Cannes Gaming Lions: O quão gamer será o festival esse ano?

As possibilidades criativas que os games trazem para a publicidade são um caminho sem volta

Crédito: Fast Company Brasil

Paulo Aguiar 3 minutos de leitura

Cannes Lions começa na próxima semana. O festival mundial da criatividade completa 70 anos e, assim como todo evento, corre para se reinventar e cumprir a difícil tarefa de acompanhar movimentos acelerados de cultura e inovação.

Esta será a sétima vez que estarei por lá. Tive o privilégio de participar pela primeira vez na icônica edição de 60 anos e de, ao longo destes 10 anos anos, acompanhar de perto a evolução do festival.

Entre as diversas pautas que o Cannes Lions tenta abraçar, games, obviamente, é uma delas. Quem acompanha a premiação pode observar cases publicitários aparecendo no festival na última década. Mas foi em 2019 que a pauta subiu de nível, quando a Wendy’s recebeu o Grand Prix em social com “Keep Fortnite Fresh”.

Ali o mundo começou a entender  que as possibilidades criativas que os games traziam para a publicidade eram um caminho sem volta – até escrevi um artigo sobre isso há quatro anos.

Keep Fortnite Fresh (Crédito: Epic Games/ VMLY&R)

Isso ficou ainda mais evidente quando, em 2021, tivemos dois Grand Prix para games: O icônico “Astronomical“, com Fornite e Travis Scott na categoria de Digital Craft, e “Stevenage Challenge“, do Burger King, que se tornou um dos cases mais bem sucedidos do festival, faturando 11 Leões (incluindo três Grand Prix e um Titanium).

Em 2022 não foi muito diferente, com destaque para Los Santos, case brasileiro que levou seis leões, entre eles, um de ouro na categoria “Entertainment for Sports” 🤔.

Essa sequência de grandes cases, somada ao ganho de tração na mídia de propaganda e marketing dos games, levou a um movimento óbvio para o festival: criar uma categoria de games. E assim nasce o “Entertainment for Gaming”, categoria estreante em 2023.

Acredito que a categoria será um sucesso do ponto de vista publicitário, pois tivemos grandes trabalhos no último ano que serão celebrados lá. A dúvida que fica é: veremos apenas cases de agências focados em publicidade/ marketing ou teremos a participação de jogos, publishers, organizações de eSports entre outros players endêmicos que de fato movem essa indústria bilionária? Ansioso para a resposta, mas pouco confiante de ver a presença endêmica que um festival dessa magnitude deveria buscar.

A programação já dá algumas pistas: entre as mais de 200 atrações do festival, apenas duas têm games como tema.

Estamos mal em quantidade, mas em termos de qualidade não há o que questionar: o festival traz Adam Sussman, CEO da Epic Games, junto com Julia Goldin, CMO da Lego, para um painel sobre a parceria deles com Fortnite e o futuro do metaverso.

Além dessa grande dupla, teremos ainda a Johanna Faris, general manager do CoD/Activision, falando sobre a trajetória do Call of Duty e como os marqueteiros podem se conectar genuinamente com a comunidade.

Certamente, os dois painéis serão destaque para o festival, mas ainda representam uma pequena fatia da expressividade do mercado.

Apesar do avanço, o Cannes Lions, em sua edição de 70 anos, ainda deixa de lado segmentos extremamente relevantes dentro do cenário, como eSports, torneios, criadores, online reality games (ORGs), jogos UGC (user generated content), entre outros.

Cedo demais para uma conclusão, eu sei. Continuo otimista e ansioso para ver de perto o impacto que uma categoria exclusiva de games pode trazer para a celebração publicitária, especialmente a possibilidade de encontrar com mais empresas e criativos da indústria dos games por lá. 

GLHF Cannes!

Confira cobertura Cannes Lions 2023!


SOBRE O AUTOR

Paulo Aguiar é sócio e COO da 3C.gg e colaborador da Fast Company Brasil. saiba mais