Spike Lee fala da arte da criatividade para dar vida a boas histórias – e ideias

Destaque no Cannes Lions 2023, cineasta inaugura prêmio de Creative Maker of the Year

Crédito: Fast Company Brasil

Mariana Castro 2 minutos de leitura

Em sua estreia no Cannes Lion, Spike Lee falou sobre trabalho como legado, sobre o Brasil, Michael Jackson e sobre usar a criatividade para contar boas histórias.

Acostumado ao tapete vermelho de festivais de cinema, ele foi homenageado pela primeira vez no festival de criatividade na categoria inaugural Creative Maker of the Year, como parte das comemorações de 70 anos do Cannes Lions.

Em um papo intimista com poucos jornalistas um dia antes de sua palestra na programação oficial do evento, o documentarista, professor, escritor e ativista esteve ao lado de Osas Ukhurebor, presidente do Black at Cannes – plataforma que reúne uma comunidade criativa global, que tem como objetivo trazer diversidade e inclusão para pessoas pretas no mercado publicitário.

Spike Lee e Osas Ukhurebor

“A publicidade pode transformar o mundo? Difícil. A publicidade precisa fazer dinheiro vendendo coisas”, disse. Ainda assim, o cineasta afirma que é possível usar a criatividade para contar boas histórias, mesmo em comerciais.

Ele tem propriedade no assunto. Ao longo de sua carreira, Lee soube com maestria circular entre os dois universos. De acordo com ele, para que um trabalho com marcas seja bem sucedido “é preciso que todos estejam na mesma página”. 

Ele citou sua parceria com a Nike, que resultou em propagandas icônicas como a do Nike Air com Michael Jordan.

Como cineasta, ganhou o Oscar com “Infiltrados na Klan” e tem em sua trajetória filmes como “Malcom X” e “Faça a Coisa Certa”.

Para ele, “legado é o trabalho”. “Quanto faço filmes, estou pronto para me divertir. Faço o que gosto, e isso é uma bênção.” Considerado um dos criadores mais inventivos da atualidade, Lee tem uma produtora de filmes e uma agência de publicidade. 

BOM-HUMOR, BRASIL E NOVO DOCUMENTÁRIO

Com seus óculos de armação grossa e muito bom humor, ao responder a pergunta de um brasileiro, Lee contou de quando chamou Michael Jackson para uma viagem ao país. “E Michael

Quanto faço filmes, estou pronto para me divertir. Faço o que gosto, e isso é uma bênção.

disse ‘vamos’. Eu o levei à Bahia, ao Rio. Nos divertimos muito. Recebemos muito amor no Brasil”. Ele perguntou ainda sobre como andam as coisas com a mudança de governo e se Jair Bolsonaro ainda estava fora do país.

O cineasta falou ainda sobre o projeto no qual está envolvido: um documentário sobre o jogador de futebol americano Colin Kaepernick, ativista de direitos civis, questões raciais e violência policial. O filme é uma produção da ESPN que deve estrear ainda este ano.

HOMENAGEM
Já no último dia do festival, Lee subiu ao palco ao lado do cineasta e montador Barry Alexander Brown. Os dois trabalharam juntos em “Infiltrados na Klan” e “Faça a Coisa Certa”.

Durante a conversa, alguns dos filmes marcantes da carreira de Lee foram exibidos na tela. “Nenhum de nós poderia imaginar o impacto que esses comerciais teriam. Olhando para trás, foi uma bênção.”


SOBRE A AUTORA

Mariana Castro é editora executiva da Fast Company Brasil. saiba mais