10 anos depois, ainda tenho muito o que aprender

Estar em Cannes não é apenas sobre ganhar prêmios ou reconhecimento, é sobre a paixão que nos impulsiona a continuar, a criar, a desafiar limites

Crédito: Mikkel William/ iStock

Sérgio Valente 2 minutos de leitura

Lembro da primeira vez que vim ao Festival de Cannes. Sem dinheiro, sem hotel decente, pegando caronas, me sentindo um intruso nesse mundo de criatividade premiada. Eu, que estava começando a construir uma história na propaganda, olhava tudo aquilo e pensava: não sei fazer isso, mas um dia ainda vou chegar nesse palco.

Hoje, tantos anos depois, quase 10 anos sem vir por aqui, curiosamente me sinto da mesma forma, enfrentando os mesmos desafios, me sentindo um intruso nesse universo de criatividade extraordinária.

Tantas criações diferentes, em tantos mundos diferentes, feitas por tantos talentos únicos. Olha, vou te dizer, o sentimento de ser intruso de ontem é o mesmo sentimento de ser intruso de hoje.

No fundo, não me sinto excluído (como nunca me senti); me sinto desafiado. Desafiado a aprender, a conversar, a escutar, a silenciar, a observar os exemplos que impressionam o mundo da criatividade e encontrar neles a inspiração para fazer o mesmo.

Acho que esse olhar adolescente é algo que ninguém deveria perder – o olhar de fome, de não saber, de tentar algo novo. Acho que Cannes é sobre isso, sobre desafio.

Não tenho medo do futuro, só tenho medo de não fazer parte dele.

Já vim a Cannes pela competição, já vim pelo networking. Hoje, venho apenas pelo aprendizado, pela possibilidade de fazer tudo novo de novo, de um outro jeito, em outras circunstâncias, com novos projetos e, principalmente, pela possibilidade de evangelizar meus companheiros CMOs da ((JBS)) pelo mundo inteiro. Mas posso garantir: a minha fome e sede de novidade são as mesmas. E é essa fome que me alimenta.

Enquanto escrevo este texto, olhando para o palco onde um dia sonhei estar (e estive tantas vezes recebendo prêmios), percebo que estar em Cannes não é apenas sobre ganhar prêmios ou reconhecimento. É sobre a jornada, sobre cada passo que damos em direção ao desconhecido, sobre a paixão que nos impulsiona a continuar, a criar, a desafiar limites.

É sobre o intruso que nunca deixou de sonhar, que nunca deixou de tentar. Nem deixará. Pois, acima de tudo, eu estar aqui em Cannes diz muito sobre a coragem de acreditar que, não importa quantos anos passem, ainda há muito a conquistar.

Pausa...

Crédito: Cannes Lions/ Divulgação

Muito se falou aqui de inteligência artificial e de como ela estará inserida no dia a dia de quem trabalha com criatividade. Então, eu botei meu texto no ChatGPT e pedi para ele fazer um final emocionante, mantendo o estilo. Até que ficou legal, me emocionou, pois tem a minha verdade e minha forma de pensar.

Acho que IA é sobre isso, sobre ser uma ferramenta que facilita a sua vida. Não tenho medo do futuro, só tenho medo de não fazer parte dele. E é esse medo que me empurra para frente. (Esse final é meu mesmo, foi o ChatGPT não)


SOBRE O(A) AUTOR(A)

Sérgio Valente é CMO global da JBS. saiba mais