Os grandes ganhadores mostram a necessidade da construção de futuros reais
O Festival de Cannes deste ano demonstrou que discutir futuros reais se tornou o maior prêmio para a publicidade
O festival de Cannes é conhecido mundialmente como um dos mais prestigiados eventos da indústria publicitária. A cada ano, profissionais criativos se reúnem na França para celebrar e reconhecer as melhores campanhas e ideias inovadoras. No entanto, algo se destaca na edição de 2023: a crescente relevância das causas sociais e, especialmente, a discussão sobre mudanças climáticas.
Duas estrelas brilharam intensamente no festival deste ano: o “IPO da Terra”, campanha do Pacto Global da ONU no Brasil, desenvolvida em parceria com a agência AlmapBBDO, e “Los Santos Três Graus”, criada em conjunto pelo Greenpeace Brasil e a agência VMLY&R Brasil.
Essa ênfase em questões ambientais e sociais não é uma coincidência, mas um reflexo do papel cada vez mais importante que a publicidade desempenha na conscientização e na busca por soluções tangíveis. O “IPO da Terra”, que recebeu o prêmio máximo na categoria Creative B2B, é um exemplo concreto dessa mudança de perspectiva.
Desenvolvida pela AlmapBBDO em parceria com a B3, essa campanha tinha como objetivo reforçar a importância das empresas investirem no futuro do planeta. Ao realizar um “IPO simbólico” na Bolsa de Valores de São Paulo, a iniciativa buscava engajar mais empresas no Pacto Global da ONU, que já contava com 1,9 mil participantes no Brasil. Esse é um passo crucial na direção certa, mas é necessário ir além.
Além do “IPO da Terra”, o Brasil conquistou outros 24 troféus no terceiro dia do festival, incluindo o ouro em Entertainment for Gaming para o caso “Los Santos”, desenvolvido pela VMLY&R Brasil para o Greenpeace Brasil. Esse reconhecimento só reforça a importância de a publicidade abraçar causas relevantes e utilizar sua criatividade para promover mudanças reais.
Não podemos mais conceber a publicidade como meramente criadora de desejos de consumo. Ela também tem o poder de ser um veículo para trazer à tona a realidade sobre o consumo e suas consequências. Essa responsabilidade não deve recair apenas sobre o terceiro setor, mas também deve ser abraçada pelas grandes indústrias.
Um exemplo disso são os outros grandes ganhadores da noite, que abordaram temas como inclusão, diversidade e se conectam diretamente com as pessoas, abrindo espaço para que isso se torne algo que passe pelas responsabilidades das marcas.
A ênfase em questões ambientais e sociais é reflexo do papel cada vez mais importante que a publicidade desempenha na conscientização e na busca por soluções tangíveis.
No entanto, essa mudança não acontece sozinha. É necessário construir uma agenda de ESG no mercado que passe pelo aspecto social, ambiental e de governança. Para isso, as organizações precisam desenvolver campanhas que não apenas coloquem rostos na publicidade, mas que sejam construídas em conjunto com as pessoas.
Um exemplo disso é a nova composição dos conselhos do Pacto Global da ONU no Brasil, onde Rachel Maia assumiu a presidência do conselho administrativo. Essa diversidade faz toda a diferença na forma como as narrativas são transmitidas e em como democratizar as discussões sobre o nosso futuro e o futuro do planeta
Em suma, o Festival de Cannes deste ano demonstrou que discutir futuros reais se tornou “o maior prêmio” para a publicidade.
Por meio de campanhas que abordam questões urgentes como mudanças climáticas, inclusão e diversidade, a indústria publicitária está mostrando que pode ser uma aliada na construção de um mundo mais sustentável e consciente.
O desafio agora é continuar avançando nesse caminho, promovendo mudanças reais na sociedade por meio de uma publicidade responsável, engajada e humanizada. O futuro depende disso, e Cannes mostrou que estamos no caminho certo.
