Planeta Terra faz IPO. E está em busca de investidores

Campanha brasileira do Pacto Global da ONU transforma a Terra em TERR4

Crédito: B3/ Divulgação

Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

Campanha do Pacto Global da ONU transformou a Terra em TERR4, uma companhia global de oito bilhões de clientes e acionistas que, nos últimos anos, estão contribuindo para os resultados abaixo do esperado do ativo.

Por um dia, o globo virou uma empresa de capital aberto, com direito à cerimônia de "tocar o sino" para abrir as atividades do mercado financeiro na B3. E, como toda companhia que passa por um IPO, a TERR4 está em busca de investidores engajados.

A iniciativa do Pacto Global da ONU e da B3 tem como objetivo chamar o setor privado para fazer parte da transformação positiva do planeta.

“Precisamos investir na Terra e precisamos investir agora. É o investimento mais importante que temos a fazer, já que ela é a nossa maior empresa. O setor privado estar dentro dessa agenda é fundamental", afirma Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil.

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A abertura de capital e a busca por investimentos fazem parte de uma linguagem que os executivos entendem, já que está no dia a dia  de presidentes e diretores das empresas brasileiras.

"A campanha é um chamado para as companhias, porque o problema é de todos, indivíduos e empresas. Mas a solução também", diz Ana Buchaim, vice-presidente de pessoas, marketing, comunicação, sustentabilidade e investimento social privado da B3. 

A estratégia da campanha foi liderada pela AlmapBBDO, que ainda criou um site para que os acionistas da TERR4 acompanhem as cotações diárias. "Para fazer a sociedade melhor, as empresas precisam se engajar. Se a gente não investir na Terra, não precisa investir em mais nenhum outro lugar ou empresa", diz Filipe Bartholomeu, presidente e CEO da AlmapBBDO.

A comunicação foi toda pensada para captar o interesse do setor privado, mas conseguiu atingir outro nível, o da urgência das ações. O IPO da TERR4 ainda foi usado para ressaltar que 2030 está mais próximo, mas a "empresa" está longe de cumprir suas metas.

A data foi fixada pela ONU para os países apresentarem os resultados dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Se mais empresas não se comprometerem com o Pacto Global, tais objetivos não serão alcançados.

UM NEGÓCIO FRÁGIL E CHEIO DE OPORTUNIDADES

Como negócio, a TERR4 é única e não tem concorrentes, mas passa por terríveis instabilidades financeiras, ambientais e sociais. Em um mês, a rentabilidade deste ativo caiu 27,9%, impulsionada por crises múltiplas.

A campanha é um chamado para as companhias, porque o problema é de todos, indivíduos e empresas. Mas a solução também.

Falando em recursos, os oito bilhões de clientes-acionistas usam muito mais do que a empresa é capaz de produzir: só no último ano fiscal, o consumo da população exigiria a existência de recursos de 1,7 planeta.

De acordo com os critérios de ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), a TERR4 traz números pouco animadores, como 12 milhões de pessoas a mais em situação de extrema pobreza em comparação com 2021.

Dois bilhões de pessoas não têm água potável segura e 3,6 bilhões não têm acesso a saneamento gerenciado com segurança. As emissões de gases de efeito estufa estão em alta recorde.

Para Ana, os números são alarmantes, mas não devem acabar com a energia dos investidores. Ela vê tais indicadores como um compromisso para que mais empresas façam a sua parte e mudem o jogo, trazendo "desenvolvimento exponencial" para o negócio. 

Segundo Bartholomeu, mostrar a Terra desse jeito é uma forma de trazer conversas honestas e bem informadas para a mesa daqueles que tomam as decisões. "Se todos se juntarem, conseguiremos focar os esforços nos objetivos sustentáveis", acrescenta Pereira.

A TERR4 até pode ser uma empresa fictícia, mas traz um aviso que não dá para ignorar: todos são acionistas, querendo ou não.


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