecer estranho falar de inovação no jurídico e investir recursos para novas estratégias que são mais dinâmicas. Entretanto, grandes empresas como a IBM experimentaram o pensamento de design no processo organizacional e obtiveram resultados impressionantes.
A pesquisa Total Economic Impact (TEI), realizada pela Forrester Consulting, levantou dados após a adoção de algumas abordagens de inovação pela IBM para:
- Corrigir cultura inibidora e incentivar funcionários a pensar criativamente
- Projetar novos produtos para melhorar a experiência do cliente (customer experience)
- Simplificar processos onerosos
O que aconteceu depois?
- Redução de 75% no retrabalho e alinhamento dos projetos
- Otimização de 33% no desenvolvimento e testes
- Velocidade duas vezes superior para a colocação de projetos no mercado
Gerar valor por meio da inovação pressupõe um entendimento aprofundado sobre as pessoas com quem estamos interagindo. Sendo assim, partindo do jurídico, ao permitir que ideias e conexões aparentemente improváveis tenham espaço e a possibilidade de se desenvolverem, as chances de entregar soluções mais coerentes e que realmente se conectam com o público (interno ou externo) podem ser aumentadas.
O OLHAR PARA UM NOVO JURÍDICO
É sempre válido lembrar que a inovação deve ser um meio para atingir um objetivo claro e específico, jamais um fim em si mesma. A inovação precisa ter uma estrutura, processos definidos e acompanhamento para a mensuração dos resultados gerados.
Para otimizar o funcionamento do departamento jurídico, é essencial estabelecer um processo cocriativo que envolva múltiplos olhares e experiências. E que os envolvidos se sintam como engrenagens fundamentais de um todo maior.
Gerar valor por meio da inovação pressupõe um entendimento aprofundado sobre as pessoas com quem estamos interagindo.
O jurídico da Petrobrás implementou uma nova forma de comunicação por meio de estratégias utilizando a abordagem do Legal Design, conceito inovador que visa democratizar o Direito para torná-lo mais eficiente.
O departamento, que conta com mais de 500 advogados, além de outros colaboradores, aprimorou os fluxos e documentos utilizados internamente e com clientes diretos. Após alguns meses, houve redução significativa no tempo de negociação e no número de consultorias prestadas.
Para fomentar e disseminar a cultura de inovação dentro das organizações, é importante entender que tudo começa pelo exemplo, desde o mais alto grau hierárquico até colaboradores de todos os departamentos, estimulando a mentalidade de descoberta e experimentação.
Conceder autonomia para que as pessoas possam cometer erros e encarar o aprendizado como parte natural do processo possibilita novas descobertas e promove vantagem competitiva, com impacto que modifica cenários de todo o ecossistema.
Adotar práticas inovadoras exige mudanças estruturais, começando pela mentalidade de todos os envolvidos. Apesar de desafiador, os resultados serão visíveis e mensuráveis a médio e longo prazo. Por isso, manter o engajamento é o que dará impulso para que a construção de novos cenários ocorra progressivamente.
