Pousos mais suaves podem reduzir emissões do transporte aéreo

E você nem vai notar

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Adele Peters 2 minutos de leitura

Se você pegar um avião para Atlanta, Phoenix ou Seattle, provavelmente não notará nenhuma diferença na hora do pouso. Mas, nos últimos anos, a Agência Federal de Aviação dos EUA (FAA) tem trabalhado com aeroportos para implementar um novo procedimento que reduz a emissão de gases.

No passado, os pilotos realizavam uma manobra chamada “degrau” durante a aterrissagem, nivelando o avião em etapas enquanto mantinham contato com os controladores de tráfego para garantir que não se chocasse com outros aviões pousando em pistas próximas. Agora, eles podem aterrissar de forma suave e contínua, o que permite economizar combustível e reduzir as emissões em cada voo.

Este é um exemplo de uma mudança pequena e praticamente imperceptível, mas que pode ajudar a eliminar a enorme pegada de carbono da indústria da aviação antes que mudanças maiores – como combustíveis sustentáveis feitos de CO2 capturado ou novas tecnologias, como aviões movidos a hidrogênio, – possam ser feitas.

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A tecnologia GPS agora permite que os aviões sigam com precisão uma rota específica enquanto se preparam para o pouso, sem a necessidade de manter os motores ligados durante todo o processo. “Eles seguem uma série de pontos de referência, posições de navegação e também é possível otimizar a altura”, explica Paul Fontaine, chefe do programa NextGen da agência, que está modernizando aeroportos nos EUA.

JÁ É UM COMEÇO

Quando a altura é otimizada, os aviões podem aterrissar de forma mais suave até a pista. No passado, quando a aterrissagem era realizada em etapas, exigia-se muito dos motores em cada estágio, gastando assim mais combustível.

É um exemplo de uma mudança pequena, mas que pode ajudar a eliminar a enorme pegada de carbono da aviação

O procedimento também exigia mais dos controladores de tráfego aéreo e limitava a quantidade de aeronaves que os aeroportos podiam acomodar por vez. Agora, o processo é mais automatizado.

A FAA começou a trabalhar com alguns aeroportos para implementar um novo procedimento, chamado de “descida de perfil otimizado”, em 2014. Recentemente, anunciou que aeroportos de várias cidades norte-americanas passaram a utilizá-lo, incluindo Orlando, Reno e Kansas City. No total, mais de 60 aeroportos já implementaram o novo procedimento de aterrissagem.

Em cada caso, leva cerca de um ou dois anos para planejar as rotas dos aviões antes de adotar o procedimento. Em uma área metropolitana com vários aeroportos, pode ser necessário coordenar até 60 ou 70 rotas simultâneas diferentes. A agência afirma que trabalhará com mais aeroportos em breve, embora ainda não tenha um plano para implementá-lo em todo o país.

Os aeroportos onde o novo procedimento está em vigor podem reduzir suas emissões em 600 mil toneladas por ano. Ainda é uma pequena fração do impacto total do setor aéreo – globalmente, a aviação foi responsável por cerca de um bilhão de toneladas por ano antes da pandemia. Mas faz parte de um conjunto de pequenas mudanças que podem fazer a diferença.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais